Raquel e João: dois jovens na linha de frente do poder

 

Pelo visto ainda pode demorar o momento em que um outsider (alguém de fora do setor) venha conquistar o governo de Pernambuco, um estado de classe política sólida e respeitada nacionalmente, mas a eleição de 2022 demonstrou que, em pelo menos uma coisa, a política se renovou quando três dos cinco mais votados na eleição para governador – Miguel Coelho, Marília Arraes e Raquel Lyra – tinham entre 32 e 44 anos. “A fila andou”, comentou esta semana um deputado estadual, observando que a época dos políticos longevos – um traço pernambucano – está passando. Quanto ao parentesco ainda não. Embora a senadora eleita Teresa Leitão não tenha parentes políticos, os cinco mais votados para o governo eram filhos ou oriundos de famílias políticas tradicionais.

Raquel saiu vencedora dessa disputa ajudando também a cravar, pela primeira vez, como se viu, os nomes de suas mulheres no comando do Palácio do Campo das Princesas: ela e a vice Priscila Krause. Iniciada sua gestão, que está para completar dois meses no final deste mês, ela começa a enfrentar outro jovem líder do campo oposto: o prefeito do Recife, João Campos, 29 anos, o qual ela poderá enfrentar direta e indiretamente nas próximas eleições. Em 2024 como candidato a reeleição, o prefeito vai ter no lado oposto alguém da confiança da governadora e em 2026 já se presume que ambos vão estar presentes na eleição estadual. Ela tentando a reeleição e ele o primeiro mandato no topo da pirâmide estadual.

O estilo dos dois é diverso de forma que, além da juventude, ambos são desafiados a mostrar ao estado qual lado da moeda vai falar mais alto a partir de agora: se o político, como tem demonstrado João que pauta sua administração com ampla participação partidária; ou o administrativo, como vem fazendo Raquel, que compôs um secretariado onde os políticos não têm assento – a exceção é Daniel Coelho – e mesmo os técnicos nomeados passaram longe de cores partidárias.

Politicamente João vem ganhando a briga

Não está fora de cogitação uma mudança de rumos, mesmo que paulatina, com Raquel, depois da experiência excessivamente técnica, vindo a incorporar políticos à sua equipe da mesma forma que João Campos, que compôs um secretariado mais técnico do que político, está agora substituindo os técnicos por políticos ou indicados por eles, para formar uma ampla frente partidária em 2024. O rigor de Raquel levou-a a uma situação politicamente difícil com o apoio explícito de apenas três partidos na Alepe – PP, Federação PSDB/Cidadania e Patriotas. Já o prefeito juntou toda a Frente Popular criada por Eduardo Campos em sua zona de influência, incluindo o PT que vai ocupar duas secretarias.

Alepe fora das mudanças de Aras

Embora a bancada federal de Pernambuco possa vir a passar por mudanças, caso o parecer do procurador-geral da República, Augusto Aras, seja acatado pelo STF, com Felipe Carreras(PSB) perdendo o mandato para Ricardo Teobaldo (Podemos), na Assembléia Legislativa ficará tudo como está. A informação é do economista e estatístico Maurício Romão, que fez um estudo do assunto para este blog. O que Aras pretende é dar lugar à disputa pelas “sobras” aos partidos que tiveram menos de 80% do Quociente Eleitoral ( número de votos necessários para garantir uma vaga) e cujos candidatos conseguiram mais votos que os competidores de outra legenda que alcançou os 100%. Não há casos como esses na disputa para deputado estadual.

Lula com Biden

Apesar da importância que deve ser dada a um encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente Lula para a imagem do Brasil no Exterior, a reunião dos dois chefes de estado esta sexta não deu o rendimento esperado. Primeiro, os recursos de US$ 50 milhões destinados por Biden ao Fundo Amazônia ficaram aquém das expectativas e, segundo, a Casa Branca não gostou da proposta de Lula de criar um grupo de países para resolver a guerra na Ucrânia, excluindo a própria Ucrânia, que foi invadida pelos russos. “Nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia” afirmou o Coordenador do Conselho de Segurança Nacional americano, John Kirby, expressando a opinião de Biden.

Márcia e Marcelo

A disputa pela presidência da Amupe está afunilada entre os prefeitos Marcia Conrado(PT), de Serra Talhada, e Marcelo Gouveia (Solidariedade) de Paudalho. Os dois foram escolhidos em reunião realizada sexta-feira após assumirem o compromisso de declinar da disputa, caso o oponente venha a conseguir mais apoios até o dia 17, prazo final para registro de chapas. Agora é o salve-se-quem-puder mas, segundo participantes da reunião, “é melhor ter uma disputa antes que no dia da eleição”. Todos acham que um bate-chapa no dia do pleito pode causar turbulências no órgão que representa os 184 municípios estaduais.

Diogo na Alepe

O ex-deputado Diogo Moraes foi nomeado Superintendente Parlamentar da Alepe, a pessoa que cuida da interlocução entre a Mesa Diretora e os deputados. Muito querido por todos, Diogo teve sua nomeação pelo presidente Álvaro Porto bastante festejada. Atualmente ele é presidente da Unale ( União Nacional dos Legislativos Estaduais).

Pergunta que não quer calar: quem vai ser o futuro presidente de consenso da Amupe: Márcia ou Marcelo?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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