“Falta combinar com os russos”, diz João Paulo sobre aliança PT/PSB no Recife
Virou lenda na história do futebol brasileiro a observação de Garrincha ao técnico Vicente Feola na copa de 1958. Na última preleção antes do jogo Brasil e União Soviética, o técnico explicava com uma prancheta aos jogadores quem devia atacar quem no time adversário, como se só o Brasil estivesse em campo. Garricha, muito espirituoso, indagou ; “o sr. combinou com os russos”. Crítico de algumas posições do PT, o deputado estadual João Paulo, duas vezes prefeito do Recife pela legenda, ainda não digeriu uma possível aliança entre o seu partido e o PSB em torno da candidatura à reeleição do atual prefeito João Campos e usou a mesma expressão da Garricha a este blog para expressar sua reação que diz ser também “de grande parte da base petista na capital”.
– Ainda há sequelas significativas da relação do PT com o PSB desde a última eleição quando o atual prefeito atacou o partido, na época representado por Marília Arraes. Como isso vai ser resolvido não sei, não sei se vão fazer uma tatuagem, uma cirurgia plástica, ou se não vai ser preciso de cirurgia. Até porque, embora tenha quadros do PT na atual gestão com duas secretarias dadas ao partido recentemente, a palavra que eu tenho do senador Humberto Costa e do presidente estadual Doriel Barros é que essa participação não significa que em 2024 vamos caminhar juntos. Eles são os principais dirigentes do PT e tenho mais é que acreditar neles”.
Ausente da solenidade recente feita pelo prefeito para dar posse aos dois secretários petistas, Osmar Barreto e Hermes Costa, João Paulo dá um riso maroto e observa “não indiquei ninguém”. Sempre citando as chamadas bases petistas que define como “esquerda militante, pessoas engajadas mas não filiadas e movimentos sociais” ele chama atenção para o fato de que uma simples aliança de cúpula entre o PSB e PT não tem dado certo. Exemplifica com o apoio ao candidato a governador Danilo Cabral quando grande parte do PT ficou contra e apoiou Marília “mesmo sabendo da importância de um entendimento para a vitória nacional de Lula. Lula veio aqui e não teve jeito”- observou.
O fator Raquel
O deputado cita ainda o fator Raquel e o que chama de um movimento mais à direita da população do Recife: “Raquel teve mais votos do que Lula no Recife ( ela teve 632 mil votos e Lula 558 mil). Se ela acertar no Governo, e ela tem desejo de acertar ,seu apoio a um candidato vai ser muito importante. Aquele movimento de Lula a favor dela no Geraldão demonstrou que ele deseja trabalhar com ela e isso é um outra coisa a ser levada em consideração. Portanto, um entendimento de cúpula pode não funcionar”.
Problemas a serem superados
Embora pareça nítido o desejo de João Paulo de se afastar de João Campos ele fala que “ainda há tempo de se chegar a um entendimento com as bases”. Quais seriam as coordenadas para isso? “está claro que os setores de educação e saúde , muito caros ao PT, deixam a desejar- afirma. As vaias no Geraldão para o prefeito vieram sobretudo do pessoal da educação. Além disso tem pegado muito mal o descuido com os morros e a defesa civil o que redundou nos 51 mortos na última enxurrada. Há ainda os movimentos de privatização dos parques da cidade, com que o que não concordamos. Só muito diálogo com a sociedade civil e um orçamento participativo podem sanar essas lacunas”.
Raquel no berço petista
João Paulo concedeu a entrevista acima a este blog na manhã desta quarta-feira e, como se comprovando parte do que disse, à tarde, ontem mesmo, a governadora Raquel Lyra foi recebida na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco – Fetape – pela direção do órgão e pelo principal líder dos trabalhadores rurais do estado, o deputado estadual e presidente do PT, Doriel Barros. Na ocasião recebeu uma pauta de reivindicações sobre agricultura familiar e os assalariados rurais do estado.
Primeira mulher na Cavalaria
Como este blog adiantou há dias, a governadora Raquel Lyra empossou no comando do Batalhão de Cavalaria da PM esta quarta-feira a tenente coronel Denise Manso de Oliveira, primeira mulher a ocupar está função
Pergunta que não quer calar: quem vai conseguir combinar os russos de que fala João Paulo?
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