Forte opositor do Governo na Alepe, Feitosa é chamado de “a Priscila de Raquel”

 

Bolsonarista do PL, partido que está na base da governadora Raquel Lyra, o deputado coronel Alberto Feitosa é hoje a voz mais forte de oposição institucional ao Palácio na Assembléia. Defensor da independência da casa foi autor de quase todos os projetos que fizeram avançar os desentendimentos entre a governadora e a Alepe. Mas, diga-se de passagem, aprovados pela maioria dos deputados. Ele não foi ao encontro com Raquel esta terça-feira – “estava em Brasília”, disse a este blog – mas ontem na Alepe o que mais os deputados perguntavam era se, mesmo ausente na hora das explicações, ele iria encabeçar mais uma medida capaz de abalar o modus operandi das relações do Executivo com o Legislativo na votação da LOA – Lei Orçamentária Anual a vigorar em 2024.

Faceiro, ele fez segredo a este blog, mas um colega comentou – “deve vir bomba por aí” – deixando claro que algo o deputado vai aprontar. A comparação com a vice-governadora, que Feitosa ganhou por brincadeira dos colegas, tem sentido. Todos os projetos que aprovou e as bandeiras que defendeu – maior independência da casa na escolha da mesa diretora, da presidência das comissões, emendas impositivas, emendas à LDO (vetadas pelo Palácio) e fim aos projetos em regime de urgência – eram, segundo ele, bandeiras de Priscila quando era a maior voz da oposição ao na Alepe , principalmente, ao governador Paulo Câmara.

“Todos sabiam na casa que Priscila tinha o gabinete mais preparado e com maiores argumentos para se contrapor ao Governo, inclusive nas discussões da LDO, da LOA, etc. Eu sempre admirei isso e estou fazendo exatamente igual. Aprendi com ela”- fala sem esconder um certo tom de ironia. Feitosa fez parte do grupo de 30 deputados que, antes mesmo da posse da governadora, traçaram um comportamento comum de independência, com negociações antecipadas sobre a mesa diretora, as comissões e vários outros assuntos. Nos 16 anos do PSB essas questões eram definidas no Palácio e aceitas pela maioria da casa.

Problemas desde o início

Feitosa começou a mostrar descontentamento com a vice-governadora ainda no final do Governo Paulo Câmara, em 2022, quando o grupo de transição de Raquel buscou negociação para mudanças na LOA deste ano. Ele reclamou com colegas que Priscila estava esquecendo o que defendeu como parlamentar e estava contra o avanço da casa. Imaginava que ela fosse mais condescendente com os ex-colegas. A diferença é que Priscila, na sua época, era uma voz seguida por muitos poucos e Feitosa tem hoje, quase tudo que apresenta, aprovado por unanimidade. Além disso, ele é bem visto pela direção da casa que defende a independência, coerente com o compromisso que assumiu com os parlamentares novos e os mais antigos que, em grande parte, são oposição.

O que vem por aí

O clima ontem no plenário da Alepe era descontraído, após a reunião da governadora. Nos corredores, no entanto, já havia conversas sobre que emendas serão apresentadas ao projeto da LOA que já chegou à casa. Feitosa estava no meio das discussões. Emendas são naturais em casas legislativas – Priscila sempre apresentava mas dificilmente elas eram aceitas – e Feitosa acha que elas vão continuar mas se negou a falar do tom. Um deputado independente, no entanto, afirmou a este blog: “ele negocia antes de escrever. E já sai com mais de 20 votos garantidos”. A maioria para aprovação é de 25 votos. Pode vir novidade por aí.

Raquel cede no varejo

Embora seja dura na negociação de espaços em seu Governo, Raquel tomou uma medida que sensibilizou os deputados: decidiu que os mil ônibus escolares que adquiriu para doar aos municípios chegarão a todas as cidades, sejam elas de deputados ou prefeitos da base do Governo ou de Oposição. Isso nunca aconteceu na época do PSB onde a oposição não tinha direito a quase nada. Sobretudo ao pagamento das emendas parlamentares. A ordem no Palácio é convidar os deputados oposicionistas para as entregas como foi feito com o encontro desta terça-feira. Foram chamados os 49 deputados.

Gafe

O cerimonial do Palácio das Princesas pagou um mico no encontro de Raquel com os deputados. O natural é colocar ao lado da governadora o líder do Governo, o deputado Izaías Regis. Isso não foi feito. A cadeira foi cedida ao vice-líder Joãozinho Tenório. Ao perceberem o erro os cerimonialistas tentaram corrigir mas aí foi Izaías que preferiu ficar onde estava, ao lado da deputada Débora Aimeida, também do PSDB, o seu partido e da governadora.

PSDB dá sinais de vida

Após muitas cobranças, o PSDB de Pernambuco decidiu prorrogar os mandatos da maioria dos membros de sua direção no estado. Ontem foi divulgado que a governadora continua presidente até abril de 2024 – quando deve ser feita nova eleição interna. Pernambuco foi um dos últimos estados do país a tomar essa providência. Os demais membros são os deputados Álvaro Porto e Débora Almeida, o prefeito Romero Leal, de Vertentes, e o vice de Vitória, Elmo Neves.

Armando sai da toca

Enquanto isso, o ex-senador Armando Monteiro, que saiu do PSDB, se filia ao Podemos no próximo dia 13, às 16 horas, em evento no Recife, com a presença da presidente nacional do partido, Renata Abreu.

Pergunta que não quer calar: Por que o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto, preferiu não se pronunciar na reunião dos deputados com Raquel?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br – terezinhanunescosta@gmail.com

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