Parentesco na política através de sobrenomes, próprios ou adotados, vira febre

 

Deputada Federal Clarissa Tércio, deputado estadual Júnior Tercio e, no meio, a candidata a vereadora do Recife, Gil Tercio

Na politica pernambucana, como, de resto, acontece em outros estados brasileiros, o parentesco expresso pelo sobrenome de pessoas campeãs de voto está cada vez mais dominando a disputa por espaço nos poderes Executivo e, sobretudo, legislativo. Até hoje o sobrenome Arraes é utilizado por membros de sua família na busca por votos nas eleições. Os “Campos”, apesar de descendentes de Arraes, ganharam vida própria com a ascensão do ex-governador Eduardo Campos que transferiu sua fama para os filhos, os atuais prefeito do Recife , João Campos e deputado federal Pedro Campos. A governadora Raquel Lyra e a vice Priscila Krause também descendem de pais que foram governadores. Isso só para ficar nesses mais proeminentes.

Quando se fala do poder legislativo, porém, os casos se multiplicam. A família Ferreira, dos irmãos gêmeos Anderson e André Ferreira, introduzidos na politica pelo pai Manoel Ferreira, chegaram a anexar o sobrenome Ferreira até no cunhado Fred Ferreira para ajudá-lo a conquistar a cadeira que ocupa na Câmara do Recife. A moda pegou. A família Tércio, também evangélica, fez o mesmo. Filha do pastor Francisco Tércio, muito popular entre os evangélicos, a deputada federal Clarissa Tércio foi registrada como Clarissa Borba Cordeiro de Moura mas adotou o Tércio do pai para reforçar o parentesco. Fez o mesmo com seu esposo, o deputado estadual Junior Tércio nascido José Ivanildo de Souza Junior. Agora ambos estão lançando a irmã de Junior Tércio, Gil Tércio, que também adotou o sobrenome conhecido, como candidata a vereadora do Recife.

Essa engenhosidade é aceita juridicamente pois o político pode optar pelo nome que desejar para disputar o voto, mesmo que seja inventado. No caso de multiplicação de um mesmo sobrenome, no entanto, isso pode confundir o eleitor. Sobretudo no caso de alguém que não é parente do proprietário inicial do sobrenome famoso. Na campanha de 2022 o sobrenome Bolsonaro foi usado em todo o território nacional para catapultar candidaturas de nomes desconhecidos da direita que queriam se beneficiar da onda bolsonarista. Nem todos tiveram êxito, até porque na própria família Bolsonaro já há senador, deputado federal e vereador ( os três filhos do presidente) bem mais legítimos para usar o sobrenome do pai do que aproveitadores de ocasião.

Evangélicos mais afoitos

Em Pernambuco a multiplicação de sobrenomes usando artifícios, como os citados acima, está mais presente entre os evangélicos. Como se trata de um voto de uma fidelidade canina fica mais fácil, como diz o ditado popular, “comprar gato por lebre”. No caso do pastor Francisco Tércio ficou evidente isso na eleição de 2022. Sua filha, Clarissa Tércio, ficou em segundo lugar na eleição para deputado federal e o esposo Junior Tércio foi o deputado estadual mais votado do estado. Prevê-se agora que Gil Tércio se elegerá vereadora do Recife também com muitos votos.

Os Mendonça e os Fonte

A força do sobrenome famoso levou a família Mendonça a eleger, num mesmo ano dois deputados federais: José Mendonça, o pai já falecido, e Mendonça Filho. Na eleição de 2022 o fato se repetiu quando a família “da Fonte” conquistou, dois mandatos de federal através de Eduardo da Fonte e do se filho Lula da Fonte. Há casos, porém, em que a matemática não ajuda. Em 2018 Mendonça Filho foi candidato ao senado e, no mesmo pleito, seu filho José foi candidato a federal e a irmã Isabella candidata a estadual. Os três perderam. O resultado foi atribuído ao fato de Mendonça como candidato majoritário ter desagradado os candidatos a federal e estadual – dos quais dependia para ser eleito – lançando dois parentes próximos para disputar com eles.

Prefeita Célia assume PP em Ipojuca

A prefeita de Ipojuca, Célia Sales, assumiu esta quinta-feira a direção do PP naquele município em um evento expressivo e de pré-lançamento do nome da vereadora Adilma Barbosa como candidata a prefeita. Adilma, como Célia, também se filiou ao PP. A oposição no município tem vários postulantes mas busca uma unidade antes de lançar um nome pois como em Ipojuca não tem segundo turno e se a oposição disputar dividida pode ficar em desvantagem no pleito.

por que o ministro e deputado federal licenciado Silvio Filho não gosta da idéia de uma Federação juntando o Republicanos com o PP e União Brasil?

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