Governo Raquel transforma em derrota o maior aumento já dado aos professores

Por Terezinha Nunes
Se tivesse aconselhado sua bancada a ir a plenário e dar logo o quórum necessário para aprovação da matéria, governo teria roubado a cena.
Depois de muita negociação em mesa permanente que funcionou na Secretaria de Administração reunindo, de um lado, o Palácio e, do outro, o atuante Sindicato dos Trabalhadores na Educação de Pernambuco (Sintepe), a governadora Raquel Lyra conseguiu que, sem nenhuma discussão, nem ameaça de paralisação, como ocorreu com todos os seus antecessores no cargo, fosse fechado um reajuste salarial para os professores que ultrapassou todas as expectativas, inclusive do Sindicato. Ficou assegurado um reajuste de 6,27% no piso salarial para 2025 e a extensão dos aumentos salariais ao Plano de Cargos e Carreira o que eleva para até 8,35% o reajuste anual e a garantia do ciclo avaliativo de desempenho- o primeiro ocorrerá em 2026 – uma reivindicação da categoria há 27 anos, que nenhum governador quis atender.
Quando o acordo foi celebrado a presidente do Sintepe, Ivete Caetano, agradeceu muito a Raquel e repetiu os mesmos elogios na sexta-feira passada quando por ela foi recebida no Palácio das Princesas. Na ocasião, Ivete buscava entender porque a Assembléia Legislativa não havia aprovado o aumento acertado e que entra em vigor agora em junho. A verdade é que os professores foram surpreendidos em meio à crise estabelecida entre o Executivo e Legislativo que levou a Alepe a um recesso forçado de 81 dias só interrompido esta segunda-feira exatamente para atender aos professores.
Na ocasião, Raquel explicou ao Sindicato que a bancada do Governo não estava indo votar e, portanto, não dava quórum ( número suficiente de deputados em plenário para assegurar a votação) porque era ilegal apreciar qualquer matéria antes que a Alepe votasse dois projetos de urgência enviados pelo Governo, o que os deputados da oposição se recusavam a fazer. Tão logo saiu do Palácio Ivete foi convidada pelo presidente da Alepe, Álvaro Porto, para uma reunião na Assembléia esta segunda-feira pela manhã.
Na reunião, Álvaro afirmou que caberia a ele colocar os projetos em pauta e o faria na própria segunda-feira à tarde. O que fez o Palácio? Como já vinha fazendo desde que a pauta foi trancada, não mobilizou os governistas e o resultado não poderia ser outro. Alguns poucos deputados da base que sempre foram fiéis aos professores, como a bancada do PT, foram para o plenário e o quórum acabou sendo alçado para comemoração da oposição e do Sintepe que, àquela altura, através de mesma Ivete, já comandava palavras de ordem nas galerias contrárias ao Governo e vaiou os deputados governistas que estavam os gabinetes e, vendo que havia quórum, desceram para votar.
– “Quem não tem articulação política não entra em queda de braço com qualquer poder mas, sobretudo, com o legislativo”, comentou com o blogdellas um parlamentar da oposição, festejando a vitória que não era esperada mas que acabou rendendo minutos preciosos nas redes sociais para os maiores desafetos do Governo hoje no legislativo: os deputados Álvaro Porto (presidente da Casa) e o coronel Alberto Feitosa que preside a Comissão de Justiça para a qual foi eleito, apesar de bolsonarista, com o apoio do PSB.
E o Governo como ficou nisso tudo? Se tivesse, logo pela manhã, aconselhado sua bancada a ir a plenário e dar logo o quórum necessário para aprovação da matéria, teria roubado a cena dos oposicionistas e saído consagrado pelo aumento dado aos professores e pela altivez da decisão em meio a um grande conflito. Mas não pode nem mesmo fazer o discurso que lhe cabia, mostrando que ninguém antes da governadora chegara a tanto em uma negociação com a categoria. Aliás, mesmo que desejasse, não havia plateia para escutar. Terminada a votação, os professores foram embora felizes da vida comemorar a conquista que a Alepe tornou real votando a favor.
Redação com texto de Terezinha Nunes publicado no Jornal do Commercio em 11/06/2025 Foto: Pericles Chagas/Sintepe
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