Com popularidade alta e uma Câmara dócil, João Campos vai dar trabalho em 2024

 

Este final de semana, ao ser ouvido sobre o prefeito João Campos e as perspectivas para sua reeleição no próximo ano, o líder do prefeito na Câmara, vereador Samuel Salazar, não quis cair na armadilha dos áulicos do poder, que mais bajulam do que falam a verdade. Disse que hoje a administração vai bem “mas ainda está longe da eleição e muita coisa pode acontecer”. A este blog ele detalhou seu pensamento: “político que diz não ter medo de enfrentar as urnas está mentindo. Ainda mais numa cidade como o Recife. Por melhor que se esteja hoje tem que cuidar do dia de amanhã. Vivemos um dia de cada vez. Temos mais é que continuar trabalhando”.

O prefeito que, segundo o Instituto Paraná Pesquisas, tem 66% de aprovação na capital, está vivendo neste momento em céu de brigadeiro. Com o apoio de 31 dos 39 vereadores não enfrenta problemas nos debates sobre projetos enviados à Câmara apesar de entre os nove vereadores de oposição estarem incluídos gente mais à esquerda como dois membros do PSOL ( Ivan Moraes e o coletivo Pretas Juntas) e à direita como o líder Alcides Cardoso (líder oposicionista), Michelle Collins, Tadeu Calheiros, Fred Ferreira, Felipe Alecrin e Victor André Gomes. A prova foi a aprovação do projeto de pagamento do piso para os professores municipais. Enquanto a governadora teve seu projeto rejeitado por duas comissões da Alepe, João Campos, mesmo usando mão de um abono para complementar o piso não teve qualquer dificuldade na votação.

– “ Converso com todo mundo e posso dizer que a base tem sido fiel” – diz Samuel que recentemente, durante uma discussão em plenário com Alcides Cardoso, acabou criticando a governadora Raquel Lyra. Segundo ele, “isso não é frequente mas como Alcides critica o prefeito e eu sei das ligações dele sobretudo com Priscila (a vice governadora) aproveitei para citar Raquel mas em geral nossa discussão gira em torno do Recife mesmo”. Além da docilidade dos vereadores, o prefeito não tem ainda identificado um pré-candidato a prefeito em 2024, o que tem facilitado seu caminho. Por enquanto, especula-se em torno de Daniel Coelho, a própria Priscila, Túlio Gadelha e Gilson Machado mas nenhum colocou ainda o bloco na rua.

PT é a única pedra no sapato

A pedra no sapato, por incrível que pareça, tem sido o PT. Comandado por dois senadores – Humberto Costa e Teresa Leitão – e com a ajuda do deputado federal Carlos Veras, o Partido dos Trabalhadores, apesar de ocupar duas secretarias municipais, quer iniciar em 2024 seu caminho para 2026 e admite se afastar do prefeito se a aliança proposta não for considerada adequada. Na verdade, um alto dirigente petista no estado informou a este blog que “as duas secretarias só foram aceitas após muita negociação e apelo do PT nacional e ficando claro que sua ocupação não significa compromisso antecipado com 2024.”

PPP para creches

Ontem o prefeito deu uma cutucada na esquerda ao enviar para a Câmara Municipal projeto de lei que visa criar 9 mil vagas de creche na capital mediante criação de uma PPP, iniciativa que a esquerda costuma rechaçar. No projeto ele deixa claro que toda a parte pedagógica das creches ficará sob a responsabilidade do poder público, com a iniciativa privada cuidando da edificação, manutenção e serviços não educacionais das novas unidades. Mesmo assim a matéria pode gerar polêmica, embora a base governista na Câmara garanta tranquilidade na aprovação. O projeto de João é semelhante ao Nova Semente que o ex-prefeito Julio Lóssio implantou em Petrolina, só que a parceria era com as comunidades, por isso se chamou o instrumento de PPPS – Parceria Público Privada Social.

Teresa contra a PL

Apesar de 80% da bancada do PT na Câmara Federal ter votado a favor da PL que torna crime as críticas a políticos, a senadora Teresa Leitão declarou em entrevista à Radio Jornal esta segunda-feira que o projeto, que ainda vai ser submetido ao Senado, é “polêmico e desnecessário”. Ela defende que a tramitação no Senado ocorra semn urgência, como aconteceu na Câmara, dando oportunidade de discussão ampla. “Propostas sobre a forma de legislar conduta, postura e ética de políticos precisam de uma atenção muito grande. Para mim o que tem que ser urgente são as matérias que interessam à sociedade, o que não é o caso”.

Pergunta que não quer calar: até quando vai essa queda de braço entre Governo e Oposição à respeito do piso dos professores?

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