Na ponta do lápis, Governo e Oposição contam seus votos na Alepe

 

Apesar do feriado desta quarta-feira, que deslocou a maioria dos deputados estaduais para suas bases – movimento natural em ano de eleições municipais – continuam frenéticas as contas que estão sendo feitas  nos bastidores das bancadas do Governo e da Oposição sobre os votos que cada lado tem no plenário da Assembléia Legislativa.

O motivo é a votação do projeto da extinção das faixas salariais da PM e Bombeiros na próxima terça-feira à tarde. Embora o substitutivo da oposição, proposto pela deputada Gleide Ângêlo, tenha morrido – como se fala no jargão político – depois que foi derrotado de forma terminativa na Comissão de Finanças,  não se descarta a possibilidade dos oposicionistas – mais afoitos do que em qualquer Governo – tentarem derrotar o projeto da governadora Raquel Lyra, o único que vai entrar em votação e que tem duas versões: a original e uma segunda da deputada Socorro Pimentel que apenas acrescenta duas emendas dos deputados Mário Ricardo e Fabrizio Ferraz.

Como quem já se queimou tem medo de água quente, o Governo, surpreendido com algumas derrotas nas principais comissões da casa, após manobras regulamentares da oposição, está fazendo suas contas desde esta terça-feira pois a matéria só será aprovada com o voto de 25 deputados. Ao mesmo tempo, a oposição também faz suas contas, mesmo sabendo que o peso governamental no plenário é muito maior do que nas comissões.

Um deputado da base governista disse a este blog esta quarta-feira que “os dois lados estão com dificuldade para fazer maioria, embora o Governo possa superar isso nos cinco dias que nos separam da votação”. Alguns projetos votados na Alepe pedem maioria simples então se mais governistas estiverem no plenário do que oposicionistas, mesmo com a ausência de parlamentares ,a matéria é aprovada independente do número de votos dados.

“Tudo vai depender do clima até lá”- afirmou a este blog um deputado da oposição, reconhecendo que a derrota da proposta de Gleide Ângelo, de certa forma, arrefeceu o ânimo dos que desejavam acabar as faixas salariais em 2025 e não 2026, como se propõe o Governo.

Tropa desanimou

Na verdade, o desânimo oposicionista não se deu apenas entre os parlamentares que cansaram a língua de tanto falar nas diversas comissões  da casa onde o projeto foi discutido durante 57 dias, mesmo estando em regime de urgência. Os militares , que chegaram a lotar os corredores da Alepe e causar tumulto no início do processo, além de se concentrar na frente casa, desapareceram por completo. Na segunda-feira desta semana um carro de som ainda tentava animar cerca de trinta policiais à paisana que foram acompanhar as discussões. Já na terça nem carro de som e nem policiais apareceram.

Sentiram-se frustrados

A versão dada nos corredores da Alepe para esta ausência dos manifestantes foi a de que, de tanto ouvirem as discussões, eles teriam se convencido de que acreditaram em algo que lhes foi passado e que não era verdadeiro. Sentiram que a proposta da oposição era inconstitucional e que , mesmo que ganhassem no voto, perderiam na justiça. Por isso, a ameaça feita no início do processo pelo deputado coronel Alberto Feitosa de encher as galerias da Assembléia no dia da votação, para forçar os deputados a votar contra o Governo, pode não acontecer. E mesmo acontecendo não terá o ânimo necessário para impactar os que estão dispostos a encerrar de vez uma discussão que já foi longe demais.

Álvaro deu ponto final

O presidente da Assembléia, deputado Álvaro Porto, também está convencido de que o processo se exauriu. Na terça-feira quando a Comissão de Finanças derrubou o projeto de Gleide Ângelo e aprovou o substitutivo da deputada Socorro Pimentel, haveria, pelo regimento da casa, a necessidade do substitutivo de Socorro voltar à comissão de Justiça e depois ser submetido às comissões de Administração e Segurança mas Álvaro ligou para as deputadas Débora Almeida e Socorro Pimentel, da bancada do governo, e disse que na próxima terça o assunto vai ser encerrado. Por decisão da mesa diretora, as comissões que ainda precisam se pronunciar o farão em plenário só no voto e, em seguida, os deputados presentes darão o veredicto final.

Os deputados Alberto Feitosa, Joel da Harpa e Abimael Santos, todos votados na área de segurança, terão força para lotar as galerias da Alepe na próxima terça-feira?

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