Qual o Milei que vai governar a Argentina?

 

A experiência com campanhas políticas demonstra que, muitas vezes, os excessos cometidos pelos candidatos durante a busca pelo voto desaparecem logo depois da posse. A responsabilidade do cargo pesa sobre os ombros de quem vai governar um país. Há exceções é claro. Aqui mesmo no Brasil ele é recente. Eleito presidente em 2018, Jair Bolsonaro não deu trégua. Continuou o negacionista e radical de sempre durante todo seu mandato. Imaginava-se que o mesmo pudesse acontecer na Argentina com o ultraliberal Javier Milei. Em cima de camionetes, olhos esbugalhados, ora carregando uma grande cédula de dólar, ora uma motosserra, o candidato pulava sem parar para regozijo dos seus apoiadores durante a campanha. Não demorou muito para os adversários o chamarem de “El loco”, apelido que ganhou na juventude onde aliava a grande inteligência e conhecimento – publicou mais de 20 livros sobre economia – ao destempero verbal e comportamental.

As declarações de Milei e seu programa de Governo andaram no mesmo tom. Atacou duramente o argentino Papa Francisco e o presidente Lula, ameaçou romper relações com o Brasil e a China, países importantíssimos para a balança comercial do seu país, e anunciou que fecharia o Banco Central e dolarizaria a economia. Foi além quando passou a elogiar Donald Trump e Jair Bolsonaro, como se não fosse preciso, após a posse, procurar o presidente brasileiro e o norte-americano Joe Biden. O peso do cargo, porém, parece ter obrigado Milei a dar uma guinada de 360 graus na sua imagem. Dois dias depois da vitória posou extremamente sério ao lado do atual presidente argentino Alberto Fernandez e seu adversário ferrenho e assim tem aparecido desde então.

Sobre o Papa, do qual recebeu um telefonema desejando-lhe sucesso e sabedoria, convidou-o para visitar o país e disse que o receberá “com todas honras de um chefe de estado e líder espiritual dos argentinos”. A respeito do presidente Lula, que evitou falar seu nome após a vitória mas exaltou a democracia e parabenizou o povo argentino, afirmou que se o presidente brasileiro quiser ir à sua posse “será muito bem-vindo” e enviou emissários ao Itamarati acenando para um bom relacionamento. Logo após ser parabenizado pelo presidente da China Xi Jinping respondeu-lhe desejando “os mais sinceros votos de bem-estar e ao povo chinês”. Agora a pergunta que fazem os analistas políticos internacionais é uma só: que Milei assumirá a presidência dia 10 de dezembro : o transtornado da campanha ou o bem comportado e cordato após a vitória?

Ameaça ao medo não colou

Tanto Lula quanto Milei têm razão em reclamar pelo que aconteceu na campanha. Em primeiro lugar, o presidente brasileiro não só apoiou abertamente o adversário de Milei, Sérgio Massa, como seus ministros e a presidente do PT Gleide Hoffmann manifestaram publicamente isso. Além do mais, o PT enviou marqueteiros para Buenos Aires que, a exemplo do que tinham feito com Marina Silva por aqui, apelaram para o medo, no sentido de levar os argentinos a não acreditar em Milei. Já Milei chamou Lula na campanha de “comunista e corrupto”, numa verborragia espantosa, agora explicada como uma reação ao apoio brasileiro a Massa.

Congresso pode atrapalhar Milei

O novo presidente argentino tem, no plano interno, enormes problemas para contornar. O principal é a maioria peronista no Congresso. Para aprovar suas idéias principais como o fechamento do BC e a dolarização da economia, terá que conseguir o voto dos parlamentares o que é muito dificil. Esta semana anunciou que vai privatizar a empresa estatal de Petróleo e já está enfrentando enorme reação dos sindicatos que são muito fortes no país e dominados pelo peronismo. Não vai ter vida fácil.

Raquel fala sobre Orçamento

Até agora calada sobre a polêmica estabelecida entre o Executivo, Alepe e TCE a respeito do valor do Orçamento de 2024, a governadora Raquel Lyra disse, em visita a Suape esta sexta-feira , que espera conseguir reverter a tendência dos deputados estaduais de acrescentar R$ 1,1 bilhão na previsão enviada pelo Governo à Assembléia. Os deputados alegam que se basearam na previsão orçamentária do Fundo de Participação dos Estados (FPE) divulgada pelo Tesouro Nacional, mas a governadora alega que se isso acontecer os parlamentares estarão prevendo um aumento de 18,4% nos repasses do FPE e no próprio crescimento da economia no próximo ano “o que não vai acontecer”- concluiu.

Em apoio a Débora

Esta sexta, a governadora também saiu em defesa da deputada estadual Débora Almeida, do PSDB, que foi dura na tribuna da casa com o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto, em função dele ter autorizado a continuidade da reunião da comissão de finanças na sua ausência. “Minha solidariedade a Débora – afirmou Raquel . Ela tem exercido de maneira serena e muito firme o seu trabalho, como sempre fez”. Lembrou ainda que a parlamentar foi a primeira pessoa que ela procurou quando pensou em disputar o Governo do estado.

Pergunta que não quer calar: Quem vai ser o bombeiro(a) para apagar o fogo que vem queimando o relacionamento do Palácio das Princesas com a Assembléia Legislativa?

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