Punição de Bolsonaro transfere holofotes para Tarcísio, Zema e Ratinho. Michelle corre por fora

 

“Rei morto, rei posto”- diz a sabedoria popular, referindo-se aos políticos que, logo após deixarem o mandato, perdem, consequentemente, o poder, saindo do apogeu para o ocaso, de forma quase imediata. O ex-presidente Jair Bolsonaro experimentou quase isso ao ser derrotado pelo presidente Lula mas, pela sua popularidade e perspectiva de voltar ao poder, ainda guardou a lealdade dos seus eleitores. Esta sexta-feira, porém, com o duro golpe que recebeu do TSE, que decretou sua inelegibilidade por oito anos, ele está fadado a ser nesse período apenas um “cabo eleitoral”, forte para ajudar candidatos que apoie mas, bem diferente se fosse o caso dele próprio ser o candidato.

Com o rei deposto e, não havendo na política espaço vazio, três governadores, emergiram de imediato como capazes de se candidatar a presidente em 2026, representando a direita e com apoio do ex-presidente: Tarcísio de Freitas, de São Paulo, Romeu Zema, de Minas Gerais e Ratinho Junior, do Paraná. Correndo por fora, fala-se na senadora Teresa Cristina, que foi ministra da Agricultura e na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro que ontem já soltou um “estou às ordens, capitão”, em suas redes sociais. Uma coisa que ajuda Michelle é o sobrenome Bolsonaro que rendeu muitos votos pelo país na eleição de 2022 e o conhecimento que tem hoje. Como Dilma foi eleita no interior nordestino como “a mulher de Lula” em 2011, Michelle surgirá como “mulher de Bolsonaro” em 2026?

O que ajudaria Michelle é um desafio para os três governadores citados : a falta de conhecimento. Vai ser difícil para cada um deles ganhar dimensão nacional. O PSDB ficou 16 anos no Governo de São Paulo, disputou todas as eleições presidenciais e não elegeu ninguém, nem os paulistas e nem o mineiro Aécio Neves. Romeu Zema é de um estado que representa uma síntese do Brasil e, em geral, vota como a média dos brasileiros mas também encontrará problemas pela frente. Ratinho Junior, tendo o nome do pai, pode ter mais “recall” mas, apesar de muito popular, é de um estado sem grande tradição política como o Paraná.

Candidatura Tarcísio é incógnita

O governador de São Paulo foi o primeiro a se manifestar sobre a decisão do TSE “a liderança do presidente Jair Bolsonaro como representante da direita brasileira é inquestionável e perdura. Dezenas de milhões de brasileiros contam com a sua voz. Sigamos juntos, presidente” – escreveu Tarcísio em suas redes. Dos três governadores bolsonaristas, todavia, ele é o único que pode disputar a reeleição em 2026, devendo pensar muito antes de deixar São Paulo no meio do caminho por uma eleição de resultado imprevisível.

Zema já começou a se mexer

Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema já teria formado equipe para cuidar de sua imagem por todo o país. Em segundo mandato, como Ratinho, portanto sem mais chance de reeleição, fala-se que Zema está disposto a ir para o tudo ou nada. Está mostrando disposição para isso , o que é meio caminho andado. Frente a Tarcísio teria o obstáculo de não ter sido ministro de Bolsonaro e não ter feito obras em todo o país, como o governador paulista.

Michelle partiria na frente

Nem sempre na política o candidato que começa na frente ganha eleição. Analistas imaginam que Michelle iniciaria uma campanha hoje com entre 18 a 20% de intenções de voto só por ter o sobrenome do ex-presidente. Bolsonaro, porém, nunca demonstrou interesse em que alguém de sua família dispute eleição para o executivo. Ontem falou em Michelle para senadora ou deputada federal. Alegou falta de experiência política. Teria o mesmo pensamento sobre Teresa Cristina?

Lira e Haddad

O presidente da Câmara, Arthur Lira, que está voltando de Portugal, informou em suas redes sociais ontem que falou com o ministro Fernando Haddad e os dois concordaram em uma pauta recheada para a Câmara dos Deputados na próxima semana. Citou a colocação em votação do projeto do Carf, que está trancando a pauta na casa, o Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária. Vai ser preciso muito fôlego.

Desemprego cai

O Governo Federal conseguiu um ganho ontem. A taxa de desemprego no último trimestre que se encerrou em maio caiu para 8,3%, o menor índice desde 2015. Para os altos índices nos últimos anos, por causa da pandemia, foi uma queda e tanto. Mais uma possibilidade de animação do Banco Central para promover uma queda na taxa de juros que Haddad quer que seja “expressiva”.

Pergunta que não quer calar: Sem Bolsonaro, quem vai representar a direita na eleição de 2026?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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