Lula enfrenta sua pior semana no início do sexto mês de mandato, apesar do fôlego na economia

 


Com pouco mais que 50% dos votos válidos na eleição de 2022, o presidente Lula sabia que sua vida não ia ser fácil. O fanatismo bolsonarista levou parte da sociedade a dar um crédito de confiança ao petista, embora não rezasse pela cartilha da ala mais radical do partido e nem do próprio presidente, que não conseguiu esconder o desejo de vingança por conta da prisão determinada pela Justiça do Paraná e referendada pelo STF. Mas, assim como em 2018 muitos votaram em Bolsonaro por aversão ao PT e acreditando que ele, sentado na cadeira, não se deixaria levar pelo discurso radical de parlamentar, no caso de Lula aconteceu o mesmo. O filme, porém, até agora está se repetindo.

O Lula “paz e amor” que lhe garantiu o primeiro e mais profícuo mandato, ainda não ressuscitou. Cercado de petistas raiz, que professam uma visão estritamente partidária, o presidente se engasgou no relacionamento com o Congresso, cada vez mais senhor de si; ainda não conseguiu produzir no seu eleitorado cativo – sobretudo no Nordeste – a sensação de que é continua “pai dos pobres”; enredou-se numa briga com o Banco Central que assustou os investidores e, por fim, recebeu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro – enxotado internacionalmente – como chefe de estado, sendo criticado duramente até pela esquerda não petista.

A resposta veio imediata. Pesquisas divulgadas na semana passada mostram queda na popularidade do presidente (perdeu quatro pontos no critério bom e ótimo do Ipec de março para cá) e caiu 10 pontos no Nordeste, seu tradicional reduto eleitoral. Coincidentemente na mesma semana ele fez um périplo por Bahia e Pernambuco, tendo sido vaiado por baianos presentes a uma feira do Agronegócio, segmento com o qual ainda não se estendeu, e em Pernambuco só falou para seu público fiel. A programação naturalmente não ajudou. No Recife relançou o programa Farmácia Popular, que perdeu fôlego após o impeachment de Dilma, anunciando a gratuidade de apenas dois novos medicamentos – anticoncepcionais e remédio para osteoporose – visitou uma fábrica de automóveis e inaugurou o campus do IFPe, em Paulista, iniciado por Temer e concluído por Bolsonaro. Para completar, foi vaiado na Marcha para Jesus, em São Paulo, quando citado por seus representantes oficiais.

Economia pode ajudar daqui pra frente

Não se pode dizer que as coisas vão continuar assim mas, conforme analises feitas por especialistas também durante a semana, o presidente vai precisar fazer reforma ministerial, encontrar uma maneira de formar base sólida no Congresso, abrindo mão de espaços para o Centrão, e tentar conquistar votos na base bolsonarista, promovendo a paz com os evangélicos. Feito isso e, caso a economia continue dando boas notícias com uma possível queda da taxa de juros, redução da inflação e projeção de um crescimento do PIB de 2,5%, quem sabe até o final do ano ou início do próximo consiga dar uma respirada e recuperar os pontos perdidos.

Haddad e Palocci

Embora o PT e Lula não devam estar satisfeitos com o ex-ministro Antonio Palocci, após a delação na operação Lava Jato, este final de semana a imprensa nacional registra que o atual ministro da fazenda, Fernando Haddad, está sendo chamado de “um novo Palocci” pelos investidores, não se referindo, evidentemente, à Lava Jato, mas à condução da área econômica até agora. O ministro iniciou seu trabalho desacreditado e com paciência vem tocando o barco ao lado da ministra do planejamento, Simone Tebet, outra figura proeminente do Governo.

Alckmin no limbo

Já o vice-presidente Geraldo Alckmin, a quem se atribuiu um papel fundamental na campanha para convencer a classe empresarial a apoiar Lula, começou com destaque mas no momento vive recolhido ao limbo do seu ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Recentemente quando se discutia a partilha dos cargos federais no Nordeste, Lula chamou a atenção dos petistas regionais para o vice-presidente : “vamos tratar bem o Alckmin e seu partido, o PSB”.

Bom exemplo de Caruaru e Campina Grande

Os prefeitos e Caruaru, Rodrigo Pinheiro, e de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, deram um bom exemplo este final de semana, reunindo-se em Caruaru este sábado e celebrando um acordo de cooperação entre as duas festas, tradicionalmente rivais. Cunha Lima conheceu a festa caruaruense e esta semana Pinheiro fará o mesmo na cidade paraibana. Entenderam que os dois municípios não só promovem a cultura nordestina como ajudam a divulgá-la em todo o país e no Exterior e decidiram que, a partir de 2024, haverá um polo de Campina em Caruaru e um de Caruaru em Campina.

Padres entram no forró

O frei Gilson, um dos mais famosos dos cantores católicos, será a atração principal do dia da música católica no São João de Caruaru, esta quinta-feira, dividindo o palco com o padre salesiano João Carlos. Conhecido pelo sucesso que faz entre os jovens, Frei Gilson se apresenta na terça-feira em Petrolina na festa de 100 anos da Diocese, onde também não vai faltar o forró. No próximo dia 25, conhecido como Dia de São João, outro padre famoso, Fábio de Melo, se apresenta no Teatro Guararapes na festa de 33 anos da comunidade Obra de Maria. Também regada a forró. O Frei Gilson é paulista mas sua família é oriunda de Panelas, município próximo a Caruaru.

Pergunta que não quer calar: o prefeito de Olinda, professor Lupércio, vai voltar a se entender com a governadora Raquel Lyra ou aderirá aos acenos do prefeito João Campos?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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