“Um partido para chamar de seu”, pensam os Coelhos sobre o União Brasil. Mendonça reage

 

Quem pensar que  a dissidência do deputado federal Mendonça Filho à respeito do caminho tomado pelo União Brasil no Recife, encerrará o imbróglio político no partido, está enganado. Ontem mesmo, quando as feridas ainda não tinham sarado entre os dois grupos, após mais de dois meses de disputa nos bastidores pelo controle da legenda na capital, os discursos mostravam que a beligerância continua. O ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, disse no encontro entre as direções nacionais do PSB e UB, que “o novo alinhamento das duas legendas é fruto de um processo que aponta para um novo caminho do nosso estado. Desde o início do ano externamos o nosso entendimento de que João Campos representa o melhor para o Recife e que nossa parceria possibilitará a Pernambuco uma alternativa que priorize, sempre, a população” – concluiu.

O recado foi dado: Miguel, cotado para assumir a direção estadual da legenda, deixou claro que, fechadas as urnas na capital, a aliança vai continuar em Pernambuco, o remete às eleições de 2026. Ouvido sobre o assunto, Mendonça foi incisivo: “em todos os encontros que tive com o presidente Antonio Rueda e o vice ACM Neto ficou sempre claro que esta aliança é no Recife em função da necessidade de votos para o deputado federal Elmar Nascimento, candidato do partido a presidência da Câmara Federal, e vai ficar por aí”. 

A impressão que fica, ouvindo os dois lados, é que nenhum deles parece concordar com o pensamento do sábio político mineiro e ex-governador Magalhães Pinto. Instado certa vez a falar do futuro político do país , ele ensinou: “política é como uma nuvem. Você olha, e ela está de um jeito. Olha de novo, e ela já mudou”. O que isso significa? Que é cedo até para falar do que vai ocorrer na eleição de 2024, imagine para antecipar o quadro do pleito de 2026. Só uma coisa parece certa, em relação ao União Brasil : a família Coelho vai, a partir de agora, como deixou claro Miguel,  lutar com unhas e dentes para controlar o partido no estado e chamá-lo de seu, como sempre sonhou, e Mendonça, agora que se afastou do Recife, pode não ter força para se contrapor à avalanche que o espera ao longo do caminho até 26.

Raquel acompanhou tudo

A governadora Raquel Lyra, que estava em Brasília na noite desta terça-feira, acompanhou, nos bastidores, todo o desenrolar das tratativas finais sobre o caminho do União Brasil no Recife. Ela esteve com Antonio Rueda e ACM Neto e, depois, com Mendonça. Foi dormir sabendo que, apesar de não ter sido dada a palavra final até meia-noite, a decisão estava tomada e discutiu com Mendonça seu apoio a Daniel Coelho e a possibilidade de continuarem politicamente juntos. Esta quarta-feira, tão logo foi divulgada a nota de Mendonça, Daniel ligou pra ele agradecendo o apoio. Os dois ficaram de marcar um encontro.

O peso de Mendonça

Embora conte muito na eleição deste ano o tempo de TV do União Brasil, e foi para obtê-lo que o prefeito João Campos lutou, empenhando, inclusive, os votos da bancada socialista na Câmara Federal, quem tem mais votos e prestígio no Recife dentro da legenda é o deputado federal Mendonça Filho. Embora Miguel Coelho tenha sido votado na capital em 2022 para governador, Mendonça, domiciliado no Recife, teve, na eleição de 2000 para prefeito, 25% dos votos, mesmo imprensado pela luta dos primos João e Marília Arraes. Já na eleição de 2018 para o senado ele foi o mais votado na capital, superando até mesmo o ex-governador Jarbas Vasconcelos.

Teresa e a caatinga sertaneja

A senadora Teresa Leitão participou esta quarta-feira de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente do Senado – o tema foi proposto por ela – que discutiu o processo de desertificação da caatinga, um bioma que só existe no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Semiárido, a caatinga, apesar de presente apenas no Nordeste,  ocupa uma área de 11% do território nacional. Teresa disse que o bioma está presente em 135 municípios pernambucanos que hoje sofrem com o risco da desertificação. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima informou na audiência que está em elaboração o II Plano Brasileiro e Combate à Desertificação com metas a serem atingidas nos próximos 20 anos.

Até quando o União Brasil vai continuar desunido em Pernambuco?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br/terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar