Esquerdista a nível internacional e conservador no país, Lula é criticado, militância reage e é chamada de gado

 

Desde que assumiu o cargo e adotou como meta constantes viagens internacionais, o presidente Lula vem, de forma clara, se aliando a países governados pela esquerda como China, Rússia, Argentina e Venezuela – para citar só esses – mas, a nível interno, tem assumido uma posição inversa. Pragmático, o presidente, que esta semana se aliou ao Centrão, vem sendo cobrado por um comportamento contrário a pautas caras ao petismo como a defesa das mulheres e dos negros e do meio-ambiente.

No âmbito externo, o alinhamento do presidente sobretudo à China e Rússia vem gerando amuos do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que, com diplomacia, tem mostrado seu descontentamento e de um amigo caro ao mandatário brasileiro, o presidente da França, Emmanuel Macron, que passou recibo a Lula por não ter sido aceito para participar, como convidado, da reunião do Brics, na África do Sul. A França teria sido vetada pela Rússia e Macron esperava que o Brasil intermediasse a favor dos franceses, o que não aconteceu. Por isso não se fez presente ao encontro dos países amazônicos em Belém.

Já no âmbito interno, a maior crítica ao presidente tem sido a falta de interesse em indicar mulheres e negros para o STF. Essa pauta protagonizada nas redes sociais pelo humorista petista Gregório Duvivier aconteceu no momento em que o ex-deputado Jean Wyllys declarou guerra ao ministro das comunicações, Paulo Pimenta, chamando-o de mau-caráter e o acusando sabotagem por ter vetado seu nome para assessor do ministério, mesmo após convite de Lula, e da ação um grupo de atores, capitaneado por Mateus Solano e Thiago Lacerda, que gravaram um vídeo intitulado “acabou o clima”. No vídeo os atores dizem que o presidente “se pintou de verde na campanha dizendo para o mundo que a natureza é nosso maior patrimônio” e tem enfraquecido o Ministério do Meio-Ambiente e dos Povos Indigenas além do favorecimento ao Marco Temporal, que limita a ocupação das terras indígenas pelos povos tradicionais.

O gado petista

Só que a reação a Jean Wyllys , Duvivier e aos atores foi além da medida nas redes sociais, com a base petista acusando-os de ‘delirantes de terra-plana”, “mau-caratismo “, “desinformados e mentirosos”e outros adjetivos mais duros e impublicáveis. De pavio curto, Wyllys bateu boca com os internautas acusando-os de “gado-petista”. Em uma postagem afirmou “hater-gado-petista é tão ruim quanto o antipetismo da direita e da extrema direita”.
Em seguida, adiantou : “qual será o próximo passo? Ameaçar de morte?. Não sou gado. Quem manda em mim sou eu”.

Terraplanistas de esquerda

Gregório Duvivier tem se posicionado contrário às indicações de Lula para o STF, inclusive a escolha de Zanin. “É inacreditável que Lula esteja pensando em botar mais um homem branco no STF. Pra pior, um lobista rico, vaselina. Não aprendeu com Dias Toffoli”- escreveu na época. Foi criticado mas menos do que agora quando faz campanha pela escolha de “uma mulher negra”. Também bateu boca nas redes com seus detratores e afirmou: “você olha e pensa que não quer fazer parte desse gado. Tem um povo terraplanista de esquerda”.

Posse escondida

Uma das maiores provas do desagrado de grupos mais à esquerda do PT com as posições de Lula foi a necessidade que o presidente teve esta quarta-feira de empossar os ministros Silvio Costa Filho, do Republicanos, e André Fufuca, do PP, em um local fechado com a presença apenas dos empossados e seus familiares. Quem se deslocou até Brasília para as posses, mesmo governadores e prefeitos, não viram o presidente. Só participaram da transmissão dos cargos.

Um Jarbas na Agamenon

Assim como fez, enquanto prefeito, o ex-senador Jarbas Vasconcelos, o prefeito do Recife, João Campos, anunciou esta semana que vai cuidar da arborização e do gramado do vão central da avenida Agamenon Magalhães. Jarbas cuidou do paisagismo da Agamenon através de projeto da paisagista Janete Freire e chegou a providenciar caminhões-pipa para todos os dias logo cedo aguarem as plantas em época de seca.

Pergunta que não quer calar: os próximos ministros que vierem a tomar posse serão oficializados em ambiente fechado?

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