Raquel conquista quase toda bancada de Marília e forma base de 32 deputados na Alepe

 

A governadora Raquel Lyra, que enfrentou grande desgaste na Assembléia no início do mandato, quando tinha o apoio declarado de apenas 11 dos 49 deputados – três do seu partido, o PSB, e oito do PP – chega ao final do primeiro semestre com uma bancada de 32 deputados, mesmo depois do PT ter se declarado de oposição esta semana. Não há um só partido representado na Alepe que não tenha deputados favoráveis ao Governo. O PSB, por exemplo, que elegeu 13 deputados, tem apenas sete desses na oposição.

O que teria provocado tamanho crescimento da base governista? O primeiro-secretário da Assembléia, deputado Gustavo Gouveia, um dos mais empenhados em ajudar a aumentar a lealdade ao Governo, diz que isso deve “a uma expectativa de que, apesar das dificuldades iniciais, o Governo vai dar certo”. O vice líder Joãozinho Tenório tem a mesma visão “os deputados estão vendo que Pernambuco está avançando e vai avançar ainda mais e quem vai ficar contra isso”? O que se dizia inicialmente era que a governadora não tinha traquejo e nem gostava de políticos. Agora o discurso mudou. O deputado Mário Ricardo, do Republicanos, explica bem o que houve, ao afirmar esta quinta-feira que a governadora o ouviu uma hora na noite anterior: “ na política a gente sabe que um afago vale tudo, que um beijinho é suficiente para mudar opiniões. Raquel não dá beijo em ninguém mas está com paciência para ouvir e respeitar”.

Na verdade, há que se acrescentar nessa conta os recursos que a governadora conseguiu através de empréstimos e o apoio do Governo Federal, capazes de recuperar grande parte da malha viária do estado, atingindo quase todos os municípios. O levantamento feito pelo blog, ouvindo a liderança do Governo, deputados e alguns partidos mostra o seguinte quadro de deputados governistas hoje : 8 do PP, 5 do PSB, 4 do PL, 3 do PSDB, 3 do Solidariedade (partido de Marília Arraes), 3 do União Brasil, 2 do PV, 2 do Republicanos, 1 do MDB e 1 do Patriotas. Há dois deputados que não confirmam apoio ao Governo, declarando-se independentes, mas que vêm votando com a bancada governista: Lula Cabral (Solidariedade) e Francismar Pontes (PSB). Também se mantém independente o deputado Antonio Coelho (UB), embora, no caso do aumento dos professores, ele tenha votado com a oposição. Já a bancada de oposição em si está reduzida a 14 deputados.

Eleição de 2024 é a meta

Apesar dos “afagos” da governadora, um deputado de oposição moderada disse a este blog que, como o PSB perdeu muita expressão após a derrota de Danilo Cabral, sendo forte hoje em poucos municípios, as lideranças do interior começam a se inquietar, querendo representar algum projeto estadual e a governadora surge como a única liderança capaz de levar a isso com consistência nos dias de hoje. O PT, partido do presidente Lula, poderia, na opinião desse parlamentar, fazer este papel “mas ainda está se estruturando e vai demorar a ganhar força nesse jogo”. Na verdade, entre ficar com o PT ou com Raquel os prefeitos estariam preferindo a governadora que tem máquina e está próxima de Lula.

Projeto dos professores foi a senha

Antes do recesso da Alepe – as atividades foram retomadas esta terça-feira – já era possível antever a possibilidade de crescimento exponencial da bancada governista. Apesar das galerias lotadas de professores que queriam aumento imediato de salários quando o Governo enviou projeto garantindo apenas o piso salarial nacional, imaginava-se que a oposição ia levar a melhor até porque muitos deputados têm mães professoras. No dia da votação, no entanto, 30 parlamentares, sob vaia das galerias, deram a vitória à governadora.

Vapt-Vupt

Estruturada na Alepe, a bancada governista está atenta aos passos da oposição e marcando cada passo dado pelos deputados oposicionistas. Esta semana, a Comissão de Educação, com maioria oposicionista, articulou a convocação do ex-secretário de Cultura de Raquel, Silvério Pessoa, demitido um dia antes do Festival de Inverno, para ser inquirido sobre os motivos do seu afastamento. O deputado Renato Antunes (PL) respondeu de pronto “já que vão convocar Silvério vamos fazer o mesmo com os secretários de cultura dos últimos quatro anos”. Abriu-se uma discussão e a convocação de Silvério foi transformada em um pedido de informações.

Almoço significativo

Um almoço uniu esta quinta-feira na Assembléia deputados estaduais e federais, conselheiros do Tribunal de Contas, representação do Tribunal de Justiça e o secretário da casa civil, que representou a governadora, Túlio Vilaça. O motivo para o encontro foi a comemoração do aniversário do presidente da casa, Álvaro Porto, e do primeiro-secretário, Gustavo Gouveia. O clima foi de confraternização mas o secretário Túlio Vilaça foi o último a se servir, de tanto que foi solicitado para conversas ao pé do ouvido.

Pergunta que não quer calar: Bancada governista na Alepe ainda pode crescer com incorporação dos independentes?

E-mail: terezinhacostanunes@gmail.com

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