Guerra política de 2018 chega a 2020 mais violenta

 

 

Em 2018, a “guerra política” provocada pela extrema polarização entre bolsonaristas e petistas no país, se concentrou nos grupos de whatsapp mas não deixou de provocar baixas: muitas famílias se desuniram ao ponto de pais e filhos cortarem relações, após discussões acaloradas.Agora em 2022, quando novamente os dois grupos se preparam para medir forças nas eleições de outubro, as armas não são mais as palavras ditas ou escritas via internet. A violência começou com o uso de excrementos, veneno e, por fim, dos tiros que este final de semana, no Paraná, provocaram a morte do guarda municipal Marcelo Arruda e deixou seu agressor gravemente ferido.

Normalmente cordato e sensato, o ex-senador Cristovam Buarque chegou ontem a prever que o ato em Foz do Iguaçu, que vitimou um petista atingido pelo policial penal bolsonarista José Guaranho, que chegou a ser dado como morto mas sobreviveu, “pode ter sido o primeiro tiro da guerra civil que pode caracterizar as eleições deste ano”. A quem culpar pelo que está acontecendo? É difícil, embora as grandes lideranças dos dois lados devessem vir a público, pelo bem do país e da democracia, pregar a tolerância e a paz entre seus torcedores, como fez ontem o ex-presidente. Por enquanto, as vítimas têm sido, quase todas, do lado do PT. Isso não se pode negar.

Reações violentas tiveram início há duas semanas atrás quando um drone sobrevoou um evento do ex-presidente Lula, em Minas, e despejou veneno sobre os manifestantes;em seguida, uma bomba de excrementos explodiu ao lado do palanque onde o ex-presidente falaria, no Rio de Janeiro. Concomitantemente, o juiz Renato Borelli, de Brasília, que autorizou a prisão do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro, teve seu veículo atingido por fezes e uma janela da redação do jornal Folha de São Paulo foi estilhaçada por um tiro. Se a morte do final de semana do guarda civil Marcelo Arruda e os ferimentos no policial penal José Guaranhopossam ser atribuídos ao clima carregado entre os dois, os demais casos dão indícios de que foram planejados, devendo ser responsabilizados não só os seus autores mas, se houverem, também os mandantes.

Como foi o caso

A morte do guarda municipal Marcelo Arruda ocorreu durante sua festa de aniversário que tinha como mote o ex-presidente Lula, presente através de fotos em banners e no bolo de parabéns. José Guaranho, irritado com a homenagem a Lula, discutiu com o aniversariante com arma em punho. Saiu do local mas já voltou atirando. Mesmo atingido, o guarda se defendeu desfechando tiros no agressor que também foi chutado por pessoas presentes. A polícia do Paraná informou que os dois teriam morrido no local mas, no final da tarde, a delegada responsável informou que Guaranhotinha sobrevivido e estava em hospital sob escolta da Polícia.

Bolsonaro se pronuncia

O presidente Jair Bolsonaro só se pronunciou sobre o caso na Paraná pelo twitter na noite deste domingo. Escreveu: “independente das apurações publico essa mensagem de 2018 : Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço, por coerência que mude de lado e apoie a esquerda, que acumula histórico inegável de episódios violentos”. Termina o texto dizendo “que as autoridades apurem seriamente o ocorrido e tomem as providências”.

Reações nas redes sociais e o caso japonês

Durante todo o dia de ontem todos os presidenciáveis e muitos políticos e pessoas comuns se manifestaram nas redes sociais clamando pela paz na campanha eleitoral. De seu turno, tanto o ex-presidente Lula quanto o presidente Bolsonaro, têm comparecido a alguns lugares abertos usando colete a prova de balas. Nas redes muitos lembraram do incentivo que tem sido dado ao porte e a compra de armas no Brasil e fizeram um comparativo com o Japão onde o ex- primeiro ministro Shinzo Abe foi assassinado por uma arma feita em casa pois é dificílimo adquirir arma de fogo naquele país. Em 2021, por exemplo, aconteceram 10 incidentes com arma de fogo no Japão com apenas uma morte. Em 2020, 318 pessoas foram assassinadas no Japão, pouquíssimas por armas de fogo, já no Brasil onumero foi de 50 mil.

Bolsonaro começa a crescer no Nordeste

Como previu este blog na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro começou a crescer no Nordeste. Pesquisa em Pernambuco realizada pelo instituto Paraná Pesquisas e publicada no Blog de Jamildo mostra que Lula tem hoje 53,5% das intenções de voto no estado e Bolsonaro 27,5%. A diferença já foi muito maior passando dos 30 pontos. Agora está em 26 pontos. Outros estados nordestinos também estariam mostrando a mesma tendência após o noticiário sobre o auxílio Brasil de R$ 600,00 mensais.

Mano Medeiros pede redução da burocracia para desabrigados

O prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros, solicitou ontem ao governador Paulo Câmara uma mudança na lei estadual que criou o auxílio especial para os atingidos pelas enxurradas no mês de junho. Segundo ele, está difícil conseguir vencer a burocracia para regularizar as famílias atingidas no CadÚnico. Ele explica que o Ministério da Cidadania suspendeu desde maio de 2020 as atualizações do CadÚnico para evitar aglomerações e as exigências feitas agora pelo estado, em situação também emergencial, podem vir a impedir que muitas famílias atingidas sejam beneficiadas.

Política na Fenearte

Vários pré-candidatos estiveram este domingo na Fenearte. Danilo festejou a volta do evento após a pausa durante a pandemia e houve repercussão nas redes sociais de um coro puxado pela vereadora do Recife Dani Portela na hora em que Anderson Ferreira e Gilson Machado chegaram ao local. Gritando o nome de Lula ela foi acompanhada por um grupo que a acompanhava. Não houve tumulto.

 

Fotos: reprodução redes sociais

E-mail:terezinhanunescosta@gmail.com

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