Um 8 de janeiro para esquecer ou para relembrar?

 

Ainda hoje o país está dividido entre Lula e Bolsonaro

Algo inimaginável impactou o Brasil há um ano quando milhares de pessoas invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e depredaram as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, onde despacha o Presidente da República, e do STF – Supremo Tribunal Federal – a maior corte judiciária nacional. Ainda hoje centenas desses invasores continuam presos e inquéritos, a perder de vista, são tocados para definir responsabilidades dos insufladores e financiadores dos atos, tidos como “um ataque à democracia” já que o objetivo era contestar o resultado das urnas e, de forma clara, incentivar os militares a dar um golpe de estado.

O golpe não foi dado e, sabe-se agora, os militares, com raríssimas exceções, não ouviram o “canto da sereia”. Os novos comandantes das três armas, designados pelo presidente Lula, declararam lealdade ao presidente e hoje, poucos deles, que foram além dos limites, estão sendo punidos. Da mesma forma, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que estava fora do país mas é acusado de, pelas atitudes que tomou não reconhecendo de imediato o resultado das urnas, ter favorecido a tentativa de golpe, está inelegível e ainda corre o risco de ser preso.

Esta segunda-feira haverá uma solenidade no Congresso Nacional, com a participação dos comandantes dos três poderes, em “defesa da democracia”. O objetivo é impactar a sociedade de forma que esses atos, que estarreceram a nação há um ano, não se repitam, como afirmam os organizadores. Nos últimos oito dias muitas teses foram levantadas à direita e à esquerda sobre a programação. A maioria a favor mas algumas contra, entendendo que não se deve relembrar algo que foi ruim mas que, até agora, não conseguiu curar suas cicatrizes. Tanto é que os governadores do Sudeste, eleitos por grupos mais à direita, não comparecerão, mostrando com o gesto adotado – confirmado por pesquisas recentes – que o país continua dividido e polarizado entre os seus líderes principais: Lula e Bolsonaro.

Contestação

Para evitar contestações, os organizadores não falam em comemoração, como inicialmente se especulou. Afinal, não se comemora algo ruim. Mas, se ainda é preciso aguardar o impacto que isso vai ter, algo, sem dúvida, já está sendo feito e talvez fosse suficiente para não passar pano sobre a depredação. Os inquéritos e as prisões realizadas desde o início da reação ao 8 de janeiro de 2023, seriam suficientes, segundo alguns observadores, para demonstrar que o Brasil está maduro para reagir a tentativas semelhantes.

Cutucar o cão

Teme-se que “cutucar o cão com vara curta” não seja de bom tamanho e acabe promovendo ainda mais divisão no país. Afinal ainda hoje se discute as falhas da segurança em Brasília e a presença do ex-chefe do GSI – Gabinete de Segurança Institucional – o governo Lula, general Gonçalves Dias, na cena do crime, andando em meio aos manifestantes. Se culpas houverem, seja de que lado for, é preciso apuração rigorosa. Só assim as feridas poderão ser cicatrizadas e o país fechar essa página triste da nossa História.

Revelações de Alexandre de Moraes

O ministro Alexandre de Moraes, considerado o xerife da reação ao 8 de janeiro de um ano atrás, contribuiu esta semana para chamar a atenção sobre o que aconteceu no período em que foi gestada a tentativa de golpe na frente dos quartéis e depois em Brasília. Afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, em parte reproduzida por este blog, que apurações em andamento teriam revelado que os golpistas planejavam prendê-lo e enforcá-lo.

Pesquisa mostra indignação

Mesmo considerando a polarização nacional, pesquisa da Quaest divulgada este domingo concluiu que 89% dos brasileiros não aprovaram as invasões aos prédios dos Três Poderes e 47% acham que o ex-presidente Bolsonaro teve influência nos atos. O mesmo levantamento revelou que entre os eleitores de Lula a reprovação dos atos chegou aos 94% e a 85% entre os eleitores de Bolsonaro.

que impacto vai ter no país a solenidade em defesa da democracia que vai ser realizada este dia 8 de janeiro em Brasília?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br/terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar