Petrolina ganhou realce com Miguel e se prepara para um clássico em 2024
Distante 700 quilômetros do Recife, a cidade de Petrolina ganhou vida própria, é um oásis no interior de Pernambuco, mas, politicamente, sempre se manteve distante da capital. Esse jejum foi quebrado em 2022 quando o ex-prefeito Miguel Coelho se candidatou a governador e acabou conseguindo 884.941 votos no primeiro turno, 114 mil a menos que a governadora Raquel Lyra, que acabou reeleita. Miguel teve no Recife 14,78% dos votos. Foi um case de sucesso e, assim como Caruaru e Jaboatão, de onde saíram os três candidatos da oposição ao PSB que derrubaram 16 anos de mando dos socialistas, agora o mundo político estadual se volta para o que acontecerá em 2024 em Petrolina com o atual prefeito Simão Durando, cria de Miguel e seu vice, candidato à reeleição.
A saída de Miguel da Prefeitura pouco mudou no cenário do município, não só pela presença dele como do pai Fernando Bezerra e dos irmãos Fernando Filho e Antonio Coelho, eleitos deputados federal e estadual em 2022 com as maiores votações já obtidas por candidatos proporcionais na cidade. Em termos de obras idem. Os próprios adversários reconhecem que Miguel foi o mais operoso dos prefeitos petrolinenses e mudou a face urbana com intervenções elogiadas em todo o Estado. Na época, conseguiu recursos do Governo Bolsonaro. Agora, quando se pensava que o mar ia secar, o ex-senador Fernando Bezerra, através do União Brasil e do MDB, seu partido, enfronhou-se no Governo Lula e o prefeito Simão iniciou esta semana a obra de pavimentação da avenida Honorato Viana, que corta a cidade de canto a canto, e é tida como a maior da história petrolinense.
Engana-se, porém, quem imagina que a oposição a Simão Durando – bem menos conhecido que Miguel – está quieta. É só mexer no tabuleiro e disposição é o que não falta. Hoje o nome mais falado para enfrentar Durando é o ex-prefeito e ex-candidato ao senado de Raquel Lyra, Guilherme Coelho, assessor da governadora. Como o pai, Oswaldo Coelho, já falecido, ele esconde o jogo – “é muito cedo para falar de eleição do ano que vem”, disse a este blog – mas afirma que candidato de oposição Petrolina vai ter e sugere a possibilidade de união do grupo de partidos não alinhados a Simão com o objetivo de enfrenta-lo nas urnas. Os nomes são todos expressivos: os ex-prefeitos Júlio Lóssio (Solidariedade) e Odaci Amorim(PT), o deputado federal Lucas Ramos (PSB), o ex-deputado federal Gonzaga Patriota, a secretária estadual Lucinha Mota e jovens lideranças que estão surgindo. “Há esse povo todo aí. É só unir” – disse Guilherme dia desses em reunião com seu grupo político.
Júlio: “apoio Guilherme”
Eleitor entusiasmado da ex-deputada federal Marília Arraes, o ex-prefeito Júlio Lóssio não demora em afirmar : ”se Guilherme se dispuser a ser esse candidato tem meu apoio de imediato”. Os dois ficaram em palanques separados em 2022, quando Guilherme se juntou a Raquel. O próprio Júlio, porém, não tem certeza se Guilherme vai mesmo enfrentar o desafio. De qualquer forma, a idéia de união da oposição ganha corpo a cada dia. O deputado federal Lucas Ramos já disse a amigos que não pretende disputar a eleição municipal e estaria disposto a somar e o senador Humberto Costa, do PT, partido muito forte em Petrolina, esteve há poucos dias na cidade conversando com quase todos os interlocutores acima.
A força de Miguel
O que não se tem dúvida no meio político de Petrolina é da força de Miguel como apoiador de Simão. Além de ser muito forte politica e eleitoralmente, ele teve 73,41% dos votos para governador no primeiro turno do ano passado no município e deu a vitória a Raquel no segundo turno. O deputado Fernando Filho teve 55 mil votos para federal em Petrolina (Lucas Ramos teve 16 mil) e Antonio Coelho 40 mil para estadual. Simão Durando, precisa ainda de uma marca como prefeito, é o que todos dizem, mas tem hoje o apoio de 15 dos 23 vereadores petrolinenses e está investindo fortemente, além de infraestrutura, em educação. Já transformou 11 escolas de ensino fundamental em tempo integral e até o final do ano incorporará mais quatro ao novo regime.
Coelho do outro lado
O problema para o atual prefeito, porém, é que, como a família Coelho é muito forte no município, em 2024, caso Guilherme seja o candidato de oposição, o Coelho estará do outro lado. Mesmo tendo o apoio de Fernando e dos filhos, Simão não é Coelho, é Durando. Mas como Petrolina teve muitos bons prefeitos e nem todos eram da família Coelho, embora apoiados por um lado ou outro da família, o sobrenome apenas nem sempre rimou com voto na urna. Agora é pagar pra ver.
Raquel com ajuda de Lula
O Governo Lula deu um grande reforço à governadora Raquel Lyra, anunciando esta semana a liberação de R$ 50 milhões para a obra da Adutora do Agreste, a mais importante a ser concluída pela atual governadora. Para se ter uma idéia da dimensão disso, nos anos de 2021 e 2022, o então governador Paulo Câmara recebeu R$ 40,83 milhões para tocar a adutora. Vão ficar faltando, da parte do Governo Federal, R$ 35 milhões para que a água chegue ou reforce o abastecimento de municípios importantes como Caruaru e Gravatá.
Bruno prestigiado
Tem a assinatura do ex-deputado federal Bruno Araújo, a escolha de Felipe Valença como presidente da Copergás. Raquel havia pedido a Bruno um nome para a empresa depois de não conseguir firmar um acordo com o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho.
Pergunta que não quer calar: qual vai ser mesmo o tamanho do palanque de oposição em Petrolina para desafiar a liderança de Miguel Coelho?
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