Fiel da balança no Recife, PT vai movimentar a semana política municipal

 

“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, diz um conhecido ditado popular para definir a situação de uma pessoa que se encontra num beco-sem-saída. Esta semana em que o PT promete definir suas alianças políticas para 2024, quando, ao que tudo indica, vai deixar de ser independente na Assembléia e se declarar oposição à governadora Raquel Lyra, acenando para o apoio à reeleição do prefeito João Campos, quem pode ficar sem saída é o próprio João. Ter o PT no palanque é fundamental para ele por conta da força do presidente Lula mas, em compensação, precisará garantir a vice ao PT e deixar amarrada a eleição de 2026. Mais precisamente, nas mãos do senador Humberto Costa.

Não à toa, Humberto declarou na semana passada que o partido vai para a oposição, mesmo antes do diretório estadual se reunir com a presença de prefeitos que declaradamente estão com Raquel, como é o caso de Márcia Conrado, de Serra Talhada. Ele já tinha feito essa cobrança lá atrás mas não teve êxito. Agora foi ,contudo, pra cima dos dissidentes. Com o poder na mão, o senador negociará com o prefeito, junto com a senadora Teresa Leitão, a aliança do próximo ano e a exigência da vice para que, caso João se eleja e seja candidato a governador, passe o comando do Recife para um (ou uma) petista. Se a negociação não progredir, o partido deve lançar candidato próprio, deixando a discussão de aliança para o segundo turno.

E num segundo turno como esse, serão outros quinhentos. João deve chegar em primeiro lugar, fazendo uma aliança mais à direita. Se o PT ficar em segundo lugar, deixando um nome de centro-direita para trás – é improvável mas não impossível – vai precisar do apoio da governadora Raquel Lyra para tentar derrotar o prefeito. Por isso, há uma defesa dentro dos grupos petistas para que o anúncio de oposição a Raquel, como este blog adiantou anteontem, amenize ou até evite adjetivos. A bancada na Alepe, composta de três deputados estaduais – Doriel Barros, João Paulo Silva e Rosa Amorim – ficaria votando a favor dos funcionários públicos, em suas pautas salariais, mas não se furtaria a votar com o Governo sempre que achar conveniente e importante para o estado. “Cada caso é um caso” – adiantou a este blog um membro do diretório estadual bastante ouvido.

Negociação de secretarias

Embora quase ninguém saiba, não foi fácil a negociação para o PT assumir duas secretarias da Prefeitura. O prefeito ofereceu o espaço com o objetivo de reduzir o desgaste que sofreu dentro da legenda em 2020 por ter criticado os petistas que, segundo ele, se envolveram com corrupção. Na época buscava desgastar a prima Marília Arraes que foi com ele para o segundo turno. Por isso houve enorme resistência à ocupação do espaço oferecido. O blog teve informação de uma fonte da alta cúpula estadual de que Lula acabou entrando no circuito, pedindo que o gesto fosse feito em consideração ao vice Geraldo Alkmin, do PSB, sem citar João Campos. Foi então que as resistências caíram.

O assalto ao vice de Olinda

Não é comum o assalto a um vice-prefeito da Região Metropolitana ainda mais em plena luz do dia. Foi o que aconteceu com o vice de Olinda, Márcio Botelho, este sábado, segundo boletim de ocorrência. Ele teria se tornado refém de criminosos, ao lado da mãe e de um sobrinho. É preciso que a Polícia esclareça bem essa história que só chegou a público neste domingo. Márcio já fora vítima de assalto dois anos atrás. Agora teria sido surpreendido com as cercas de segurança da residência desligadas e as câmeras também.

Raquel lança programa de Segurança

O governadora Raquel Lyra vai lançar na tarde desta segunda-feira, no Centro de Convenções, o programa “Juntos pela Segurança”. Ela pretende mostrar à sociedade de que instrumentos vai dispor para reduzir os índices de violência no estado. Da mesma forma que já lançou o “Juntos pela Educação” para o setor educacional futuramente deve lançar o “Juntos pela Saúde”. No caso da segurança, ela deve repetir, ampliada, a experiência em Caruaru onde a sociedade civil se engajou na proposta de segurança e os índices de violência foram reduzidos.

Pergunta que não quer calar: João Campos vai mesmo dar a vice do Recife ao PT?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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