RMR enfrenta segunda maior greve de ônibus de sua história e julgamento só começa 2.a feira
A Região Metropolitana do Recife está vivendo a segunda mais longa greve do setor de transportes públicos – a maior durou dez dias e aconteceu no Governo Roberto Magalhães na década de 80. Mas, apesar dos transtornos causados à população e às atividades econômicas, sobretudo comércio e serviços, o Tribunal Regional do Trabalho só marcou para a próxima segunda-feira, quando a paralisação chegará ao sexto dia, o julgamento do dissídio coletivo que obrigará, depois de concluído, o final do movimento paredista. Como essas seções de julgamento costumam ser longas, na segunda, dificilmente, a frota voltará por inteiro às ruas. Trocando em miúdos: mais uma semana será iniciada com dificuldades para quem depende do transporte público na RMR.
Desde a fatídica greve no governo Roberto Magalhães, a Justiça do Trabalho marcava o julgamento para o dia seguinte à deflagração da greve, considerando que o transporte público é uma atividade essencial. Dessa forma, os movimentos duravam de um dia e meio a dois dias. Por que tanta demora desta vez? Em nota oficial distribuída ontem a alegação do TRT foi de que “o agendamento foi feito de acordo com o tempo necessário para análise do processo pela desembargadora relatora”, no caso, trata-se da própria presidente do tribunal, desembargadora Nise Pedroso Lins e Souza.
Não há notícia – pelo menos isso não foi alegado – de que a classe patronal tenha adiado o pedido de instauração do dissídio mas, desde esta quinta-feira que as negociações foram encerradas dando, portanto, à Justiça a possibilidade de julgamento na sexta. Não há lei determinando o prazo de julgamento de dissídios mas as normas internas da Justiça do Trabalho recomendam que seja feito “no menor prazo possível”. Seria necessária uma greve de 6 dias, com a população sofrendo nas paradas pelos ônibus que não aparecem, e ainda ter de amargar um final de semana e mais um dia da semana seguinte no ora veja?
Quem responde por isso?
Infelizmente, ninguém responde por isso. Os trabalhadores acreditam que quanto mais greve mas força vão ter perante os patrões. Os patrões – empresas de ônibus – deixam de faturar mas com ônibus parados também não têm despesa a pagar. Da mesma forma, sabem que, se forem obrigados a ceder, terão motivo para cobrar do Governo mais subsídios ou um aumento maior de tarifa na hora adequada. O Governo fica na posição de neutralidade, participando de reuniões mas sem poder interferir até porque sabe que a conta vem pra ele e para os usuários. Estes, sim, são os grandes perdedores. Vão ficar seis dias no sol e na chuva e depois arcar com o aumento da tarifa que lhes couber.
Segurança custa caro
O aumento do aparato de segurança em uma greve dessa envergadura é outra conta que vai para a administração pública. Esta greve, felizmente, tem sido mais calma do que se poderia imaginar. Só um episódio lamentável aconteceu com a prisão do presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, que teria se deitado na frente de um ônibus na garagem da Pedrosa, segundo a PM, para impedí-lo de circular, quando a justiça havia determinado a presença de 60% da frota nas ruas. O Sindicato disse que ele apenas tentava convencer motoristas a participar de uma assembleia. Foi uma prisão desnecessária até pelo tempo que o sindicalista ficou recolhido por mais de quatro horas. Isso poderia ter gerado confusões e mais atropelos. Agora é rezar para que a paz se estabeleça este final de semana e na segunda-feira durante o julgamento.
PT diretório para dia 04
O presidente do PT de Pernambuco, deputado estadual Doriel Barros, marcou para o próximo dia 04 reunião do diretório estadual para definir a posição da legenda à respeito do Governo Raquel Lyra. Este final de semana algumas cabeças mais estreladas farão encontro online e no dia marcado, também de forma remota, todas as tendências vão poder se posicionar em busca de uma resolução conjunta.
Humberto já falou
O senador Humberto Costa, em entrevista à Folha de Pernambuco, antecipou seu voto favorável ao partido se declarar oposição, alegando que o PT perdeu a eleição de 2022 com Danilo Cabral no primeiro turno e Marília Arraes no segundo turno. Embora não fale sozinho pela legenda a palavra de Humberto é tida como essencial, de forma que os que desejam apoiar a governadora vão precisar gastar muita saliva até o dia 04.
Pergunta que não quer calar: quanto vai custar, em termos de aumento da tarifa, a paralisação dos motoristas de ônibus por seis dias?
E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com