João conversa com os “Coelhos” e Raquel fica na espreita

 

O prefeito João Campos, que continua fazendo política enquanto Raquel ainda não organizou sua base, conversou recentemente com o ex-senador Fernando Bezerra e chegou a trocar um telefonema com Miguel Coelho, sondando a possibilidade de uma aliança tendo em vista as eleições de 2024 e 2026, quando Miguel deve ser candidato a governador ou senador. Uma fonte deste blog, bem próxima de Fernando e Miguel, informou que “foi apenas uma conversa cordial que pode ser aprofundada quando as condições permitirem”. João teria sondado o grupo para fazer parte de sua administração mas não conseguiu o intento. Um canal, porém, ficou aberto.

Esse aceno do prefeito do Recife não foi à-toa. É nítido o desconforto dos Coelho depois que Miguel teve três conversas com Raquel, se colocou a disposição para ajudar Pernambuco, e até hoje não foi demandado. “Ela não tem interesse na nossa ajuda”- disse ele a um deputado. Já o deputado estadual Antonio Coelho, irmão de Miguel e um dos mais preparados da atual legislatura, por duas vezes já se contrapôs ao Palácio. Primeiro apresentando uma emenda a projeto da governadora reduzindo de dois – como ela pretendia – para um ano a prorrogação do Fundo Estadual de Equilíbrio Fiscal(acabou derrotado) e, recentemente, quando se colocou como candidato a presidente da Comissão de Finanças, com apoio da oposição, e a governadora teve que fazer grande esforço para eleger a sua pretendida, a deputada Débora Almeida.

Assim como Miguel que, mesmo com este tratamento, foi à diplomação e à posse da governadora na Assembléia Legislativa, Antonio Coelho tem ido às reuniões que Raquel tem convocado com a presença de todos os deputados. O União Brasil, partido de Miguel e Antonio, é tido hoje como “Independente” na Alepe, o que poderia explicar o posicionamento de Antonio, mas só ele tem contrariado Raquel. Os demais, Romero Albuquerque, Romero Sales, Chaparral e Socorro Pimentel estão na linha do que os deputados estão chamando de “independentes dependentes”, como são qualificados os parlamentares que, mesmo em partidos independentes, estão comprometidos com o Governo.

Servir de exemplo

Esse comportamento da governadora com Miguel, que foi o primeiro político de peso a apoiá-la tão logo foram fechadas as urnas do primeiro turno, tem sido citado nos corredores da Alepe sempre que vem à baila discussões sobre o distanciamento que Raquel está fazendo questão de manter da classe política. “Se os Coelho estão sendo tratados assim, imagina os demais “- afirmou esta semana um deputado “independente”, manifestando descrença sobre uma possível mudança de postura do Palácio.

O peso de Miguel

Com 18,4% dos votos do estado para governador em 2022, no primeiro turno – Marília teve 23,97% e Raquel 20,58% – Miguel arregimentou um capital político de fazer inveja. Para quem, como João Campos, que tem sua liderança maior na RMR, ter o apoio de Miguel tanto em 2024 (reeleição) como em 2026 seria o ideal. Apesar de ter maior penetração no Sertão, Miguel teve 14,78% dos votos da capital no ano passado e foi bem votado em quase todos os grandes municípios metropolitanos, sem ter, como Raquel, as companhias de Priscila Krause e Daniel Coelho. Em Jaboatão, ele chegou a conseguir 17,59% dos votos e em Olinda 13,21%.

A cavaleiro

Dá-se como certo no meio político que Miguel será fundamental na eleição para governador em 2026, quer em aliança com Raquel, quer fechando com João Campos. Nos dois casos poderia disputar uma vaga no Senado. Por enquanto ele não descarta a possibilidade de tentar o Governo novamente mas o certo mesmo é se candidatar a uma das duas vagas em disputa para senador, como têm incentivado seus eleitores nas redes sociais. Recentemente especulou-se que poderia se candidatar a prefeito do Recife mas suas chances seriam bem menores pois o grande duelo se dará entre o candidato da Raquel e o atual prefeito.

Lula derrotado no Sebrae

O governo do presidente Lula não conseguiu maioria no Conselho do Sebrae para destituir a diretoria atual e nomear uma nova. A reunião do Conselho marcada para esta quarta que deliberaria sobre o assunto foi adiada para evitar uma derrota do presidente. O amigo de Lula, Paulo Okamotto, fez o possível para conseguir maioria mas não conseguiu. O Sebrae é um órgão de apoio à Pequena e Média Empresa que tem no Conselho pessoas indicadas pelo Governo e membros do Sistema S. Quatro novos conselheiros com mandato de quatro anos foram escolhidos no final do ano passado e seria ligados ao Governo Bolsonaro. Para destituí-los o Planalto precisa de 11 dos 15 votos e só teria garantido oito.

Pergunta que não quer calar: quem vai vencer a luta por Miguel, João ou Raquel?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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