Entre Raquel e João Campos, Lula começa a mostrar de que lado vai estar na eleição do Recife
O presidente Lula fez questão de deixar claro esta semana em Pernambuco que a governadora Raquel Lyra continuará a receber dele toda atenção necessária para administrar bem o estado – “além de respeitar sua vitória, respeito o desejo do povo que a escolheu”, disse – mas em todos os demais gestos políticos, ele começou a mostrar em que lado vai estar quando chegar a eleição. E este lado será o do prefeito João Campos que está com alta popularidade. A não ser que, por um motivo o outro, pois a política é dinâmica, João não aceite a condição do PT, que é ocupar a vice na chapa e acabe criando turbulências no processo.
Para não desagradar o PSB, que o tinha convidado para um jantar na residência da família em Casa Forte, o presidente chegou a recusar um convite de Raquel para jantar em Palácio. Revelou a um petista, como apurou este blog, que não ia atender nem a Raquel nem a Renata, preferindo ficar no hotel. Mudou, no entanto, de opinião e acabou jantado com os Campos no hotel mesmo. Vai ficando claro que todas as mesuras feitas pelo presidente no sentido de agradar a governadora até agora, serão menos efusivas daqui prá frente. O relacionamento será de presidente para governadora, como manda a boa prática política, mas não passará daí.
Ao mesmo tempo em que essa mudança não deve ter agradado a Raquel, não deixa de ser uma amarra para o prefeito João Campos, cada vez mais pressionado pelo PT pernambucano. Da mesma forma que, como costuma fazer nesses casos, escalou a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, para anunciar recentemente no Recife que o PT quer ocupar a vice, o presidente agora cravou sua pretensão. E ainda chamou a senadora Teresa Leitão e os deputados Carlos Veras e Doriel Barros para falar de eleição municipal na manhã desta sexta-feira, após o fatídico jantar. Mais claro, impossível.
Mozart no páreo
Outro movimento nesse sentido passou despercebido na solenidade de Ipojuca em que Lula anunciou a retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima. O médico Mozart Sales, que ganha cada vez mais força para ser o vice, veio de Brasília para o evento, em nome do ministério de relações institucionais, onde ocupa cargo de assessoramento ao ministro Alexandre Padilha. Ficou na segunda fila de cadeiras das autoridades perto do deputado federal Carlos Veras, outro pretendente, e foi citado pelo cerimonial. Antes do evento, ao lado da senadora Teresa Leitão, foi visto às gargalhadas com o prefeito que manifestou o desejo de se encontrar com ele.
O peso de 2026
Até as paredes do Palácio Capibaribe sabem que o prefeito João Campos, reeleito, será, no dia seguinte, escalado pelo PSB para tentar ocupar o lugar do seu pai Eduardo Campos, candidatando-se a governador em 2026, enfrentando a governadora que deve tentar a reeleição. Em função disso, os socialistas, que nunca se deram bem com o PT, não vêm com bons olhos a possibilidade de que, quando se desincompatibilizar, João entregue o comando do Recife a um petista. Com o percentual de aceitação que tem hoje, o prefeito, dizem analistas, pode compor a vice com alguém de toda confiança. Resta saber se ele vai correr o risco de contrariar a vontade de Lula.
Álvaro presente
O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Álvaro Porto, esteve na solenidade no Comando Militar do Nordeste e na assinatura do Termo de Compromisso sobre a Escola de Sargentos. Um entusiasta do investimento, ele ressaltou o grande número de empregos diretos e indiretos que a escola vai gerar e anunciou que vai apresentar na Alepe projeto de resolução concedendo a Medalha Joaquim Nabuco, a mais alta condecoração da casa, ao ministro José Múcio Monteiro e o título de cidadão pernambucano ao general Tomás Ribeiro Paiva, atual comandante do Exército.
O que o PT fará se o prefeito João Campos se negar a garantir ao partido a sua vice?
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