Compaz ainda não conseguiu reduzir homicídios no Recife

Em 2016, o Recife inaugurou seu primeiro Compaz com a intenção de reduzir a criminalidade em geral, sobretudo os índices de homicídios. Passados oito anos, as unidades em operação chegaram a quatro e há mais quatro projetadas mas não foram suficientes para ajudar a livrar a capital do alto índice de violência que infelicita sua população. Em 2016, o mapa da violência elaborado pela Secretaria de Defesa Social, mostra que Recife teve 658 assassinatos. Em 2017 eles subiram para 790, em 2018 foram 606. Em 2022 chegaram a 540 homicídios. Mas, desde 2007, muito antes da existência do Compaz, que a capital vem reduzindo os crimes violentos intencionais. Houve alguns aumentos, como aconteceu em 2017, mas em 2013 eles caíram a 452, bem inferior ao quadro atual.

“Os Compaz são uma política social e não de segurança pública”- diz o cientista político José Maria Nóbrega, especialista em segurança. Para ele “só existe política de segurança com poder coercitivo, com engenharia institucional e congregando todos os poderes. Os Compaz obedecem a um modelo posto em prática em Medellin, na Colombia, mas lá, ao contrário daqui, isto aconteceu depois que o estado conseguiu controlar e dominar muitos grupos do crime organizado e tráfico de drogas. A Política Social é boa e importante mas não tem efeito sobre os crimes. Primeiro precisa deter a criminalidade”.

Não àtoa, os Compaz vêm sendo apresentados como “fábricas de cidadania” porque acolhem jovens em situação de vulnerabilidade. Até chegar a reduzir a violência vai ser necessário muito tempo e muito investimento, na opinião de Nóbrega. Nascidos por sugestão do ex-deputado federal Raul Henry, na época em que o prefeito era Geraldo Júlio (João Campos só assumiu a prefeitura em 2021), eles estão sob o comando do secretário municipal de política cidadã, Murilo Cavalcanti, e vêm sendo erguidos, em geral, nas áreas dos antigos Centros Sociais Urbanos. Embora não tenham efeito direto sobre a criminalidade, sobretudo em época de aumento do tráfico e dos grupos de extermínio, representam, segundo especialistas, uma forma do município dar sua contribuição para reduzir a vulnerabilidade da juventude. A longo prazo, caso a violência seja reduzida, como aconteceu na época em Medellin, serão de grande valia ao lado de um modelo coercitivo de combate ao crime.

Murilo diz “guerra contra drogas é perdida”

O secretário Murilo Cavalcanti diz que “a guerra contra as drogas é uma guerra perdida” e defende o modelo do Compaz, afirmando que Medellin reduziu em 40% a criminalidade em 2023 em relação a 2022. Ele explica que “a violência na Colombia continua alta mas no interior. Nas grandes cidades está contida pela política adotada’’ . E explica: “Bogotá hoje parece uma Europa. Medellin passou Cartagena como destino turístico, coisa inimaginável”. O secretário não reconhece, ao contrário do que diz Nóbrega, que a contenção da criminalidade na Colombia se deu pelo trabalho realizado de forma coercitiva contra os traficantes de drogas, inclusive com a participação dos Estados Unidos.

Bruxa solta lá e cá

A bruxa anda solta no estado de Santa Catarina, como afirma o ditado popular. Em um ano e três meses, 18 prefeitos foram presos por suposto esquema de corrupção com os contratos para coleta de lixo. Aqui em Pernambuco, no município de Santa Terezinha, no Pajeú, que tem 35 mil habitantes, dois vereadores foram presos na semana passada acusados de crimes de peculato, corrupção ativa e passiva e fraude a licitação. Dias antes outros três vereadores já tinham sido afastados pelo mesmo motivo.

PT vai pra cima

O PT não está disposto a perder a vaga de vice de João Campos e depois do carnaval vai agir nesse sentido. O objetivo é inflar o nome do médico e ex-vereador Mozart Sales, que tem o apoio do diretório municipal do Recife. Já se trabalha para convencer o deputado federal Carlos Veras a desistir da pretensão, assim como a vereadora Liana Cirne. A senadora Teresa Leitão faz as costuras nesse sentido, convencida de que o lugar de vice vai ajudar a legenda a pedir votos para o prefeito.

O PT vai aceitar o argumento de João Campos de que não pretende disputar 2026 e desistir da vice?

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