Focado na crise com a Venezuela, José Múcio pensa em deixar o ministério em 2024

 

Entre as pessoas mais próximas do ministro José Múcio Monteiro, um dos pernambucanos que integram o alto escalão do Governo Lula, já não há mais dúvida de que ele está contando os dias para deixar o cargo e voltar às atividades consultor de gestão empresarial. “Ele não vai sair agora mas, sem dúvida, o fará em 2024, talvez nos primeiros meses, a depender das circunstâncias” resumiu uma fonte do blog que, recentemente, conversou com ele. Embora os mais próximos soubessem, desde o início, que o atual Ministro da Defesa, ao aceitar o convite pessoal do presidente para cuidar do seu relacionamento com os militares – arranhado após o Governo Bolsonaro – deixara claro que sua permanência era temporária, imaginava-se que com êxito que teve na missão com os militares e também no transporte dos brasileiros repatriados de Israel, ele se animasse a permanecer, mas não foi isso que aconteceu.

Múcio quer mesmo sair, embora entenda, segundo um outro amigo, que precisa de calma pois na sua área as coisas acontecem de forma imprevisível, como ocorreu na semana passada com a eclosão da crise entre a Venezuela e a Guiana, obrigando as Forças Armadas a deslocar tropas e armamentos para a fronteira do Brasil ao norte com a Venezuela e a Guiana. Se desejar chegar à Guiana por terra, a Venezuela precisa passar por terras brasileiras. Na última quinta-feira, como fez várias vezes no início do Governo, quando deixava o presidente continuadamente a par do que acontecia nos quartéis, o ministro foi apresentar a Lula um panorama do que estava acontecendo na fronteira e discutir estratégias. Ontem concedeu entrevista coletiva sobre o assunto.

Um dos mais competentes dos ministros de Lula, José Múcio que, por pertencer a uma família de usineiros, esteve politicamente na oposição ao PT e nunca teve aproximação direta com o partido de Lula em Pernambuco, é conhecido pela facilidade em abrir canais de entendimento – “sou um construtor de pontes”, diz. Acabou, porém, tão confiável ao atual presidente que, no segundo Governo Lula, após cinco mandatos de deputado federal, foi nomeado ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais do Planalto. Logo depois foi a vez do presidente alçá-lo ao cargo de ministro do TCU onde ele permaneceu até a aposentadoria recente. Mesmo próximo a Lula, Mucio não se furtou a registrar, em 2015, 24 possíveis irregularidades na gestão fiscal da então presidente Dilma Rousseff, que acabou sofrendo impeachment.

Lula segurou a indicação diante de amuos

A ida do pernambucano para a Defesa foi pessoal de Lula e foi isso que ele disse aos petistas que desejavam ocupar a vaga. Essa foi a senha para o presidente deixar claro que sabia o que estava fazendo e não adiantava amuos ou reclamações. Nos bastidores, no entanto, sabe-se que o fogo amigo petista chegou a ser atiçado sobretudo no episódio do 8 de janeiro, com alguns querendo culpar o ministro récem-nomeado pela resistência inicial dos quartéis à retirada dos manifestantes da área militar. Hoje não se fala mais nisso e quem acabou arranhado foi o ministro da justiça, Flávio Dino, e o Gabinete de Segurança Institucional.

Escola dos Sargentos

O maior legado que José Lúcio vai deixar para Pernambuco nesse tempo de ministro é a decisão de construir no estado a Escola de Sargentos do Exército, um grande investimento gerador de emprego e renda em municípios metropolitanos não tão beneficiados por investimentos privados ou via cobrança de impostos. Sua saída da pasta, se acontecer, vai obrigar a governadora Raquel Lyra a se desdobrar para manter de pé a decisão não só se comprometendo a honrar a contrapartida do estado ao projeto como a evitar que estados como o Rio Grande do Sul acabem por vencer a batalha pela escola, caso Pernambuco fraqueje.

Aeroporto expandido

O Aeroporto dos Guararapes, citado na semana passada, com o segundo melhor do mundo, terá suas obras de expansão inauguradas esta terça-feira. O projeto de reforma foi financiado pelo BNB e BNDES e amplia a capacidade do aeroporto em 60%. Os investimentos incluíram modernização e manutenção. Foram promovidas melhorias na capacidade de processamento de passageiros e bagagens, área de movimento de aeronaves, terminais de passageiros, estacionamento de veículos, vias terrestes associadas e outras infraestruturas de apoio.

Confraternização

O presidente da Assembléia Álvaro Porto, o restante da mesa-diretora e os demais deputados comandaram um coquetel de confraternização com a imprensa pernambucana esta segunda-feira à noite. A Alepe, nesta fase de “independência”, foi a maior fonte de acontecimentos políticos este ano, obrigando toda a imprensa a dedicar mais tempo ao acompanhamento do trabalho dos parlamentares no plenário, em comissões e audiências públicas.

Pergunta que não quer calar: em 2024 a Assembléia Legislativa vai agir com o mesmo protagonismo que caracterizou os trabalhos legislativos este ano?

E-mail: redacao@blogdellas.com.br – terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar