Vice de João Campos pode virar motivo de cobranças na campanha eleitoral
Um candidato a vice-prefeito é muito pouco lembrado em campanhas eleitorais. Mesmo no Recife, que tem propaganda gratuita na TV, o vice passa despercebido. Nas propagandas impressas, cada vez mais em desuso, o nome do vice-prefeito em geral aparece em um cantinho, letras minúsculas. Dependendo da peça de propaganda utilizada só usando uma lupa é possível descobrir o companheiro do candidato a prefeito. Um erro, pois ele é o legítimo substituto caso o titular, por algum motivo, se afaste do cargo. “Ninguém vota em vice, vota no prefeito”, costumam dizer, em off, para não criarem problemas para seus clientes, os marketeiros de campanhas eleitorais, quando inquiridos a respeito do assunto.
No Recife, porém, as coisas podem ser diferentes este ano em que nove entre dez formadores de opinião sabem que, se eleito, o prefeito pretende se candidatar a governador em 2026, entregando a cidade a seu vice. O assunto ficou mais claro na semana passada quando, ao ser entrevistado em sabatina do Uol/Folha de São Paulo, o pré-candidato do PSD, a prefeito da capital, Daniel Coelho, disse, referindo-se ao assunto, que os entrevistadores deveriam ter incluído nas entrevistas o candidato a vice de João: “afinal se o prefeito ganhar é o vice que vai administrar o Recife nos dois últimos anos de mandato e é preciso saber o que ele pensa sobre a cidade”.
A ironia de um dos nomes da oposição na eleição deste ano é um sintoma de que na propaganda eleitoral ou em entrevistas o vice de João Campos pode ser instigado a se posicionar durante a campanha. Ou ter sua experiência lembrada aos eleitores. Talvez por isso o prefeito venha demorando tanto a escolher seu companheiro de chapa que, segundo ele, só vai ser revelado na Convenção dos partidos de sua coligação no dia 5 de agosto. Por enquanto, estão na disputa o ex-chefe de gabinete da PCR, Vistor Marques, a ex-secretária de infraestrutura Marília Dantas e o médico, ex-vereador e assessor do ministro Alexandre Padilha, Mozart Sales, indicado pelo PT. Seja quem for, o preferido vai virar motivo de citações ou até cobranças durante a campanha. A evidência do vice será maior na medida em que se confirmem, durante a campanha, os altos índices de intenções de voto do prefeito que terminou a semana comemorando os 75% de preferência, relevados pelo DataFolha.
Quem são os pretendentes?
Victor Marques é pouco conhecido pelo mundo político estadual, embora tenha bom trânsito entre os vereadores do Recife. É, porém, o mais próximo dos auxiliares do prefeito João Campos. Ao receber na ONU um prêmio sobre o Compaz, João aparece nas fotos ao lado dele exibindo o prêmio e não do titular da secretaria de segurança cidadã na época, e coordenador da rede Compaz, Murilo Cavalcanti, que viajou com a comitiva oficial mas não teve destaque na solenidade. Marilia Dantas, a ex-secretária de infraestrutura, é tida entre os funcionários da Prefeitura como um verdadeiro trator para trabalhar. Os vereadores a elogiam muito assim como as comunidades beneficiadas com obras e ações do município. Mozart Sales é muito respeitado na classe médica, conseguiu um consenso do PT em torno do seu nome e foi um dos formuladores do “Mais Médicos”.
Lula e Raquel no Recife
A pesquisa DataFolha que mediu a preferência dos eleitores do Recife também mediu a popularidade do presidente Lula e
da governadora Raquel Lyra na capital. Enquanto Lula tem seu Governo classificado como bom e ótimo por 45% recifenses só 16% avaliam o Governo Raquel como bom e ótimo. No quesito ruim e péssimo Lula tem 28% e Raquel 46%. A governadora é definida como regular por 36% e Lula por 27%.
Marília reúne 500 candidatos
A ex-deputada federal Marília Arraes, atual vice-presidente nacional do Solidariedade, reuniu este final de semana no Recife cerca de 500 candidatos a prefeito e vereador de todas as regiões do estado. O objetivo foi uma capacitação técnica de todos sobre legislação eleitoral, planejamento, organização e estratégias de campanha, além de comunicação digital. Compareceram ao encontro, o prefeito João Campos, o ministro Sílvio Costa Filho, a deputada federal Maria Arraes e os candidatos a prefeito Elias Gomes, de Jaboatão; Lula Cabral, do Cabo; João Fernando Coutinho, de Água Preta, e José Augusto Maia, de Santa Cruz do Capibaribe.
Milei, a estrela?
Correndo pelo palco com um livro na mão e incentivando a plateia a aplaudí-lo, como fez recentemente na argentina no lançamento de um dos seus livros, o presidente da Argentina Javier Milei, foi saudado aos gritos de “Milei,Milei”, na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora) em Balneário Camboriú, Santa Catarina, este domingo. Embora tenha se referido negativamente a Cuba, Nicarágua e Venezuela, país que, segundo ele, vive uma ditadura sanguinária e evitou falar do presidente Lula. A maior parte do tempo citou o que chamou de “fracasso do socialismo na América e Latina” e disse que Jair Bolsonaro é perseguido judicialmente.
Dos três candidatos a vice do prefeito João Campos qual se sairia melhor em uma entrevista?
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