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Governo Lula terá Mercadante no BNDES. O que inquieta o mercado?

O ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) foi anunciado no dia de ontem (13) pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva como o futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no novo governo.

“Vai acabar as privatizações nesse país. Já privatizaram quase tudo, mas vai acabar e vamos provar que algumas empresas públicas vão poder mostrar a sua rentabilidade. Eu, Aolizio Mercadante, ouvi críticas sobre boatos de que você vai ser presidente do BNDES. Eu quero dizer para vocês que não é boato. O Aloizio Mercadante será presidente do BNDES”, disse Lula a uma plateia formada por jornalistas e centenas de integrantes dos grupos de trabalhos. Em seguida, o presidente eleito reforçou a visão que pretende implementar no banco público. “Estamos precisando de alguém que pense em desenvolvimento, de alguém que pense em reindustrializar esse país, em inovação tecnológica, em financiamento ao pequeno, médio e grande empresário”, disse.

O que inquieta o mercado quanto ao Mercadante? Os articulistas Míriam Leitão e Alvaro Gribel analisam a questão e afirmam , entre outras, em texto para o Jornal o Globo que o “temor é que o governo reedite a política de campeões nacionais, com crédito barato e direcionado a grandes empresas, como no governo Dilma. Vejamos o texto sobre essa questão abaixo. Na íntegra.

Qual o problema que o mercado vê em Mercadante?

Por Míriam Leitão e Alvaro Gribel

A antecipação da nomeação de Aloizio Mercadante para o BNDES tem um motivo. O presidente Lula se irritou com as críticas feitas a ele no mercado financeiro. Mais do que críticas, o nome foi mal recebido. Qual é o problema com Mercadante? O temor é de que o governo Lula refaça uma política como a do PSI, Política de Sustentação do Investimento, que ficou conhecida como a política dos campeões nacionais. É uma política industrial, setorial, que foi sempre defendida por economistas da Unicamp. Isso deu errado no passado. Se for reeditada, vai dar errado de novo.

Isso é o que os economistas chamam de orçamento “parafiscal”, ou seja, crédito subsidiado, que tem um custo indireto para o Tesouro. Quanto maior for essa política, maior é o risco de o Banco Central ter que manter a taxa Selic em nível elevado. Esse crédito direcionado a grandes empresas, com juros mais baixos, diminui o efeito da política monetária no combate à inflação. E também tem pouca eficácia econômica, porque cria um ambiente de competição desigual entre as empresas.

Lula já mostrou algumas vezes que quando fala do “mercado” ele se irrita e acaba provocando quedas na bolsa e alta no dólar. Como quando disse no Egito “a tal da responsabilidade fiscal”.

Tem um outro problema essa antecipação. Hoje cedo ouvi na equipe de transição da economia que ele ficaria para depois porque ainda não foi escolhido nem o seu chefe, o ministro da Indústria e do Comércio.

A reação na bolsa foi imediata, embora o movimento não tenha sido tão brusco: o índice Ibovespa, que estava em ligeira alta, aos 105.300, agora opera em baixa de 1,28%, na casa dos 103 mil pontos. Já o dólar saltou de R$ 5,28 para R$ 5,31. Além disso, as negociações de títulos do Tesouro Direto foram suspensas, pela forte volatilidade na negociação dos papéis.

Por Míriam Leitão e Alvaro Gribel. Jornal o Globo. Fotos- Divulgação-O Globo.

E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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