Victor Marques e o protagonismo dos vices em ano de candidatos à reeleição

 

O evento montado pelo PSB para anunciar o vice do prefeito João Campos, trazendo, como testemunhas, dois presidentes nacionais de partidos – Gleisi Hoffmann, do PT e Carlos Siqueira, do PSB – foi algo nunca visto em Pernambuco. Mas tem uma razão de ser. Escancarou-se antes do tempo – e isso não é mais negado por ninguém – que Victor Marques, chefe de gabinete do prefeito, vai, se a eleição for ganha pelo PSB, assumir o mandato de prefeito da capital no primeiro semestre de 2026. Ou seja, quem votar em João este ano estará também votando em Victor não para vice mas para prefeito mesmo. É só seu tempo chegar.

Toda essa estratégia, regiamente montada, fez com que não só no Recife mas em todos os municípios onde prefeitos disputam a reeleição, o vice ganhasse um protagonismo descomunal, de tal forma que, de repente, já se sabendo quem é o candidato a prefeito, o mais importante é descobrir o nome do vice. Mas porque isso não aconteceu há quatro anos quando a governadora Raquel Lyra, Miguel Coelho e Anderson Ferreira disputaram a reeleição e acabaram se desincompatibilizando para disputar o Governo, entregando as Prefeituras de Caruaru, Petrolina e Jaboatão, a seus vices e agora candidatos à reeleição Rodrigo Pinheiro, Simão Durando e Mano Medeiros?

Na verdade, em 2020, Raquel, Miguel e Anderson poderiam até ter em mente a possibilidade de renunciarem aos seus mandatos para disputar o Governo em 2022 mas não tornaram isso público. Hoje os eleitores do Recife já foram informados que o prefeito João Campos vai deixar o Palácio Capibaribe no primeiro semestre de 2026 para tentar alcançar o Palácio do Campos das Princesas, como governador, em 2027. O prefeito João Campos não só age como se as urnas já tivessem sido apurados como demonstra ter certeza de que ganha a eleição de outubro. De tal forma isso está disseminado que ontem ao chegar ao hotel da zona sul onde foi realizada a reunião da Frente Popular e, em seguida, o evento de lançamento da candidatura e Victor, uma senhora que estava do lado de fora abraçou João e o saudou não como prefeito mas como “meu governador”.

Às claras

Os prefeitos candidatos a reeleição copiaram a estratégia de João Campos na escolha do vice: desincompatibilizaram secretários e outros auxiliares em abril, deixando-os em stand-by como prováveis companheiros de chapa. Mas não fizeram propaganda disso. Já o prefeito do Recife, que usou desse expediente para demonstrar que não daria a vice ao PT, fez anúncio dos nomes preferidos por ele no último dia de filiação aos partidos, escolhidos a dedo. Não tivesse falado, quase ninguém ficaria sabendo pois as filiações são feitas pela Internet. Bastava manter calados os filiados e ninguém mais tomaria conhecimento do assunto.

Federação corre risco

Criada para dar abrigo ao PCdoB que, sem isso, não conseguiria eleger um só deputado depois que as coligações proporcionais foram extintas, a Federação Brasil da Esperança, que é formada pelo PT/PV/PCdoB pode estar com os dias contados. Assim como aconteceu no Recife quando o PCdoB aceitou filiar Victor Marques sabendo que o PT teria nome a indicar para a vice de João Campos, houve problemas em outros estados tanto é que ,comenta-se nos bastidores do Congresso, que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, teve uma discussão com a ministra Luciana Santos, na semana passada, sobre o assunto.

Luciana fora

O PT trabalhou para que Luciana ficasse fora do almoço do presidente Lula que reuniu Gleisi, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o prefeito João Campos e o ministro Alexandre Padilha, no qual Victor Marques foi consagrado vice. A ministra ou alguém a ela ligado vazou para a imprensa que a mesma, como presidente nacional do PCdoB, estaria no encontro mas ela não constou da lista de convidados. Ontem, na mesa da reunião da Frente Popular no Hotel Luzeiro estavam na mesma apenas Gleisi, Carlos Siqueira, João Campos e Victor Marques.

Até quando PT e PCdoB vão continuar sob o mesmo abrigo de uma Federação?

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