O que a eleição da França deste domingo pode ensinar ao Brasil?

 

Presidente da França Emmanoel Mácron e Governador gaúcho Eduardo Leite

– “O fanatismo e a inteligência nunca moram na mesma casa”- citou, em mensagem no Instagran esta segunda-feira, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, lembrando que esta frase de Ariano Suassuna poderia ser aplicada ao que aconteceu este domingo na França onde, segundo ele, pelo que se explicou inicialmente, a esquerda saiu vencedora no segundo turno das eleições legislativas quando o vencedor teria sido o centro. “O centro francês não morreu, teve o maior crescimento do primeiro para o segundo turno. O centro é necessário para a democracia, traz equilíbrio a atende ao censo comum. Ele protege a democracia e garante vida melhor para todos”- falou. Eduardo Leite deixou claro que este exemplo pode ser aplicado ao Brasil, imerso em uma polarização politica sem precedentes.

O governador tem razão? Na verdade, é isto que está ficando claro após a grande festa promovida pela esquerda francesa para comemorar o fato de ter chegado em primeiro lugar no segundo turno, enquanto o grande artífice do resultado eleitoral, surpreendente aos olhos do mundo, foi o presidente “aparentemente derrotado”  Emmanuel Macron que preferiu ficar em silêncio aguardando a poeira baixar. Agora sabe-se que Macron, como ficou patente nas discussões sobre o assunto no Passando a Limpo da Rádio Jornal esta segunda,  esteve por trás do grande acordão entre o centro – representado por sua coalisão que conquistou 162 cadeiras no Parlamento – e a esquerda cuja coalizão conquistou 182 cadeiras (só 20 a mais) para engabelar a direita, representada pela Reunião Nacional e aliados e que acabou com apenas 143 assentos quando já tinha 1.o ministro escolhido.

Agora a esquerda vai precisar do apoio do Centro de Macron e de outros partidos menores da mesma tendência centrista para fazer maioria e poder governar. Em função disso é que vai ser escolhido um primeiro ministro que pode não ser um dos deputados de esquerda eleitos e que já se colocaram como candidatos. Macron, sem dúvida, vai ser importantíssimo nesta decisão e deve estar por trás dele a declaração do grupo vencedor de apoio irrestrito à Ucrânia e de moderação em relação à imigração, não escancarando as portas mas defendendo uma regulamentação do assunto que passe pela proteção dos direitos de quem já migrou, como defende o presidente francês. Embora o Brasil não seja um país parlamentarista, o que remete a negociações, o fato do centro ter tido uma função tão relevante numa França que tendia a uma enorme polarização, pode servir de consolo e exemplo para quem, como o governador, deseja ver um Brasil menos radicalizado.

Novos tempos

As últimas eleições européias não deram ao mundo apenas o exemplo da França. Na Inglaterra o Partido Trabalhista, considerado de esquerda, voltou ao Poder após 14 anos de ostracismo. Mas, para vencer as eleições, as próprias lideranças da legenda cuidaram de anunciar que conseguiram a vitória adotando posições mais ao centro do espectro ideológico. O mesmo fez Marie Le Pen, líder da Ultra direita da própria França, que, entusiasmada com a possibilidade de vencer a eleição, declarou que seu partido fez mudanças em sua linha de conduta e não era de extrema direita como se pregou e acontecia no passado, mas de direita apenas. Sinal dos Tempos?

Municípios podem aumentar número de vereadores

Ontem o TRE divulgou a relação dos 13 municípios de Pernambuco, incluindo a capital, que vão perder vereadores na disputa pela cadeiras na Câmara este ano pois todos perderam população em anos recentes, de acordo com o Censo. E como ficam os municípios que tiveram aumento de população? Indagado por este blog o TRE informou que, no caso desses municípios, eles podem por conta própria fazer sua adequação mas não são obrigados a isso. Se continuarem com os números atuais não serão punidos. A decisão é da Câmara de Vereadores. Já se sabe que Goiana e Ipojuca, que atualmente têm 15 vereadores, aumentaram a população e vão acrescentar duas vagas à Câmara ficando com 17 cadeiras cada um. O mesmo pode acontecer nos demais municípios em situação semelhante.

Calados

A Prefeitura do Recife fez leilão na semana passada em São Paulo, como revelou esta blog, concedendo à iniciativa privada a operação e manutenção dos grandes parques da cidade entre os mais famosos o da Jaqueira e do Dona Lindu. Até agora não se viu um comentário sobre o assunto, sobretudo do PSOL, que denunciou que o prefeito, o que também fizeram algumas tendências do PT, estava orquestrando a “privatização dos espaços públicos da cidade”.

Novidades no front

Agora que se aproxima a época das convenções partidárias começam a vir à tona as novidades encobertas pelos partidos. Começou pelo PP que garantiu um mandato temporário de deputada federal para a vereadora Michelle Collins e de estadual à ex- deputada Roberta Arraes com o propósito de ajudá-las na luta pelas prefeituras do Recife e de Araripina. Esta segunda veio a público a decisão do ex-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, de se desincompatibilizar para ficar à disposição do PSDB, caso o ex-prefeito Júlio Lóssio resolva não disputar o mandato de prefeito por problemas de saúde. Também se fala na possibilidade de Guilherme ser o vice de Júlio.

Que novidades ainda vão surgir na arena política das eleições deste ano no estado até o final do prazo das Convenções, dia 5 de agosto?

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