O “conto” da candidatura de Elmar que ajudou a consolidar o quadro eleitoral no Recife

O apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ao deputado federal do Republicanos, Hugo Mota, para sucedê-lo em 2025, declarado esta terça-feira, sepultou a pretensão do deputado federal Elmar Nascimento, do União Brasil, de suceder Lira e desnudou um  episódio pitoresco em torno da eleição deste ano no Recife, que acabou ajudando o prefeito João Campos  a aumentar muito seu tempo de televisão.          

Em encontro com Elmar, no auge do processo de sua “candidatura” na Câmara, e intermediado pela família Coelho, João se comprometeu a garantir ao deputado do União Brasil os 14 votos da bancada do PSB na Câmara, em troca do apoio do partido à sua reeleição. Entusiasmado com a promessa no momento em que sua candidatura estava em céu de brigadeiro, Elmar foi à direção nacional do partido defender o engajamento da legenda na base de apoio do prefeito, contra o posicionamento do deputado federal Mendonça Filho que acabou tendo que engolir o prato feito. Mendonça se afastou momentaneamente da presidência do partido na capital e ficou dissidente enquanto João e os Coelhos comemoraram a conquista.

O tempo do União Brasil na TV, o terceiro maior do país, foi fundamental para o então candidato João Campos ocupar 50% da propaganda exibida na TV aberta, considerada este ano mais forte do que a mídia digital, e fortalecer, no nascedouro, o caminho vitorioso que o percorreria até receber 78% dos votos no dia 6 de outubro. Sem o União Brasil, sabe-se agora, João venceria sem problemas mas teve menos trabalho, evidentemente. Além disso evitou que este tempo, ficando com outro candidato, reduzisse o seu percentual. Os Coelhos foram beneficiados, ocuparam a secretaria de turismo do Recife e Mendonça ficou sem palanque partidário exatamente na capital, onde foi duas vezes candidato a prefeito.

Sorte ao lado

Na política a sorte também é fundamental, embora sem trabalho duro não se chegue a lugar algum. Se teve sorte em diversos episódios de sua vida pública como na época em que se elegeu deputado federal junto com seu pai José Mendonça e quando foi vice de Jarbas Vasconcelos ganhando o direito de, sucedendo-o por dois anos, figurar na famosa galeria dos governadores do Palácio do Campo das Princesas, Mendonça não contou com os bons ventos em 2024. O pior é saber agora que o sacrifício foi em vão pois Elmar nem candidato a presidência da Câmara vai ser. Foi tudo o sonho de uma noite de verão.

João Campos candidato?

Em entrevista esta segunda-feira ao Roda Viva, da TV Cultura, o prefeito João Campos não pode fugir à pergunta fatídica: se seria ou não candidato a governador. Repetiu o que tem dito desde que se elegeu e até durante a campanha: que é candidato a ser o melhor prefeito do Recife. Mas acrescentou que ninguém é candidato de si mesmo e que no tempo certo havendo um grupo, um projeto, ele pode discutir um projeto de oposição e uma candidatura mas que ainda é muito cedo. Não poderia ser mais claro.

Daniel foi o protagonista

Esta terça-feira, entrevistado pelo Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o presidente estadual do PSDB, Fred Loyo, deixou claro que a governadora Raquel Lyra não esteve mais presente na campanha de Daniel Coelho, candidato do PSD a prefeito do Recife, porque a estratégia da campanha foi do próprio Daniel. Não foi adiante. Ficou a dúvida, se o candidato não convidou a governadora a estar no seu palanque ou preferiu não submetê-la a um desgaste de um confronto direto com João Campos. Com a palavra, Daniel.

Se Raquel tivesse participado ativamente da campanha de Daniel, como fez em Olinda e Paulista, o resultado seria outro?

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