Luta por emendas de Túlio Gadelha mobiliza até arcebispo

 

Termina no final de novembro o prazo para que deputados federais e senadores apresentem suas emendas parlamentares individuais ao Orçamento da União de forma que elas sejam liberadas em 2024. Por isso Brasília se encheu de prefeitos esta semana que andaram pelos gabinetes solicitando apoio para seus municípios. Em Pernambuco, no entanto, o roteiro foi diferente pelo menos para o deputado federal Túlio Gadelha (REDE). Ninguém foi a Brasília. A batalha foi mesmo aqui e envolveu mais de 180 mil pernambucanos que, pela Internet, escolheram para que obras e ações destinar os R$ 16 milhões que o parlamentar terá direito a receber via emendas individuais no próximo ano.

O prazo terminou esta segunda-feira. A busca por apoio para essas emendas foi tão grande que envolveu até o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson. Nas redes sociais da Arquidiocese dom Paulo pediu, em vídeo, que os católicos votassem em emenda dos frades Franciscanos visando a restauração do Convento de São Francisco, na rua do Imperador (vídeo reproduzido no final desta coluna). Desde que foi eleito pela primeira vez (cumpre o segundo mandato) Túlio adotou a norma de destinar 100% de suas emendas individuais a projetos, sobretudo, da área social, tocados pela sociedade civil. Como só este ano seu gabinete recebeu proposta de 300 entidades – a maior parte nas áreas de saúde e educação – segundo ele, “não há como selecionar se não for através do voto aberto na Internet a que todos têm acesso”.

O deputado precisou montar uma equipe em seu gabinete para ajudar as entidades a preparar as propostas de acordo com as normas federais, e, depois de selecionadas, executar o que foi proposto. “Nunca perdemos uma dessas emendas – diz ele – as pessoas realmente aplicam o dinheiro de acordo com o que foi acordado”. Sem prefeitos, ele afirma que o processo que desenvolve tem o propósito de “democratizar as decisões políticas”. E completa: “a eleição direta para distribuição dos recursos é uma evolução da democracia que a Internet está permitindo ser executada”. O interessante é que as pessoas realmente enviam milhares de mensagens via zap ou pelo Instagran pedindo apoio. O Instituto Rarus, que cuida de crianças com doenças raras, agradeceu no final desta segunda as mais de 5 mil pessoas que votaram no seu projeto garantindo sua aprovação. Promete construir um bloco cirúrgico para essas crianças.

De Fátima às comunidades

Embora tenha sempre se dedicado a projetos sociais, Túlio não conseguiu se sobressair na politica nos primeiros anos de PDT. Em 2018, porém, o vento soprou a seu favor. Namorado da apresentadora da TV Globo, Fátima Bernardes, – os dois continuam juntos – ele conseguiu multiplicar muitas vezes seus seguidores na Internet onde Fátima aparecia e atraía cada vez mais gente. Além disso, sendo bem mais jovem que ela, ele conseguiu a simpatia de um grande percentual de mulheres e quando as urnas foram abertas constatou-se que teve 75.642 votos suficientes na época para conquistar seu primeiro mandato. No dia da eleição tinha mulher dizendo nas filas de votação: “vou votar no namorado de Fátima Bernardes”.

O pulo do gato

Na eleição de 2022 ninguém apostava na sua vitória. Sem prefeitos ou vereadores – parâmetro usado para calcular com antecedência a performance dos candidatos – com Fátima ainda presente mas sem a novidade de antes, Túlio surpreendeu tendo 134.391 votos (77,66% a mais que em 2018). Ele diz que foi votado “em todos os municípios de Pernambuco”, mesmo naqueles onde nunca esteve pessoalmente. Segredo? O trabalho de formiguinha promovido pelos milhares de apoiadores das comunidades beneficiadas com suas emendas. Como o trabalho é silencioso, Túlio não se sobressai na campanha como os demais parlamentares mas o voto chega na urna. Dos 25 federais eleitos no estado em 2022 ele foi o sétimo mais votado.

Raquel quer convencer poderes

O Governo do estado está convidando representantes dos poderes constituídos para dar informações sobre o Orçamento de 2024, que começa a ser analisado esta quarta-feira na Assembléia. O motivo é a polêmica que se estabeleceu entre o Executivo, a Alepe e o TCE. Deputados e Conselheiros levantaram a tese de que o Executivo deixou de incluir no Orçamento R$ 1,1 bilhão e os parlamentares redistribuíram esses recursos via emendas que pretendem aprovar. Os secretários da Casa Civil, Planejamento e Fazenda, assim como fizeram com a Comissão de Finanças da Alepe, vão explicar a todos que o Governo Federal teria superestimado as receitas previstas para o próximo ano e que, por isso, a maioria dos estados não está seguindo a cartilha do Tesouro Nacional. A ver.

Pergunta que não quer calar: O Governo vai conseguir convencer todos os poderes de que a previsão orçamentária que enviou para a Assembléia é a real?

 

 

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