Disputa na União Brasil Recife pode interferir na eleição municipal de 2024

 

Na última sexta-feira, como este blog noticiou em primeira mão, o deputado federal Mendonça Filho foi eleito, por unanimidade, presidente da União Brasil Recife, contrariando a executiva estadual comandada por Marcos Amaral, do grupo do deputado Luciano Bivar. A eleição de Mendonça pode ter grande repercussão na eleição de 2024 na capital. Sua linha política é contrária à do prefeito João Campos(PSB), candidato à reeleição, e que, recentemente, nomeou Joana Portela Florêncio, indicada por Bivar, para secretária de desenvolvimento econômico da PCR.

Com terceiro maior tempo de TV entre os partidos políticos – o primeiro é o PL e o segundo o PP – o União Brasil terá um peso fundamental na escolha do próximo prefeito, lançando candidato próprio ou fazendo aliança com um dos postulantes. Como presidente municipal, Mendonça passará a ter controle sobre a decisão partidária. Tão logo foi divulgada a escolha dele como presidente, porém, Marcos Amaral enviou nota à imprensa dizendo não reconhecer o novo presidente do Recife. Alegou que a 2.a Câmara Civel do TJ decidira em 17/02 não reconhecer presidência do deputado federal na condução do Recife, não podendo o mesmo convocar a eleição desta sexta.

Mendonça respondeu com um documento do TRE atestando que ele é presidente do União Brasil Recife até 31 de março. E chamou de “fake news” a nota assinada pelo presidente estadual Marcos Amaral. Na verdade, há um guerra de narrativas. Mendonça fora nomeado por Amaral presidente do Recife até 31 de março deste ano, porém, na eleição de 2022, cassou a indicação por conta de desentendimentos de Mendonça com Bivar que, na época, acusou o presidente nacional de haver retido recursos disponíveis para sua campanha. Mendonça, porém, teve a presidência de volta em decisão do desembargador Cândido Saraiva, do TJ.

Decisão pendente

Como Saraiva tomou uma decisão monocrática a favor de Mendonça, a direção estadual solicitou que ela fosse submetida à 2.a Câmara que teria, dia 17, decidido por 2 a 1 a favor de Amaral. Como essa decisão ainda estava pendente pois não foi publicada e dependeria, pelo resultado, de uma Câmara estendida com a presença de mais dois desembargadores, o TRE não a considerou quando atestou na sexta que Mendonça era o presidente legítimo do partido (certidão abaixo) estando, portanto, com plenos poderes para convocar a eleição que o escolheu em definitivo presidente do União Brasil Recife. Pelo visto a discussão ainda vai longe.

O que fez Bivar

O desentendimento entre Mendonça e Bivar não foi referente apenas à retenção de recursos do partido para a campanha mas também à própria cassação do direito do atual deputado federal de aparecer no guia eleitoral do União Brasil. Para poder aparecer na TV, Mendonça precisou da ajuda do então candidato a governador Miguel Coelho que lhe facultou uma aparição no guia majoritário. Em função dessas dificuldades o partido tem sido chamado nos bastidores de “Desunião Brasil” desde que o PSL de Bivar se juntou com o Democratas, de Mendonça.

Miguel comeu o pão que o diabo amassou

Na campanha de 2022 não foi só Mendonça o prejudicado por Bivar. Na época, o candidato a governador Miguel Coelho ficou literalmente “pendurado no pincel” até o início da campanha pois Bivar não o reconhecia como candidato e ainda “namorava” com o PSB do governador Paulo Câmara. No dia da Convenção, Miguel ainda foi surpreendido por Bivar que anunciou, de supetão, sua candidatura a deputado federal – era tido como candidato a presidente da República – criando um grande rebuliço na chapa proporcional, só desfeito dias depois. Ainda mandou três prefeitos seus votarem em Danilo Cabral (PSB).

Raquel chama o feito a ordem

A governadora Raquel Lyra deve chamar para si esta questão de atrasos no pagamento de salários de terceirizados da área de educação. O Governo já informou que as empresas contratadas pelo estado para prestação desses serviços estão com os pagamentos em dia, não se justificando a inadimplência com os trabalhadores. Como os problemas continuam pode vir uma providência mais dura por aí. A governadora não está gostando de ser responsabilizada pelos atrasos, quando diz estar repassando tudo que é devido às prestadoras.

Pergunta que não quer calar: o que está por trás do atraso nos salários dos trabalhadores terceirizados da área de educação do estado?

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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