Raquel e o peso do afastamento de Miguel

A governadora Raquel Lyra vai começar a sentir a partir desta quarta-feira, dia marcado para o embarque do grupo Coelho no projeto político do prefeito João Campos, o peso de ter bancado o afastamento de Miguel Coelho do seu palanque, pouco depois que ele a apoiou com entusiasmo no segundo turno garantindo-lhe uma grande vitória na Região do São Francisco. Até hoje não se sabe o real motivo da governadora ter tomado essa decisão que não seja o fato de ter reclamado ainda durante o primeiro turno do ex-prefeito de Petrolina culpando por versões que surgiam nos bastidores de vez em quando de que ela desistiria da candidatura.

Apesar de preterido, inclusive quando se ofereceu para ajudar o Governo mesmo ficando fora da máquina pública, Miguel compareceu à posse da governadora, não passou recibo e tudo indicava que os dois ainda iriam se entender. O caldo começou a entornar, porém, no início dos trabalhos legislativos quando o Palácio agiu de forma aberta contra o interesse do deputado estadual Antônio Coelho de presidir a comissão de finanças da Alepe. A governadora indicou no seu lugar a deputada Débora Almeida, do PSDB e isso criou tanto desconforto que até hoje a comissão de justiça é um calcanhar de Aquiles pois nela se juntaram os deputados Rodrigo Farias(PSB), Alberto Feitosa (PL) e o próprio Antônio Coelho que, aí sim, passou a agir como oposicionista, mesmo se colocando como “independente”.

Foi a senha para o prefeito João Campos se aproximar de Miguel. Os dois tiveram diversas conversas mas a solução para o entendimento foi demorada porque dependia da pasta adequada para abrigar o grupo Coelho na Prefeitura e da garantia de que o PSB, mais uma vez, rifaria o desejo do deputado federal Lucas Ramos de disputar a Prefeitura petrolinense. Raquel acabou ajudando a concretização da aliança Campos/Coelhos ao tirar da secretaria de turismo da PCR Cacau de Paula, filha do ministro André de Paula, e empossá-la na secretaria de cultura do estado, levando o PSD junto. Foi a senha para Campos oferecer a Miguel a secretaria de turismo que vai ser comandada, como este blog foi o primeiro a noticiar, pelo irmão de Miguel, o deputado Antônio Coelho.

Repercussão política

O que Miguel tem a acrescentar ao prefeito João Campos nessa aliança? Em primeiro lugar o fato de ter tido 14% dos votos do Recife na eleição para governador em 2022 e pesquisas internas apontarem que seus eleitores não gostaram da governadora ter se afastado da família Coelho, não aproveitando o ex-prefeito de Petrolina em sua administração. Em segundo lugar, porque a presença de Miguel junto a Campos fortalece os dois para o pleito de 2026, quando a governadora deve buscar a reeleição. Se prevê que Campos, caso vença no Recife, seja candidato a governador e Miguel a senador, pois terá a idade para pleitear o senado, o que não tinha em 2022. Caso Campos não seja, por algum motivo, candidato a governador, Miguel pode, com mais força política, pleitear a vaga novamente.

Santa Cruz do Capibaribe

Depois de Caruaru, a terra da governadora, Santa Cruz do Capibaribe é o município mais importante do agreste setentrional. Com a aliança do Recife, assume o lugar de Antonio Coelho na Alepe o suplente Edson Vieira, ex-prefeito de Santa Cruz e cuja esposa Alessandra Vieira, também ex-deputada, foi vice da chapa de Miguel Coelho. Edson vai se fortalecer no município podendo disputar a Prefeitura ou lançar a candidatura de Alessandra. O atual prefeito Fábio Aragão, do PP, apoia a governadora mas seu deputado estadual Diogo Moraes, do PSB, é oposição ao Palácio das Princesas.

O imbróglio no União Brasil

Esta aliança do Recife vai ter repercussão no União Brasil, partido dos Coelhos e que também abriga os deputados federais Luciano Bivar e Mendonça Filho. No momento, Bivar surfa na dubiedade tendo espaço no secretariado de João Campos e na administração de Raquel. Mendonça, porém, assumiu o comando do partido no Recife e já anunciou que não apoia João Campos. Miguel, portanto, pode não garantir ao PSB o tempo de TV do União Brasil, que é um dos maiores desta legislatura.

Celia Sales e Miguel

Apesar de ter saído do União Brasil e se filiado ao PP, a prefeita de Ipojuca, Célia Sales, que apoiou a candidatura de Miguel Coelho a governador no primeiro turno mas no segundo turno ficou com Raquel fez uma homenagem ao ex-companheiro de partido esta segunda-feira, quando Miguel fez aniversário. Registrou em seu instagran várias fotos dos dois na campanha de 2022 e concluiu “conte sempre com minha amizade e apoio”.

Pergunta que não quer calar: Raquel se arrependeu de ter preterido Miguel?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com- redacao@blogdellas.com.br

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