Os sujeitos ocultos da eleição municipal de 2024
Em toda eleição é normal o cerco a figuras importantes capazes de influir nas intenções de voto dos candidatos que apoiam. Esta tendência tem sua importância em eleições nacionais e federais, porque são casadas, mas está acabando em eleições municipais, onde valem mais as questões locais. Mas ainda existem nomes capazes de tirar voto, mesmo em eleições municipais. São os prefeitos ou ex-prefeitos que não têm boa imagem no município ou dos quais a população se cansou. Já não é fácil um prefeito se reeleger pois na eleição para o segundo período de mandato ele já tem que prestar contas do primeiro. Mais difícil ainda é alguém que, terminados seus dois mandatos, ainda imagina eleger um auxiliar para substituí-lo no poder.
Este ano, Pernambuco enfrentou essa situação em municípios como Camaragibe, Paulista, Olinda e, de certa forma, em Jaboatão. Os candidatos apoiados por ex-prefeitos ou prefeitos em final de mandato corriam risco de perder – as pesquisas mostravam isso – se aparecessem ao lado dos seus afilhados. Em Camaragibe dizia-se que Diego Cabral não tinha chance de vencer ao lado da prefeita Dra Nadegi, que se afastou do palanque; em Paulista, a rejeição a Yves Ribeiro era tamanha que ele próprio não ganharia a eleição, o que o fez renunciar à disputa; em Olinda, a oposição conseguiu no primeiro turno colar a rejeição do prefeito professor Lupércio à sua candidata, Mirella Almeida, e o mesmo foi aconselhado a ficar nos bastidores no segundo; e em Jaboatão dava-se como certo que o ex-prefeito Anderson Ferreira que enfrentou três eleições seguidas (duas de prefeito e uma de governador) poderia prejudicar o atual prefeito Mano Medeiros.
Nada que um marketing bem feito não pudesse resolver mas preferiu-se não arriscar criando os chamados “sujeitos ocultos da eleição”, definidos como figuras proeminentes que continuaram apoiando seus candidatos mas não puderam aparecer no palanque. A oposição acusou o golpe e continuou chamando-as para o centro da cena política mas não foi atendida e o resultado é que Diego Cabral se elegeu em Camaragibe; Mano Medeiros, já no primeiro turno, em Jaboatão; Severino Ramos deve ser eleger em Paulista (com Yves embaixo do palanque); e Mirella Almeida virou o jogo no segundo turno, podendo vencer no próximo domingo. Todos longe da rejeição que os ameaçava.
As costuras em alta dimensão
A vaidade dos políticos é conhecida e poucos declinam, nem mesmo correndo o risco de perder uma eleição. Este blog apurou que não foi fácil nos quatro municípios convencer estes sujeitos ocultos a permanecerem no anonimato. Em alguns casos coube às famílias resolverem a situação pois os assessores declinaram da missão mas em outros como Jaboatão a estratégia contou com a participação do próprio Anderson Ferreira, que entende de marketing, e sentiu que era sua vez de dar lugar a Mano na cena principal. Mano inclusive foi às carreatas acompanhado apenas da esposa Andréia e da vice-prefeita.
As dificuldades da caminhada
A rejeição, que está derrotando Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, e Maria do Rosário (PT), em Porto Alegre, é má conselheira em qualquer eleição. Quando se trata do próprio candidato não há o que fazer a não ser tentar reduzí-la. Quando a culpa está no apoiador menos mal mas, mesmo assim, não vale correr o risco. Prefeitos ou ex-prefeitos rejeitados conseguem impedir que a população conheça até as qualidades de um candidato por eles apoiado. Em Olinda dizia-se que Mirella não tinha chance mesmo sem conhecê-la, por conta de Lupércio. Mano Medeiros desabrochou depois que subiu sozinho no palanque e andou nas ruas onde fez muitas obras em Jaboatão. Ninguém dava nada por Diego Cabral em Camaragibe até ele se tornar “independente” e Ramos só conseguiu virar fenômeno nas ruas em Paulista depois que Yves saiu do cenário.
Por que o Instituto Veritá já anunciou pesquisa em Olinda duas vezes e não publicou o resultado?
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