Túlio: da timidez inicial à condução das agendas políticas de Raquel

 

“A política não é comigo. Quem vai cuidar dela são os secretários adjuntos”- afirmou a este blog, logo depois de assumir o cargo, o advogado Túlio Vilaça, secretário da casa civil da governadora Raquel Lyra. O fato causou perplexidade, mas teve vida curta. Hoje além de, como chefe da casa civil, “ cuidar de tudo um pouco” no Governo, como é o caso dos que exercem essa função, ele abriu o gabinete para os políticos de tal forma que não falta prefeito, deputado, vereador ou outras lideranças na sua sala, ao lado do gabinete de Raquel, ou na ante-sala, aguardando ser atendido.

“Meu sonho seria não marcar agenda e ficar recebendo quem chegasse aqui”- observa ele que já está acostumado com a exposição permanente nas redes sociais através do instagran de deputados e prefeitos que o visitam e encontraram nessa plataforma digital uma maneira de prestar contas aos eleitores e demonstrar prestígio. Deputados estaduais que, diante da timidez do secretário, procuravam direto a governadora ou a vice e ficavam reclamando da demora para serem atendidos, agora não aguardam mais. Vão a Túlio que recebeu de Raquel a função de dialogar com todos, inclusive os adversários.

Isso não impede que a governadora, como está fazendo agora, receba de forma individual os deputados para uma conversa cara-a-cara, sem a presença de assessores, todas, diga-se de passagem, marcadas por Túlio. Mas no dia-a-dia “ é o secretário da casa civil que cuida de nossas demandas”- afirma um deputado governista que no início reclamou da postura do secretário mas agora se confessa satisfeito : “esse governo é muito diferente dos demais e por isso estranhamos mas agora as coisas começaram a andar “- disse a este blog. O próprio secretário reconhece que precisou se adequar. Como assessor jurídico da governadora quando ela era prefeita de Caruaru não imaginava receber uma função política no Governo. Mas ele nunca esteve longe disso, a mãe Socorro Vilaça e o pai José Maria sempre estiveram junto do deputado federal Mendonça Filho que conheceram através do parente, o escritor Marcos Vilaça.

Números na mão

Sobre as críticas a Raquel pela demora na tomada de decisões e na formação da própria equipe, Túlio, pela experiência que tem com a governadora, diz que “como mulher ela é mais cautelosa, pensa muito e, por isso, erra pouco”. Afirma, demonstrando convicção, que os que reclamam “: vão se surpreender com que verão pela frente. Na Prefeitura houve algo parecido mas no segundo ano de Governo municipal ela mostrou a que veio e não só se reelegeu como acabou governadora”. E responde a duas polêmicas que agitaram o noticiário – as contas do governo herdadas de Paulo Câmara e a suspensão de convênio com 20 municípios, irritando os prefeitos.

Ponto nos “iis”

Nos próximos dias ele diz que o Governo vai colocar tudo às claras para não deixar dúvidas: “falam em superávit orçamentário mas os 20 convênios que tivemos que encerrar foram todos assinados em dezembro, a um mês da posse de Raquel, e dos R$ 96 milhões empenhados só R$ 20 milhões estavam no Orçamento de 2023. Herdamos 400 obras inacabadas e sem previsão orçamentária e nos entregaram o Sassepe com um passivo de R$ 300 milhões e despesa mensal de R$ 30 milhões, sem margem para quitar débitos anteriores”.

Recados de Lyra a Lula

O Palácio do Planalto recebeu dois duros recados do presidente da Câmara Federal Arthur Lira, esta terça-feira, segundo a CNN: que há “chance zero” da Câmara aprovar a reestatização da Eletrobrás ou o fim da independência do Banco Central. Essas têm sido as duas principais pautas de Lula nas entrevistas que vem dando desde que tomou posse. Lira diz que o Governo não tem base formada para votar em bloco iniciativas desse tipo e que, portanto, corre risco de ser derrotado se insistir.

Mara Gabrilli na ONU

A senadora por São Paulo, Mara Gabrilli, que virou símbolo da luta das pessoas com deficiência no país – ela ficou tetraplégica em acidente de carro, quando jovem – pode continuar por mais quatro anos como representante do Brasil na Comitê da Organizacão da Nações Unidas Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Não há cadeira cativa no comitê e é necessária uma votação para escolher os participantes.O Itamarati já decidiu começar em junho uma campanha para que a senadora, que é membro atual, se reeleja em 2024. A votação é feita entre os países integrantes da ONU. O cargo não é remunerado e as despesas são custeadas pela Organização.

Pergunta que não quer calar: será que depois do recado de Lira, Lula ainda vai defender mudanças no BC e no processo de privatização da Eletrobrás?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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