O que foi sem nunca ter sido

 

A falta de entendimento entre o Palácio do Campo das Princesas e a Assembléia Legislativa produziu esta quarta-feira um factoide sem tamanho quando, negando qualquer entendimento em torno do assunto, a Oposição se recusou votar, em regime de urgência, quatro projetos do Executivo. E, o pior, adiou deliberações importantes para o equilíbrio das contas públicas e para atendimento de comunidades pobres da Região Metropolitana em especial do bairro de Peixinhos, em Olinda, como lembrou na comissão de justiça o deputado estadual João Paulo Silva, do PT. Também ficou prejudicado o projeto Sertão Vivo, financiado pelo BNDES que motivou a vinda a Pernambuco na semana passada do presidente do Banco, Aloísio Mercadante. Embutido em um empréstimo de R$ 650 milhões, que a governadora solicita autorização dos deputados para contrair,  está a contrapartida do estado a essas iniciativas.

Erros aconteceram dos dois lados mas uma coisa ficou clara: um governo que tem uma oposição forte na Assembléia e um presidente de viés oposicionista não pode acreditar, como parece que acreditou, que projetos enviados pela governadora Raquel Lyra no final do prazo regimental seriam votados em um só dia nas comissões e no plenário, sem cumprir os prazos para apresentação de emendas. Isso já aconteceu antes na Assembléia? Aconteceu e muito na época dos governadores Eduardo Campos e Paulo Câmara quando o presidente da Alepe era Guilherme Uchoa que garantia os acordos firmados e todos obedeciam.

Não é este o clima vivido hoje no Poder Legislativo e até as paredes do Palácio do Campo das Princesas sabem disso. Mas foi “vendido” à bancada governista  por pessoas do próprio Palacio, como confirmaram deputados a este blog, a idéia de que teria sido celebrado um acordo com o presidente da Alepe, Álvaro Porto, no sentido de liquidar toda essa fatura em um dia só. E o que fez o Governo? Mobilizou seus deputados para voltar a tempo do interior e garantir o quórum necessário à votação nas comissões e no plenário. Mas, a realidade bateu à porta logo  na Comissão de Justiça, a primeira a se reunir, quando os deputados do PSB e o deputado coronel Alberto Feitosa negaram qualquer entendimento nesse sentido e pediram vista de todas as matérias, adiando por no mínimo 14 dias ( 10 dias úteis)  qualquer deliberação. Como a Alepe entra em recesso dia 1.o a votação pode ficara para agosto.

– “Quando cheguei na Assembléia já fiquei desconfiado – disse a este blog o presidente da Comissão de Justiça, deputado Antonio Moraes, acrescentando: “a direção da casa não havia colocado o projeto na Ordem do dia no plenário e o deputado Alberto Feitosa, cujo afastamento da comissão havia sido pedido pela bancada do PL, não havia sido substituído pelo deputado Ricardo Antunes”.

Como o Pilatos no credo

Quem teria, enfim, feito o tal mal-assombrado acordo? Até o final da tarde desta quarta ninguém cravava o nome do autor do mal entendido. Mas, pedindo off, alguns parlamentares informaram que quem teria falado com o presidente Álvaro Porto teria sido o primeiro secretário, deputado Gustavo Gouveia, um dos intermediários entre o Palácio e a Alepe. Deputados ouviram Gouveia ao telefone com o presidente na quarta-feira da semana passada falando da liberação de emendas para a bancada de oposição, o que acabou acontecendo. Daí se presumiu que por conta das emendas  liberadas a casa estava pacificada. De qualquer forma existe algo de muito estranho em torno disso: Gustavo Gouveia não apareceu na Alepe ontem e nem atendeu telefonemas de jornalistas e nem de colegas deputados.

Gleisi recifense

Esta quinta-feira a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, recebe o título e cidadã do Recife em sessão solene da Câmara Municipal, às 18 horas. A proposta, aprovada por unanimidade, foi da vereadora Liane Cirne(PT). Gleisi deve, enfim, falar sobre o imbróglio criado entre o PT e o PSB em torno da vice do prefeito João Campos. Da última vez que esteve por aqui, a presidente disse: “eu não trabalho com a hipótese de não ter o PT na vice”.

Quem vai pagar o pato pelo que aconteceu ontem na Assembléia?

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