Mais popular que Lula e Raquel no Recife, João Campos pavimenta caminho da reeleição

 

É voz geral que os candidatos à reeleição têm mais vantagem na disputa eleitoral que os nomes da oposição. Com a máquina na mão e inaugurando obras sucessivas, eles dominam o debate mais cedo e passam a pontuar bem nas pesquisas, atraindo apoiadores. O prefeito do Recife, João Campos, tem aliado a isso a falta de oposição – mais de 80% dos vereadores o apoiam – e um grande volume recursos nas mãos para, em pouco mais de um ano, vencer todos os obstáculos que enfrentou na pandemia quando quase todo o país parou. E Recife também. O resultado de tudo isso, que já vinha sendo mostrado em diversas pesquisas, revelou-se cristalino, ontem, na divulgação da mais recente pesquisa do Ipespe, realizada em parceria com o Sistema Jornal do Commércio de Comunicação.

O atual prefeito, que comemorou o resultado – “não há como não ficar feliz quando fazemos o que gostamos e a população reconhece” – está com sua aprovação na capital superior à do presidente Lula – ele tem 71% e Lula 67% – e muito na frente da governadora Raquel Lyra que tem 44%. Somando-se a isso venceria a eleição no primeiro turno em todos os cenários testados. Dos possíveis pré-candidatos a prefeito até o momento, o mais forte é o ex-prefeito João Paulo Silva, do PT, e, mesmo assim, num embate direto com o prefeito (em um provável segundo turno) teria apenas pouco mais de 30% dos votos de João Campos. O prefeito ficaria com 61% dos votos e o petista com 23%. Somente no confronto de primeiro turno com todos os pré-candidatos, João Campos teria 50% dos votos. João Paulo ficaria com 15%, Daniel Coelho com 7%, Priscila Krause com 5%, Gilson Machado com 2%, o mesmo percentual de Dani Portela, e Túlio Gadelha 1%. Em votos válidos toda a oposição somaria 32% dos votos.

O cenário demonstra que, se a eleição fosse hoje, e tivesse o apoio do PT , o prefeito poderia ficar imbatível. Mas há uma pedra no meio do caminho que é a vaga de vice. O PT só admite subir no palanque do PSB se indicar o vice e ameaça, não sendo assim, ter candidato próprio. Ouvido ontem por este blog, João Campos deixou claro que esse assunto não está em sua cogitação, no momento: “temos ainda um ano pela frente”, tergiversou. O sociólogo Antonio Lavareda, presidente do Ipespe, disse em entrevista ao Passando a Limpo da Rádio Jornal que o PT tem em torno de 20 a 25% dos votos do Recife e lembrou que na última vez que disputou – não teve êxito- João Paulo conseguiu pouco mais de 20% dos votos no primeiro turno contra Geraldo Júlio, em 2016. No segundo turno chegou a 38,70% mas Geraldo saiu vencedor com 61,3%.

Encomendar o terno?

No PSB e em seu entorno já há quem fale que o atual prefeito pode encomendar o terno de posse. Mas não é isso o que ele pensa – “eleição só se ganha no dia e há muito tempo pela frente. Vou continuar trabalhando noite e dia”- diz. Na verdade, todas as eleições no Recife para prefeito são bem disputadas, mesmo as ganhas no primeiro turno. Observados os números do Ipespe dá para perceber que, se não tiver apoio do PT, João Campos pode vir a enfrentar dificuldades. Também é cedo, como lembrou Lavareda, para imaginar como vai estar no período da eleição a governadora Raquel Lyra que, certamente, terá um candidato. Hoje 48% dos eleitores admitem votar em alguém apoiado por Lula, 19% por alguém apoiado por Raquel e 18% no candidato apoiado por Bolsonaro. Como tanto a governadora como os bolsonaristas terão candidato é cedo para falar em eleição ganha, como bem lembra o prefeito. Só agora, um ano antes do pleito, as cartas começam a ser postas na mesa.

Alepe se prepara para enfrentar os vetos de Raquel

Ontem, na Assembléia Legislativa, a bancada do Governo começou a agir para enfrentar a reação dos deputados aos vetos à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) feitos pela governadora Raquel Lyra. Se a Comissão de Justiça escolhera um dia antes a deputada Débora Almeida, do PSDB,( partido da governadora) como relatora da matéria nessa comissão, a Comissão de Finanças escolheu relator outro governista: o líder do Governo, deputado Izaías Regis. O vice-líder do Governo, Joãozinho Tenório, pode ser o relator na Comissão de Administração. A matéria, porém, só deve ser apreciada depois do feriado de 12 de outubro.

Negociações em vista

Enquanto isso, correm nos bastidores, as tentativas de acordo por parte do Palácio e da Alepe. Tenta-se conseguir convencer a governadora a assumir um compromisso, por escrito, com os deputados a respeito da liberação das emendas parlamentares. Mesmo que o compromisso ocorra através de um decreto governamental, os parlamentares desejam discutir com o Palácio seus termos para não serem surpreendidos. Normalmente, os decretos não são negociados e só se toma conhecimento dos seus termos pela publicação no Diário Oficial.

Silvio Filho em alta

O ministro Sílvio Costa Filho está “ se virando nos 30”, como fala a sabedoria popular. Todos os dias suas redes sociais registram suas movimentações pelos estados, em visitas a obras e em audiência com os governadores, ou em reuniões em Brasília. Como deputado estadual, Silvinho, como é conhecido, sempre foi muito ativo em busca de resultados. Se fizer metade do que tem prometido vai levantar a bola do Ministério dos Portos e Aeroportos ainda muito pouco conhecido pelos brasileiros.

Pergunta que não quer calar: o resultado da pesquisa do Ipespe, que aponta João Paulo como o candidato mais forte para enfrentar João Campos, vai animar o PT a entrar no páreo?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br – terezinhanunescosta@gmail.com

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