O que está por trás do “freio de arrumação” de Humberto sobre aliança PSB/PT no Recife

As palavras contundentes usadas pelo senador Humberto Costa este final e início de semana sobre uma aliança entre o PSB e o PT no Recife deu o que falar. Ele pôs em cheque a nota oficial do PT-Recife, que praticamente assegurava o apoio à reeleição do prefeito João Campos, afirmando que a aliança com o prefeito não está fechada, e avisou que “a Frente Popular acabou”. Segundo um importante dirigente do PT estadual, o senador sabe que há uma recomendação nacional para a manutenção da aliança entre o PSB e o PT que ganhou maior relevância com a indicação de Geraldo Alckmin, hoje no PSB, para vice do presidente Lula, mas acha que tanto o PT- Recife quanto o prefeito estavam pra fechar um acordo próprio que não dava qualquer segurança aos petistas. E resolveu, como diz a linguagem popular, “chutar o pau da barraca”.

Humberto, segundo esta mesma fonte, acha que para apoiar o prefeito “o PT precisa ser tratado como protagonista e não mais como coadjuvante, como acontecia na época do governador Eduardo Campos”. Isso incluiria, não só compromissos claros com políticas públicas voltadas para a população carente, como um vice-prefeito escolhido pelo PT mas acordado com João Campos só a partir da escolha partidária e uma sinalização sobre a eleição de 2026.

O senador ficou profundamente irritado quando tomou conhecimento de que o PT Recife, não só havia acordado com o prefeito o apoio da legenda a sua reeleição, como até o convidara para ir ao encontro no sábado receber oficialmente o apoio partidário (João acabou desconvidado). Os petistas recifenses também estava, a a passos largos, discutindo nomes para a vice com o prefeito e não com o PT. “Pelo que vinha sendo articulado, João Campos receberia o apoio e resolveria a vice. Tudo que Humberto vinha combatendo em entrevistas, ao ressaltar que era necessário um tratamento de protagonismo ao partido. Por isso quando falou que a Frente Popular acabou ele mandou também um recado para o prefeito de que a aliança não tem mais um dono como aconteceu no passado”.

Atravessado na garganta

Nos corredores da Assembléia Legislativa o comentário ontem era de que Humberto tem um osso atravessado na garganta em relação ao prefeito desde 2022. Na época, o governador Paulo Câmara havia encomendado uma pesquisa testando nomes do PSB e do PT para governador e essa mesma pesquisa concluiu que Humberto era o nome mais forte para o Governo. Para senador o próprio Paulo aparecia bem. Marcou-se então uma conversa com Lula em São Paulo com a presença de Humberto e Paulo Câmara para mostrar a pesquisa. João Campos tomou conhecimento e chegou de surpresa ao encontro onde teria dito que o PSB não abriria mão de indicar o candidato a governador. Ou seja, rifou Humberto para escolher Danilo Cabral que acabou em quatro lugar.

Cirilo fala agora em Frente Popular de Esquerda

Depois que Humberto falou que a Frente Popular acabou, o presidente do PT do Recife Cirilo Mota, disse em nota esta terça-feira, que o partido discute a formação de uma “Frente Popular de Esquerda” ( não explicou a diferença). Cirilo, escolhido para presidir o GTE ( Grupo de Trabalho Eleitoral) que vai analisar alianças na capital em 2024, reitera na nota que o partido decidiu pelo alinhamento político com o PSB e pela oposição à governadora Raquel Lyra. Foi a resposta ao senador.

Bispos na Alepe

Um dia depois que o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jacson, foi homenageado na Assembléia, ontem foi a vez de outro bispo passar parte do dia com os deputados estaduais. Foi o bispo de Nazaré, Dom Francisco Lucena. Convidado pelo deputado Kleber Chaparral (UB), Dom Lucena conheceu todas as dependências da Alepe, os trabalhos realizados e acabou no buraco frio onde Chaparral ofereceu almoço aos colegas em comemoração ao seu aniversário. Pelo comparecimento dos parlamentares – mais de 25 – houve brincadeiras de que dava quórum para votação, se necessário.

Pergunta que não quer calar: Quando vai ter fim a novela PSB/PT no Recife?

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