Namoro de Lula com Raquel pode levar a casamento político?

Poucos lembram que o ex-governador João Lyra Neto, pai da governadora Raquel Lyra, já foi do PT, tendo presidido o partido em Caruaru entre 2001 e 2005. Não é só por isso, no entanto, que a governadora de Pernambuco é hoje, entre os atuais governadores, o mais bem recebido no Palácio do Planalto e por todo o ministério. O desejo do presidente de aparecer a seu lado levou à realização, esta semana, de um evento em Brasília para autorização de um empréstimo da Caixa Econômica a Pernambuco no valor R$ 1,7 bilhões, quando a assinatura do documento comprova que ele foi firmado em 5 de julho no Recife.
Lula não só posou para fotos, assinando o documento como testemunha, como convidou para estarem presentes ao ato os senadores do PT, Humberto Costa e Teresa Leitão e os deputados federais do PT e PSB além de Túlio Gadelha, da Rede. Entre os presentes, Pedro Campos, irmão do prefeito João Campos, adversários de Raquel. Se o presidente tomou esta providência para demonstrar união do estado em torno de si, o que o beneficia, também fez o mesmo com a governadora que também lucrou pela presença no ato de seus adversários. Afinal, com este jogo de cintura, ela conseguiu, em seis meses, o aval de Lula para empréstimo de R$ 3,4 bi junto à CEF e BB, quando o prefeito João Campos precisou recorrer a financiamento de externo, e vem sendo atendida em todos os pleitos federais.
Em uma visita a Recife, o ministro Renan Filho, dos Transportes, assegurou de uma só vez, a construção de metade do Arco Metropolitano, com o estado se responsabilizando pelo restante e concluir a duplicação da BR -104, a duplicação da BR-232 até Arcoverde e da 423 até Garanhuns (a ordem de serviço para Garanhuns deve ser assinada no final deste mês). A governadora ouviu ainda o compromisso do Governo Federal com o ramal de Suape da Transnordestina, com as barragens da Mata Sul e com a Transposição do São Francisco que vai levar água ao agreste. Só está faltando uma solução para o metrô que se encontra em negociação. Na Assembléia Legislativa é voz corrente entre os deputados que só o governador Eduardo Campos chegou tão longe quando foi eleito no segundo mandato de Lula.
Luquel ainda ecoa no meio político
Não se tem notícia de aproximação da governadora com Lula antes dele ser eleito. Só na campanha de 2022, no segundo turno, quando, embora os dois não tenham se encontrado, ganhou as ruas a chapa Luquel abraçada até por pessoas do PT descontentes com a candidata Marília Arraes. A chapa criada por inspiração do secretário Daniel Coelho fez com que o casamento dos dois nomes – Lula para presidente e Raquel para governadora – beneficiasse os dois. O presidente eleito, que queria ter o maior percentual de votos possíveis em seu estado, e Raquel que enfrentou Marília, a candidata oficial de Lula.
Como ela chegou lá
Inspirada na chapa da campanha, Raquel declarou ainda no segundo turno que, eleita, procuraria de imediato o vencedor da eleição porque o que lhe interessava era fazer o melhor para o seu estado. Além da vontade de chegar perto de Lula, contou nos bastidores com a ajuda do deputado federal Túlio Gadelha, da Rede, que abraçou sua campanha afastando-se da esquerda e, consequentemente, de Marília. Túlio contou a este blog que para apoiá-la teve o aval de Lula e do senador Randolfe Rodrigues, da Rede, seu partido. Hoje o deputado não só a acompanha em Brasília pelos ministérios como está presente em todos os atos públicos do Governo no interior.
Namoro e casamento
“Esse namoro pode dar em casamento” disse a este blog um deputado estadual da base de Raquel achando que não se pode afastar a hipótese da governadora, mais para a frente, se compor até mesmo com o PT no estado. Acenos têm sido feitos lado a lado mas o PT exige que ela se distancie do PL de Bolsonaro. No plano federal o que está em jogo para Lula é que Raquel o ajude a conquistar o apoio do PSDB, conseguindo fazer com que os tucanos se juntem à base governista no Congresso, ajudando a isolar o PL. Interesses recíprocos sem dúvida ajudam numa composição. Aliás não foi à-toa que Lula, em duas vezes no Recife, enfrentou vaias de petistas à governadora, defendendo-a com vigor.
Renan também no circuito
Outra peça nesse jogo é o ministro dos transportes, Renan Fillho, tido como um trator para tocar obras. E Raquel chegou a ele antes mesmo de Lula, convidando para secretário de planejamento e gestão de Pernambuco um dos seus homens fortes em Alagoas: o atual secretário da área Fabrício Marques Santos. Fabricio foi secretário de planejamento de Renan até o ano passado, depois de passar pela secretaria da Fazenda e de ser presidente do Conselho de Concessões e PPPs de Alagoas.
Pergunta que não quer calar: Que espaço administrativo Raquel daria ao PT, caso o partido venha a fazer parte de sua base?
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