Com três grupos e a influência cada vez maior do senador Fernando Duere MDB pensa em crescer

 

O MDB, que atingiu seu auge em Pernambuco sob o comando incontestável do senador Jarbas Vasconcelos (hoje licenciado), prepara-se para enfrentar as eleições de 2024 livre das amarras com o PSB, quando virou um apêndice dos governos de Eduardo Campos e Paulo Câmara, e disposto a eleger no mínimo 30 prefeitos – hoje tem 21 – e chegar em 2026 participando de uma das chapas majoritárias que estarão em disputa pelo governo do estado e por duas vagas de senador.

Enfrentando problemas de saúde, Jarbas está afastado das atividades diárias no partido mas é informado sobre tudo que se faz ou se pretende fazer. O afastamento paulatino de alguém cujo nome se confunde com a própria legenda provocou uma divisão interna. Hoje há três instâncias partidárias: o grupo liderado pelo atual presidente e ex-deputado federal Raul Henry; outro que se intitula como grupo de Jarbas e gira em torno do senador em exercício, Fernando Dueire e do deputado estadual Jarbas Filho; e um terceiro liderado pelo prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto, e de sua filha e única deputada federal do partido, Iza Arruda.

Embora reconheça os três grupos no partido, Paulo Roberto lembra ainda do ex-senador Fernando Bezerra que faz parte da executiva partidária, embora mais distante. Ele não acha ruim a existência de grupos “desde que todos se entendam por um projeto maior que é fazer o partido crescer cada vez mais. Eu, por exemplo, acho que o ex-senador Fernando Bezerra deveria se incorporar mais”. Ele considera que, com todas essas lideranças, o MDB pode vir a eleger até três deputados federais em 2026, uma bancada estadual correspondente e garantir uma vaga em uma das chapas majoritárias em disputa: “acho que Dueire tem se mostrado um quadro político importante e de grande jogo de cintura e pode vir a se candidatar ao senado, mantendo a cadeira que Jarbas conquistou em 2018, ou ser deputado federal, se assim entender”.

Entre João e Raquel

Como algumas legendas que hoje gravitam em torno do prefeito João Campos e da governadora Raquel Lyra, o MDB vive essa dicotomia: apóia João no Recife e Raquel no estado. O deputado estadual Jarbas Filho acaba de se incorporar à bancada de Raquel na Alepe após deixar a bancada do PSB pela qual foi eleito. Também participa do governo estadual o ex-deputado Raul Henry que indicou o atual presidente da Junta Comercial, Gabriel Cavalcanti. Na Prefeitura do Recife, o MDB ocupa a Secretaria de Segurança Cidadã com o titular da pasta, Murilo Cavalcanti. Também é do partido o vereador Samuel Salazar, líder do prefeito na Câmara Municipal.

Recuperar protagonismo

Tido, nos tempos em que Jarbas foi eleito prefeito da capital pela primeira vez, como um partido de um campo definido, o da esquerda, o MDB virou de centro-esquerda quando Jarbas formou a União por Pernambuco, afastando-se de Miguel Arraes e compondo-se com o antigo PFL de Marco Maciel e Roberto Magalhães. Já em 2006, quando não conseguiu eleger seu candidato a governador Mendonça Filho, cumprindo acordo com o PFL, e a eleição acabou vencida por Eduardo Campos, o mesmo Jarbas fez o caminho inverso. Em 2012 reatou com Eduardo apoiando Geraldo Júlio para prefeito do Recife e levando consigo o MDB.
A partir daí, apesar da importância de Jarbas, o partido foi de protagonista a apêndice, posição que pretende agora deixar para trás.

Os movimentos de Raquel

Agora que, aparentemente, começou a fazer andar a máquina pública, a governadora Raquel Lyra se volta mais para a política. Ternurada pelo presidente Lula, que a tem ajudado no andamento de projetos do interesse de Pernambuco, ela dá os primeiros passos para uma provável aliança com o PT ainda este ano ou no máximo em 2024. Outros partidos e grupos estão no radar da governadora. É pagar pra ver.

Pergunta que não quer calar: qual será o próximo petista pernambucano a ser recebido por Raquel?

E-mail terezinhanunescosta@gmail.com

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