Disputa na Assembleia é pano de fundo da luta por espaço entre o PP e o Podemos

 

Esta quarta-feira o clima na Assembleia era de congraçamento após a bancada do Solidariedade ter declarado apoio à reeleição do presidente Álvaro Porto e do 1º secretário Gustavo Gouveia. Imaginava-se que a eleição da mesa estava, finalmente, pacificada, depois que alguns deputados se pronunciaram como favoráveis à manutenção do deputado Álvaro Porto mas contrários ao 1º secretário. Gustavo chegou a confessar a alguns colegas que estava otimista pois nas suas contas já teria garantidos 40 votos – a Alepe tem 49 deputados.            

Ninguém acreditava mais em disputa depois que Gouveia foi apoiado pelas bancadas do PSB, PT e Solidariedade. Mas, no meio da tarde, o PP anunciou apoio ao deputado Francismar Pontes, do PSB, para 1º secretário. Uma nota assinada pelo deputado Kaio Maniçoba, líder da bancada, foi distribuída pelo partido nessa direção. Foi o suficiente para embaralhar o jogo: mesmo que parta em desvantagem numérica, depois que Gouveia fechou o apoio da maioria dos deputados, Francismar, ao contrário de Gouveia que é citado como tendo invadido espaço de colegas no interior nas eleições municipais, não tem arestas desse tipo e a eleição é secreta.

A posição do PP tem como pano de fundo uma disputa surda entre o maior líder do partido, o deputado federal Eduardo da Fonte, e a família Gouveia, que dirige o Podemos representada pelo prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, atual presidente da AMUPE e seu irmão, o deputado estadual Gustavo Gouveia. Além dos dois terem saído muito fortalecidos da eleição municipal, Marcelo já se declarou candidato a deputado federal e é citado como um nome a ser considerado para o Senado, dependendo de como vai se desenrolar o quadro para 2026. Dudu não nega dentro do seu partido que pode disputar o Senado. Os dois apoiam a governadora Raquel Lyra.

Os votos de cada um

Se a eleição fosse hoje, Gustavo Gouveia estava eleito mas, considerando a forma jeitosa de trabalhar do deputado Francismar Pontes, ele pode dar trabalho. Nos corredores da Alepe os deputados imaginam que Gustavo teria hoje 30 votos – cinco a mais do que o necessário para vencer a eleição que está prevista para o início de dezembro, Francismar partiria com 10 do PP e aliados. Pode conseguir um ou dois votos da bancada do PSB, que já declarou apoio a Gustavo Gouveia e tem chance de somar mais alguns – não se sabe quantos – num trabalho de formiguinha. Como o voto é secreto podem haver surpresas dos dois lados.

Dani será relatora de projeto sobre intervalo bíblico

 A deputada estadual Dani Portela, do PSOL, será a relatora na comissão de Direitos Humanos da Assembléia, do projeto do deputado Renato Antunes, do PL, que cria um “intervalo bíblico” nas escolas estaduais durante o qual estudantes podem realizar manifestações religiosas em espaço reservado, durante o recreio. Ontem na tribuna, Antunes apresentou uma publicação com 17 mil assinaturas de estudantes favoráveis a seu projeto – alguns presentes nas galerias. E fez um apelo aos colegas pela aprovação da matéria citando Dani.

Ouvirá a todos

Contrária a manifestações religiosas em escolas, partindo do princípio de que o estado é laico, Dani Portela, que falaria em seguida, disse que não vai se pautar por suas convicções pessoais: “vou ouvir a todos, professores, estudantes e Ministério Público que já está tratando da questão.” – prometeu. O projeto é oriundo de uma reclamação que chegou ao MP de professores preocupados com o uso de espaços de escolas do interior por alunos evangélicos para realização de cultos. Renato Antunes afirma que defende a liberdade religiosa, mas que, apesar de evangélico, acha que o espaço deve ser garantido a todas as denominações religiosas.

Quem vai sair vencedor da disputa pela 1ª secretaria da Alepe – Gustavo Gouveia ou Francismar Pontes?

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