União Brasil fica sem comando no Recife e pode embaralhar o jogo na capital

 

Uma disputa ferrenha entre os grupos do deputado federal Mendonça Filho e do também deputado federal Luciano Bivar teve novo round na justiça estadual no final do ano. Em decisão monocrática do desembargador Cândido Saraiva, que confirmou posicionamento do juiz substituto da 18.a Vara Cível, Arnaldo Spera Junior, Mendonça Filho perdeu a condição de presidente do partido na capital. Saraiva que, em decisão anterior, havia reconhecido como legítima a eleição de Mendonça, mudou de entendimento e anulou a convenção que o elegeu, o que favorece, pelo menos temporariamente, o grupo de Bivar. Embora a questão esteja sub judice pois vai ser interposto recurso e ainda pode ser resolvida pela direção nacional do partido, comandado pelo próprio Bivar, o certo é que hoje o União Brasil está acéfalo (sem direção) no Recife.

O que isso tem a ver com a eleição de 2024?. É simples. Com a decisão judicial em curso, fica suspenso o desejo de Mendonça, como pretendia, de levar a legenda para o palanque da governadora Raquel Lyra. Já se Bivar ganhar a guerra, ele terá ingerência também no Recife, podendo decidir entre a governadora e o prefeito João Campos. Hoje Bivar tem espaço tanto na Prefeitura, através da secretaria de desenvolvimento econômico cuja titular ele indicou, como no Governo do Estado onde colocou um aliado, o advogado Delmiro Gouveia, na presidência do Porto do Recife. O União Brasil é um dos partidos mais disputados pelos candidatos a prefeito nos grandes centros pois tem o terceiro maior tempo de TV. Só perde para o PL e o PT.

Criado através da fusão do antigo PSL com o DEM, o União Brasil está tão dividido nacionalmente por falta de entendimento entre seus líderes, que é conhecido como “Desunião Brasil”. Bivar mantêm-se presidente nacional mas há um movimento para afastá-lo na convenção de fevereiro, quando o atual vice Antonio Rueda deve ser eleito comprometido em estabelecer a paz dentro da sigla. Em Pernambuco, no entanto, é muito difícil Bivar deixar de controlar a legenda pois aqui é o seu estado. Já no Recife havia um compromisso nacional de entregar o comando ao deputado federal Mendonça Filho que teve expressiva votação na cidade em 2020 quando disputou o senado, só perdendo para o também candidato a senador na época, Jarbas Vasconcelos. Bivar deu as costas para o compromisso e não aceitou o resultado da convenção na qual Mendonça se elegeu. Pelo visto, a confusão vai continuar.

Raquel quer filiar dezenas de prefeitos

O PSDB está preparando um ato político, a ser realizado em fevereiro, para filiar cerca de 40 prefeitos e, consequentemente, dos seus candidatos majoritários, no caso daqueles que, por já terem sido reeleitos, não tem direito a disputar este ano. Segundo uma fonte tucana, todo o mês de janeiro está sendo dedicado às articulações políticas. “Muita gente está nos procurando para entrar no partido mas não trabalhamos tendo em vista apenas o PSDB mas todas os legendas aliadas à governadora. Em todos os casos buscamos o conjunto da base governista como deseja Raquel” – afirmou, pedindo anonimato.

PT monta o cerco em Jaboatão

Disposto a conquistar Jaboatão, o PT não está medindo esforços. Uma prova disso foi o apoio, tornado público ontem, do ex-secretário de Articulação Política do município, Robson Leite, que atuou nas gestões de Anderson Ferreira e Mano Medeiros, ao candidato do partido, o ex-prefeito Elias Gomes. Robson sempre foi ligado ao PT mas acabou sendo atraído por Anderson. Agora que os petistas têm candidato ele foi convencido a deixar a Prefeitura e ficar com Elias. O que fez sem dificuldades, embora tenha sido um atuante oposicionista quando Elias teve seu primeiro mandato de prefeito e ele era vereador.

Raquel no PDT?

Embora tenha dito que fica no PSDB – não adiantou até quando – a governadora Raquel Lyra pode se filiar ao PDT, caso o partido passe a integrar a sua base. Uma fonte deste blog que conhece bem a história da família Lyra diz que a governadora tem uma grande simpatia pelo trabalhismo, citando que seu pai João Lyra Filho foi filiado ao PDT e seu tio, Fernando Lyra, era um dos expoentes do brizolismo, tendo sido candidato a vice-presidente na chapa de Brizola em 1989. Pelo visto, a simpatia é grande mas também são cogitados para receber a filiação de Raquel, caso ela saia do PSDB, o PSD e o MDB.

Raquel pensa mesmo em sair do PSDB ou mantém suspense sobre isso na tentativa de atrair novas legendas para sua base?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br/ terezinhanunescosta@gmail.com

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