Polarização freia crescimento da popularidade de Lula e mantêm Bolsonaro em evidência

 

Esta quarta-feira uma cena patética aconteceu no plenário da Câmara dos Deputados no momento simbólico de promulgação da Reforma Tributária na qual estavam presentes os presidentes dos poderes, incluindo o presidente Lula. O deputado petista Washington Quaquá, vice-presidente do PT, deu um tapa no bolsonarista Messias Donato, do Republicanos (ES), irritado porque ele e mais alguns parlamentares falavam palavras de ordem contra o presidente. Mesmo contido ainda ameaçou: “bati mesmo e, se puder, bato de novo. Comigo a porrada canta”. Esse foi um dos muitos episódios que vêm se repetindo pelo país, mergulhado em um radicalismo que não dá trégua desde a eleição de presidente em 2022.

Mesmo derrotado e inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro continua animando sua tropa pelo país ao mesmo tempo em que o presidente Lula, de quem se esperava gestos de aproximação com os eleitores do adversário que não são radicais, não está conseguindo isso. Para completar assanhou os evangélicos e católicos tradicionalistas – a maioria deles bolsonarista – em mais um pronunciamento infeliz também esta semana. Da mesma forma que Bolsonaro lá atrás prometera colocar no STF “um ministro profundamente evangélico” e escolheu André Mendonça, Lula saudou a escolha que fez do ministro Flávio Dino, afirmando em discurso: ”conseguimos colocar na Supre Corte desse país um ministro comunista”. O resultado não poderia ser outro: faz três dias que, nas redes sociais, padres e pastores reverberam essa frase incendiando os fiéis contra o PT e o presidente.

A beligerância que parece ser nutrida pelos dois lados, de forma que um alimente o outro, só é ruim para Lula que precisa governar, contar com o apoio da maioria do povo brasileiro e se manter neutro, afinal, depois de fechadas as urnas, ele passou a ser o presidente de todos e não de uma parte só. Não à toa também esta semana algumas pesquisas demonstraram que o país continua tão dividido quanto estava um ano atrás. Pesquisa do Datafolha concluiu que 90% dos brasileiros que votaram em Lula ou Bolsonaro continuam fiéis aos dois como se a eleição ainda fosse se realizar. O presidente vem sentindo isso na pele. Pesquisa divulgada esta terça-feira pelo instituto Poder Data mostrou que 35% dos brasileiros consideram o governo de Lula “ruim ou péssimo” e 32% “bom e ótimo”. Foi a primeira vez que o negativo superou o positivo em levantamentos semelhantes.

Feito à ordem

Mesmo fazendo pronunciamentos que em nada ajudam na pacificação o presidente parece que sentiu, finalmente, na pele que o mar não está prá peixe. Esta quarta convocou os ministros para uma reunião e cobrou trabalho e resultado. Vai conseguir? Está difícil. O NOVO PAC que foi anunciado com obras em todo o país, algumas sonhadas há anos pela população, ainda não saiu do papel. Da mesma forma, o ministro da fazenda Fernando Haddad, que tem responsabilidade sobre a economia, resiste, apesar dos insultos que ouve do próprio PT, em se comprometer com a produção de um déficit fiscal que pode produzir popularidade imediata mas que, a médio e longo prazo, pode ter efeitos desastrosos.

Parlamentarismo Orçamentário

Outra dificuldade do Governo reside no Congresso que engordou as emendas individuais e pode inviabilizar muitos projetos do Executivo. O líder do PT no Senado, Jaques Wagner, perdeu a paciência esta terça-feira quando chamou a manobra de “Parlamentarismo Orçamentário” advertindo que o Executivo está “eu sficando refém. “Se é assim, melhor fazer logo um plebiscito para a população decidir se deseja a implantação do parlamentarismo no Brasil”. Segundo ele, a situação está ficando tão séria que para consertar talvez seja necessário um regime parlamentarista para que os próprios congressistas entendam a responsabilidade de quem governa.

Bolsonaro em pauta

Enquanto isso, o ex-presidente Bolsonaro anda pelo país, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Sul, onde é mais popular, promovendo encontros com a presença de milhares de pessoas e desdenhando de Lula que, segundo ele, “não consegue juntar povo”. Na verdade, o presidente passou quase metade do ano viajando ao Exterior cumprindo pautas às vezes importantes, as vezes não, mas foi em algumas dessas viagens que se desgastou internamente, sobretudo pelo posicionamento adotado em relação à guerra na Ucrânia e em Israel contra o Hamas.

MDB com Elias

O MDB de Pernambuco se reúne esta sexta-feira às 10 horas em sua sede no Recife Antigo para receber o pré-candidato a prefeito do Jaboatão, Elias Gomes, e formalizar o apoio da legenda a ele. Está prevista a presença do senador Fernando Dueire, do presidente estadual, ex-deputado federal Raul Henry, da deputada federal Iza Arruda, do estadual Jarbas Filho e do prefeito de Vitória de Santo Antão, professor Paulo Roberto. Elias era filiado ao MDB mas optou pelo PT para ter mais viabilidade no pleito jaboatonense. Sobre isso diz: “eu saí do MDB mas o MDB não saiu de mim”.

Quantas famílias vão deixar de se reunir este Natal para não correr risco de presenciar discussões entre parentes bolsonaristas e lulistas?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br – terezinhanunescosta@gmail.com

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