Como ministro, Sílvio Filho vai mexer na política estadual e tentar o Senado em 2026

 

O governador Eduardo Campos, a quem muitos ouviam antes de tomar decisões políticas, costumava dizer que com 513 integrantes, a Câmara dos Deputados era um ambiente muito difícil para jovens parlamentares ou marinheiros de primeira viagem, como são chamados os parlamentares mais velhos que tardiamente se encantam com um mandato em Brasília. “Tem gente que passa os quatro anos sem se encontrar”- dizia Eduardo, segundo um deputado estadual do PSB. Ele mesmo afirma que o ex-governador também classificava mais duas categorias: a dos parlamentares que só se dedicavam à liberação de emendas para satisfazer as bases e cavar um próximo mandato, e uma terceira que chamava de “trabalhadores de 24 horas”. Estes, na sua opinião, eram poucos e acabariam líderes de destaque, desenvolvendo uma destacada vida pública.

Este deputado socialista definiu esta semana, nos corredores da Assembléia, que o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos), prestes a assumir vaga no ministério do presidente Lula, faz parte dessa terceira categoria. ”Ele trabalha sem parar, o gabinete vive cheio de outros deputados e prefeitos, num vai-e-vem que não para, e ele atende a todos com a mesma presteza. Os assessores são iguais a ele. Desta forma, mesmo quando não pode atender quem o procura, todo mundo acaba satisfeito”. Não tem causado surpresa, na Alepe, onde cumpriu três mandatos, o protagonismo que o deputado exerce hoje em Brasília ao ponto de estar no noticiário há mais de um mês como cotado para o ministério.

Na verdade, Sílvio é um político precoce. Presidente do Diretório Estudantil da Universidade Católica de Pernambuco, onde se formou em pedagogia, ele entrou na vida pública em 2004, aos 21 anos, quando foi eleito vereador do Recife, o mais jovem integrante da Câmara Municipal em toda a sua história. Dois anos depois conquistava o primeiro mandato de deputado estadual, função que exerceu por 12 anos. Em 2007 foi vice-líder do Governo Eduardo Campos do qual foi secretário de turismo. Em 2018 elegeu-se deputado federal e foi reeleito no ano passado. Já passou por três partidos: PMN, onde começou, PTB e agora Republicanos.

Jogo de cintura

Filho do ex-deputado federal e atual suplente de senador, Sílvio Costa, conhecido pela personalidade forte e por posicionamentos polêmicos – foi da tropa de choque da ex-presidente Dilma – Silvinho, como é chamado nos bastidores, tem um temperamento oposto ao do pai. Faz contundentes pronunciamentos na tribuna, quando necessário, mas prefere o trabalho dos bastidores. Esse jogo de cintura lhe permitiu apoiar o presidente Lula em 2022 , quando seu partido, o Republicanos, estava com Bolsonaro. Embora tenha sido apresentado pelo seu partido e pelo Centrão para a equipe de Lula, desde o início foi colocado como “nome do presidente”. Se confirmado no cargo será o quinto pernambucano na equipe atual. Os outros são José Múcio, Luciana Santos, André de Paula e José Messias, da AGU, que tem status de ministro.

Projetos

Como deputado federal, Silvio Filho foi apontado por três vezes pelo DIAP e Arko Advice, como um dos mais influentes do Congresso. Entre os projetos importantes que relatou até agora estão o que que garantiu a autonomia do Banco Central e o da permissão de venda do Etanol diretamente aos postos de gasolina. É membro da Comissão de Justiça, a mais importante da Câmara, e muito próximo do presidente da casa, deputado Arthur Lira. “Até agora não se ouviu no Congresso uma só reação contrária à ida de Silvio para a equipe ministerial” resumiu ontem a este blog um deputado federal pernambucano. Ontem se dava como certa sua ida para o Ministério de Portos e Aeroportos mas a palavra final ainda não foi dada.

Repercussão em Pernambuco

Se confirmado ministro, Silvio entra no jogo da eleição de 2026. Vai passar a ter influência na política estadual na qualidade de cacique. Seu sonho é ser candidato ao Senado. Próximo do prefeito João Campos pode vir a compor a chapa de Campos, caso este venha a vencer a eleição de 2024 e ser candidato a governador em 2026. Pelo desejo do PSB o outro senador seria Humberto Costa, do PT, mas Humberto sonha mesmo com a cadeira de governador.

Pergunta que não quer calar: caso Silvio e Humberto sejam os candidatos ao senado na chapa do PSB, quem serão os companheiros de Raquel para o Senado?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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