Politização do 7 de setembro reduz público nos desfiles das principais capitais do país

 

Comemorada há 201 anos, a Independência do Brasil foi sempre um momento de confraternização, marcado por desfiles cívicos em todo o país com a participação de civis – em geral alunos de escolas de ensino fundamental e médio – das Forças Armadas e das Forças de Segurança dos Estados. Durante o regime militar e nos últimos anos, porém, principalmente a partir da posse do ex-presidente Jair Bolsonaro, a politização da festa ganhou contornos nítidos tendo seu ápice em 2022, quando, candidato à reeleição, o então presidente convocou seus aliados e a festa “foi muito mais um comício do que um encontro cívico”, como disse ontem o ministro da defesa, José Múcio Monteiro, tentando explicar porque o público presente este ano sobretudo em Brasília, São Paulo e Rio foi aquém do esperado.

Já a professora de relações internacionais da Universidade de São Paulo, Suzeley Kalil, afirmou que “o recuo do entusiasmo da população aconteceu pela decepção com as Forças Armadas” – adiantando: “as pessoas já não vêm as Forças Armadas como instituição competente para lidar com questões que não lhe dizem respeito e devem retornar aos quartéis”. Na verdade, há que considerar duas variantes nesta questão. Em primeiro lugar, o apelo dos bolsonaristas para que seus simpatizantes não fossem ao evento e, em segundo lugar, a mobilização da esquerda no sentido contrário com o presidente Lula ocupando redes de TV para incentivar a comemoração e dizer que o 7 de setembro “não será um dia nem de ódio, nem de medo e sim de união”.

Há explicações e indagações para tudo. Pesquisa divulgada no dia 24 de agosto último, pela Genial Quest mostrou uma queda de 10% no percentual de brasileiros que dizem “confiar muito” nas Forças Armadas. Em dezembro de 2022 este percentual era de 43% e agora caiu para 33%. Mas, se os militares têm sua culpa no cartório, a direita e a esquerda parecem também ter “ a parte que lhes cabe neste latifúndio”, como escreveu Chico Buarque na sua composição “Funeral de um lavrador” . Desde o regime militar, a esquerda olha com soslaio para o 7 de setembro, participando apenas do “Grito dos Excluídos”, um movimento pequeno e cheio de bandeiras vermelhas, o que pode ter reduzido a repercussão do apelo de Lula ao comparecimento de seus militantes. Já a direita sempre foi com mais força à festa após 1964 e agora que não está no poder resolveu boicotar. Lamentável nos dois sentidos.

De vermelho

Os desfiles desta quinta-feira foram motivo de comentários na Internet em função da cor escolhida pela primeira dama Janja Lula da Silva, que compareceu de vermelho ao evento em Brasília, e da governadora Raquel Lyra, que também envergou um vestido vermelho no desfile de Pernambuco. Internautas estranharam a roupa vermelha de Raquel, alegando que ela estava querendo mostrar-se simpática aos petistas. Já Janja sofreu ataques de bolsoranistas que alegaram que ela devia estar com uma das cores da bandeira e não a do seu partido.

Messias pernambucano

Com a ida de Silvio Costa Filho para o Ministério dos Portos e Aeroportos, Pernambuco, como registramos neste blog, ficou com quatro representantes na Esplanada dos Ministérios. Algumas pessoas dizem que são cinco, citando o advogado-geral da União, Jorge Messias, que tem status de ministro e nasceu em Pernambuco. Mas há uma diferença dele para os demais. Poucos o conhecem por aqui e a AGU nunca foi citada como ministério.

Internet muda costumes na Alepe

O recurso à Internet para divulgar discursos em plenário, tem levado os deputados estaduais a preferir fazer pronunciamentos no pequeno expediente do que no segundo, quando são permitidos apartes. Falar pouco , e de forma concisa, ajuda a fazer resumos para o instagran, a rede mais usada por todos. Alguns parlamentares, porém, têm exagerado. O deputado João Paulo Silva, do PT, fez dois pronunciamentos sobre assuntos diversos quarta-feira pela manhã. Um no pequeno expediente normal e outro no tempo de liderança do PT. Ambos com tempo máximo de cinco minutos.

Pergunta que não quer calar: foram os bolsonaristas que esvaziaram o 7 de setembro ou os petistas que não se motivaram a aplaudir os militares?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br- terezinhanunescosta@gmail.com

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