Estilo de Raquel confunde deputados na Alepe e dificulta escolha do líder da minoria

 

A governadora Raquel Lyra, que tem trabalhado no sentido inverso às expectativas da classe política, está confundindo os deputados na Assembléia Legislativa. Ontem, por exemplo, ela anunciou o deputado Izaías Regis (PSDB) como líder do seu Governo na Alepe mas ainda não está definido qual o tamanho da bancada governista na casa. Com exceção do próprio PSDB e do PP, nenhuma outra legenda resolveu até agora se vai apoiar o governo ou ficar na oposição, por absoluta falta de contato do Palácio do Campo das Princesas. O que depõe a favor da governadora é que, esse estilo de trabalhar a política de forma vagarosa, também tem confundido a oposição. Até agora a oposição também não sabe o seu tamanho e nem quem vai liderá-la.

Embora o PSB e o PT sejam partidos de esquerda derrotados nas urnas e, como tal, propensos a fazer oposição à governadora, nenhum petista ou socialista mostrou, até o momento, interesse em liderar o bloco da minoria. Só um parlamentar se apresentou disposto a liderar a oposicão: a deputada Dani Portela, do PSOL, que inicia o primeiro mandato. Teria Dani as condições de representar partidos como o PSB, que elegeu 13 deputados e a Federação PT/PCdoB/PV que elegeu 8, quando o PSOL só elegeu ela mesma? Essa era uma questão discutida ontem nos bastidores da Alepe.

Na verdade, para além dessa indagacão, existe outra bem mais greve e motivo de reflexão: estariam o PSB e a Federação decididos a fazer oposição a Raquel? O deputado Waldemar Borges, do PSB, veterano na Alepe, acha que toda esta confusão tem outro motivo basilar, além da morosidade da governadora: o fato de hoje os blocos de oposição estarem divididos com uma parte dos deputados decididos a apoiar Raquel e outro a se opor a ela. “Só vejo uma solução para isso – observou em conversa com este blog – é esses partidos formarem o bloco dos independentes, agora permitido no regimento da casa, evitando que rachem ao meio”. Um simples exercício matemático pode desvendar este segredo. Hoje, por exemplo, dos 13 deputados do PSB só 8 querem fazer oposição a Raquel, os demais querem apoiá-la e na Federação da qual faz parte o PT, o PV e PCdoB podem apoiar o governo, deixando apenas os petistas na oposição.

Confusão geral

Enquanto a linha tênue entre Governo e o Oposicão na Alepe não fica clara e não se sabe quem é quem entre os partidos, os trabalhos legislativos tendem a entrar em colapso. A partir desta quinta-feira, por exemplo, o normal seria a mesa diretora se reunir com os líderes do Governo e da Oposição para compor as comissões permanentes da casa, incluindo as três principais – Justiça, Finanças e Administração – mas, nem o líder do Governo Izaías Regis sabe quais os partidos que vai representar nessas negociações e nem a Oposição, que nem líder tem.

Álvaro tem desafio duplo

O novo presidente Álvaro Porto (PSDB) e o 1.o secretário Gustavo Gouveia (Solidariedade) vão precisar queimar as pestanas para decidir o que fazer. Sem contar que, no caso da criação de uma bancada independente, vai ser necessário ouvir os partidos, um a um, para que decidam o que fazer. Uma dor de cabeça sem tamanho. “Raquel com o estilo que tem deixou a politica de ponta cabeça”- comentou ontem a este blog um deputado governista. Segundo ele, a política “vai precisar se reinventar para acompanhar o estilo dela trabalhar”. Resta saber quem vai ceder primeiro: se a governadora ou a política tradicional que está sendo desafiada a seguí-la ou interpretá-la.

Henrique é unanimidade

O ex-deputado Henrique Queiroz (PP) assumiu no governo Paulo Câmara, por indicação do seu partido, o Iter – pe, Instituto de Terras ligado à secretaria da agricultura que cuida da administração e controle das propriedades pequenas e médias no estado. Era um órgão considerado morto e que a classe política não tinha interesse em ocupar. Mas, em quatro anos de administração, ele fez um trabalho de recuperação do órgão de tal forma que é hoje elogiado de norte a sul. Na semana passada a performance de Henrique foi citada intramuros pela governadora Raquel Lyra que fez uma constatação basilar: “todo mundo que chega a mim pede para ele ficar. É sinal de que está dando certo”- concluiu.

Túlio e os deputados

O secretário da Casa Civil do estado, Túlio Vilaça, declarou a este blog, logo após a posse da governadora, que ia cuidar dos assuntos gerais do estado, deixando a parte politica para os secretários executivos da pasta, talhados para tratar essas questões. A declaração surpreendeu os deputados, acostumados a ter a Casa Civil como a ante-sala da governadora. Esta semana, porém, Túlio se rendeu à realidade e abriu as portas do seu gabinete para os deputados e prefeitos, ganhando a admiração de todos.

Pergunta que não quer calar: quando vai ser possível saber qual o tamanho das bancadas do Governo e da Oposição na Alepe?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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