Haddad festeja a aprovação do pacote fiscal mas se queixa da direita, da esquerda e do fogo amigo

“ A direita não quer pagar os impostos que deve, a esquerda não quer conter gastos, como é que fecha as contas?”.  Num rasgo de sinceridade, pouco comum a administradores públicos, o ministro da fazenda Fernando Haddad aproveitou uma entrevista coletiva esta sexta pela manhã, após o Congresso aprovar o pacote fiscal, para despejar na frente dos microfones tudo que tinha entalado na garganta em meses de negociações dentro e fora do Governo, nas quais – é o que parece – sofreu mais pressões internas do que externas para compor um corte de gastos na máquina pública que acabou criticado de todos os lados do espectro político e econômico.

Se a alusão à direita e à esquerda teve mais a ver com o próprio Congresso, que acabou maculando a proposta original para atender a seus próprios interesses, o ministro não deixou de se referir ao que mais o incomodou dentro do Governo e especificamente junto aos ministros petistas que praticaram – como é do conhecimento de todos em Brasília – o chamado fogo amigo. Se ainda na discussão sobre os cortes dentro do próprio Planalto foi mais criticado do que ajudado, ele soltou, sem pedir reserva: “o vazamento que ocorreu na véspera do anúncio das medidas, produziu um efeito deletério sobre as expectativas. Descobriram o que a gente ia fazer antes da gente anunciar e tivemos que começar nos explicando”- afirmou.

Na verdade, a primeira coisa que os jornalistas lhe perguntaram na entrevista do anúncio das medidas enviadas ao Congresso foi sobre a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, algo que só teria validade em 2026 e que só poderá ser discutido em 2025. Um dia antes, porém, citando fontes governistas que falaram em off,  a imprensa havia divulgado a proposta sobre o imposto de renda e o pacote já nasceu não como algo sério, capaz de conter o crescimento da inflação e a super valorização do dólar, mas como mais um pacote de bondades que atenderia ao desejo do PT de distribuir benesses, mesmo sabendo que o problema econômico pode se agravar e jogar o país em uma crise econômica grave.

Vazamentos petistas

O vazamento de informações do Planalto para jornalistas não tem atingido só o ministro da fazenda. Há poucos dias saiu de dentro do Sírio Libanês, onde o presidente Lula estava internado para conter uma hemorragia cerebral, a informação de que ele seria reoperado. Até que o médico Roberto Kalil explicasse, nervoso, que Lula ia apenas fazer uma contenção de vasos para evitar problemas futuros, no que chamou de “uma espécie de cateterismo”, o Brasil todo ficou em suspense temendo o pior. Depois se descobriu que o jornal Folha de São Paulo, primeiro a divulgar o fato, teria obtido a informação da primeira dama Janja da Silva.

Panetones feitos por detentos

Dois mil panetones foram produzidos por detentos das prisões pernambucanas para distribuição gratuita no Natal, através de uma parceria da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização, Ceasa e o Instituto César Santos. Os panetones foram entregues à própria Ceasa para distribuição com pessoas mais humildes que trabalham no local, com o Instituto César Santos que tem trabalhos sociais e com os próprios detentos que foram treinados na fabricação dos pães para aprender uma profissão que possam vir a exercer futuramente.

Qual a fonte palaciana que vazou para a imprensa informações sobre o pacote fiscal irritando o ministro Fernando Haddad?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br/terezinhanunescosta@gmail.com

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