No terceiro ano da gestão Raquel Lyra, Alepe vivencia fortes debates entre Governo e Oposição

 

Líder do Governo na Alepe, Socorro Pimentel,  conversa com Alberto Feitosa, um dos líderes da Oposição

O governo Raquel Lyra, que teve seus dois primeiros anos de administração enfrentando dificuldades na Assembleia Legislativa mas com discussões restritas às comissões da casa onde o Governo tinha maioria e, por isso, eram mais abafadas, tem experimentado nos últimos tempos a transferência desses embates para o plenário. Antes, deputados governistas faziam discursos no pequeno expediente mostrando os avanços do Governo e a oposição se pronunciava também no pequeno expediente, onde não são permitidos apartes, fazendo suas críticas.

Esta segunda-feira, no entanto, a discussão direta atingiu em cheio o plenário e, de tão extensa, levou os policiais civis, que lotavam as galerias à espera da votação de um projeto do Governo que os beneficiava e vinha sendo adiado há duas sessões, a interromper os oradores com gritos de “vota, vota, vota”, desinteressados sobre o que se dizia ou se rebatia. O motivo da discussão foi a derrota do projeto que autoriza o estado a contrair empréstimo de R$ 1,5 bi na comissão de finanças e o discurso da líder do Governo, deputada Socorro Pimentel, que fez um “apelo à responsabilidade pela casa” e acusou a oposição de “por interesses momentâneos e operações de última hora, querer colocar em risco obras e programas que beneficiam diretamente a população”.

O autor do substitutivo que derrubou o projeto do Governo em Finanças, o deputado estadual Antonio Coelho, do União Brasil, alterou o projeto original que prevê a aplicação dos recursos no Arco Metropolitano e na duplicação da BR-232 entre São Caetano e Arcoverde, destinando 50% deles para o municípios fazerem obras locais. O primeiro a responder à líder do Governo, Coelho afirmou que a Alepe já autorizou a governadora a contrair empréstimos num total de R$ 9,5 bi, disse que não houve detalhamento da aplicação dos recursos e eles não teriam beneficiado diretamente os municípios. Sugeriu que o Governo destinasse às grandes obras recursos de outros empréstimos, o que foi rebatido pela deputada Débora Almeida, explicando que não dá alterar um projeto já negociado via tesouro nacional cujas coordenadas são previamente estabelecidas, além de afirmar que a proposta é inconstitucional.

Municipalismo em cheque?

Mas Débora não ficou por aí, provocando Coelho usando como exemplo sua própria família que tem base política em Petrolina: “não entendo como o colega, de repente, virou municipalista. O ex-senador Fernando Bezerra Coelho foi votado por nós em São Bento do Una e nada enviou para lá, concentrando todo seu esforço em Petrolina”. Coelho enumerou o trabalho do pai no Senado mas foi o deputado do PSB, Waldemar Borges que, em parte, foi mais incisivo dizendo que a Alepe “tem sido generosa com a governadora e é seu direito discutir a destinação dos recursos”, argumentando que estaria havendo “cooptação, através de verbas, de lideranças políticas do interior e é necessário saber de onde estão vindo esses recursos”.

Diogo, Sileno e Antunes

O deputado Diogo Moraes, também do PSB, afirmou que a Oposição vai exigir a abertura de contas específicas sobre os empréstimos para saber para onde os recursos estão indo, com o que concordou o deputado Sileno Guedes que elogiou o parecer dado em Finanças por Antonio Coelho e disse que a oposição vai estar cada vez mais vigilante. Coube, por fim, ao deputado Renato Antunes, governista, encerrar as discussões. Qualificou de “oportunista e casuística” a posição dos oposicionistas sobre o empréstimo e explicou que se a governadora pediu autorização para ir em busca de R$ 9,5 bi é porque o estado passou anos nas gestões socialistas sem conseguir tomar empréstimos pois  “por ser mal gerido e tendo atrasado pagamentos, acabou rebaixando a Capacidade de Pagamento ao nível C”. Explicou que Raquel já conseguiu colocar o Estado em nível B e Pernambuco precisa de recursos para fazer investimentos que mudem a realidade da população.

Quanto tempo a Assembleia vai levar para submeter ao plenário a votação do empréstimo de R$ 1,5 bi solicitado pelo Poder Executivo?

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