Tragédia nas aldeias Yanomami mostra o descaso e a morosidade do estado brasileiro

As imagens que chocaram o Brasil este final de semana nas quais foram expostas crianças e idosos da tribo yanomami em estágio avançado de desnutrição, estavam escondidas nas selvas dos estados do Amapá e Amazonas, mas não eram desconhecidas dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Em 20 de maio de 2021, por exemplo, como apurou este blog, o missionário jesuíta Egidio Schwade que há mais de 50 anos trabalha em defesa dos indígenas, denunciou através do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, da CNBB, que os yanomami estavam “ à beira de um genocídio”. O nome do artigo tinha um título sugestivo “onde estão as nossas Forças Armadas?” e afirmava que “em plena pandemia, esses indígenas estão sendo atacados por milícias” cobrando dos militares uma ação imediata.

O jesuíta que, em outros períodos, como relata em seu artigo, acompanhou Dom Tomás Balduino em ações de socorro aos índigenas com a ajuda das Forças Armadas, estava indignado com a situação mas não foi ouvido. Apesar disso já está registrado que inúmeros ofícios foram recebidos pelo presidente Bolsonaro sobre a situação e os registros do Congresso Nacional mostram audiências públicas em que os casos foram relatados com a crueza necessária e permaneceram ignorados. O mesmo CIMI, em relatório de 2021, mostrava que os pedidos para retirada dos garimpeiros das terras yanomami entre 2020 e 2021 foram postergados por “reiteradas decisões liminares da justiça estadual, do TRF-1 e do STF”.

O que isso significa? Que o drama desafiou inutilmente todos os poderes que agora se mostram perplexos, após a visita do presidente Lula ao local e o escancaramento das imagens. Os mais altos escalões da República, no Executivo, Legislativo e Judiciário tinham conhecimento mas não agiram a tempo e agora devem explicações. Na verdade, o drama dos yanomami mostra a crueldade de um sistema que não vê os invisíveis e, nesse caso, apesar de tudo que se fala internacionalmente sobre o assunto, os indígenas estão na parte mais baixa da pirâmide ( quem sabe no subsolo) no que se refere a prioridades para as pessoas carentes no Brasil.

Raquel e João na mesma mesa

A governadora Raquel Lyra se reúne esta terça-feira com os prefeitos dos 14 municípios da Região Metropolitana para discutir prioridades para esta área e ouvir as demandas dos prefeitos. O prefeito do Recife, João Campos, um dos adversários da governadora nesse grupo, prometeu comparecer. Outro prefeito que votou em Marília Arraes no segundo turno, Ives Ribeiro, de Paulista também é aguardado. Até o governador Jarbas Vasconcelos o estado e os prefeitos metropolitanos tinham encontros constantes mas de lá para cá nunca mais se viu uma reunião do grupo.

Presos mais de 900 golpistas

O ministro Alexandre de Moraes já decretou a prisão de preventiva de mais de 900 bolsonaristas detidos após os atos de 8 de janeiro em Brasília. Cerca de 400 outros foram liberados provisoriamente mas muitos tiveram que colocar tornozeleira eletrônica para serem monitorados pelos órgãos de segurança. Agora vão prosseguir os inquéritos para definir a responsabilidade de cada um e se há inocentes entre eles.

Pra boi dormir

A anunciada possibilidade de criação de uma moeda comum latino-americana, um dos motivos do encontro entre os presidentes Lula e Alberto Fernandez, na Argentina, parece mais conversa pra boi dormir. Analistas econômicos ouvidos pelas principais emissoras de TV brasileiras sobre o assunto se mostraram descentes. Alegaram que é dificílimo um acordo nesse sentido e que a atitude de Lula teria sido mais de mostrar boa vontade com os vizinhos. Aliás, há no jargão da política uma frase que diz “quando você não quer resolver um assunto, crie um grupo de trabalho”. E foi isso que aconteceu.

Luciana na Argentina

A ministra da Ciência e Tecnologia Luciana Santos acompanha a visita do presidente Lula à Argentina e Uruguai. Esta segunda, em Buenos Aires, assinou dois instrumentos de cooperação entre Brasil e Argentina: o Memorando sobre Cooperação em Ciência Oceânica e o Programa Binacional de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Pergunta que não quer calar: Por onde anda Ciro Gomes?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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