Sem controle metropolitano, Prefeituras batem cabeça para enfrentar problemas com prédios caixão

 

A Região Metropolitana do Recife já enfrentou este ano, que tem sido de muitas chuvas, dois desastres perfeitamente previsíveis e que deixaram vítimas fatais. Trata-se do desabamento de prédios-caixão (há mais de 6 mil no Grande Recife) em Olinda e Paulista, provocando soterramento de pessoas. Em Olinda morreram seis, em Paulista o resgate continua mas a previsão é de um maior número de mortos. Sobra uma pergunta na cabeça de quem se debruça sobre este assunto: por que esses problemas continuam e não se toma providências ? A quem procurar?

No vazio de soluções, as prefeituras ficam num jogo de empurra-empurra, culpam órgãos financiadores destes imóveis, corretoras que não mantém vigilância nos prédios interditados para evitar invasões e um sem-número de outras desculpas, a verdade, porém, é que, depois do clamor público diante das vítimas soterradas – incluindo adolescentes e crianças – acabam fazendo o que diziam que não podiam realizar: demolir essas construções que permanecem como elefantes brancos em quase todos os municípios.

Pernambuco já foi palco de uma política urbana metropolitana que fez escola em todo o país. O estado comandava o Conselho de Desenvolvimento Metropolitano – Conderm- onde, com a presença do governador e dos prefeitos, eram discutidos os problemas comuns dos municípios do Grande Recife, apontadas soluções seguidas por todos e providenciados financiamentos para obras de grande alcance social, como a questão dos morros, como aconteceu no Governo Jarbas. Nos últimos anos, porém, o Condepe-Fidem que geria essa política e dava suporte técnico ao Conderm foi se esvaziando e não se consegue sequer uma decisão coletiva, com apoio judicial, para varrer esses prédios condenados da paisagem urbana, onde permanecem mais parecendo cemitérios, como se vê em Olinda, por exemplo. Só um município se livrou de um desses incômodos. Após idas e vindas, Jaboatão demoliu, há pouco tempo, o conjunto Muribeca, seu maior cemitério.

Priscila fez uma reunião

Com experiência na área metropolitana, a vice-governadora Priscila Krause recebeu da governadora Raquel Lyra aval para iniciar gestões com vistas a, enfim, restabelecer uma governança metropolitana. Só se tem notícia, porém, de uma reunião geral e sem acompanhamento técnico suficiente para dar andamento a providências futuras. Foi mais um levantamento das necessidades dos municípios, expostas pelos prefeitos, iguais às que foram realizadas em todas as regiões do estado onde se pode atender a municípios individualmente e não em bloco, como é necessário no Grande Recife.

Itep e Ministério Público agiram

Por interferência do Ministério Público o Itep – Instituto de Tecnologia de Pernambuco – fez um completo levantamento dessas construções na Região Metropolitana no auge das discussões sobre Muribeca, e encontrou mais de 6 mil imóveis com risco de desabamento. Só em Olinda há 110 prédios nessa situação. Para se ter idéia um dos mais importantes conjuntos condenados, o Juscelino Kubitscheck, do bairro de Rio Doce, foi parcialmente interditado em 2005, os moradores saíram a espera de indenização, mas as construções foram invadidas e continuam assim.

Luciana no Recife

A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, vai estar no Recife esta segunda-feira, dia 10, para assinar um termo de cooperação técnica com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) para funcionamento de duas novas unidades da Embrappi na capital voltadas para o desenvolvimento de projetos de inovação. Uma ficará a cargo do Cetene (Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste) e outra do Instituto Senai de Inovação.

Pessoas com deficiência em Pernambuco e Recife

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(PNAD) divulgou esta semana que Pernambuco tem 949 mil pessoas de 2 ou mais com deficiência. Com isso ocupa o sexto lugar no ranking nacional dos estados que mais têm pessoas com deficiência. É de 10,1% o percentual das pessoas com deficiência na faixa dos 2 anos ou mais, quando a média nacional é de 8,9%. No Recife a situação é ainda pior. Chega a 11,1% – 182 mil pessoas – da população de mais de 2 anos o grupo dos que têm algum grau de deficiência.

Pergunta que não quer calar: quando o Conderm vai voltar a funcionar com eficiência na Região Metropolitana?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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