Com generais em postos chave na era Bolsonaro, forças armadas caem para 5.o lugar na avaliação dos brasileiros

 

Desde 2009, quando o Instituto IPEC (Inteligência, Pesquisas e Consultoria) começou a medir o índice de confiança dos brasileiros nas suas instituições, as Forças Armadas ficavam em 2.o ou 3.o lugar no ranking que mede a percepção das pessoas sobre 20 instituições que lidam diretamente com os cidadãos, estando, permanentemente, sob vigilância social. Este ano, porém, o ranking divulgado esta semana, e que teve como base pesquisa presencial feita no início deste mês, mostra que as Forças Armadas ficaram em 5.o lugar na avaliação. O nível mais baixo que atingiram durante os 14 anos de análise. Em 1.o lugar ficaram os Bombeiros, que nunca perderam esse posto e somaram 87 pontos de um total de 100; em segundo, a Polícia Federal (70); em terceiro, as Igrejas (70); em quarto, as Escolas Públicas(67) e em quinto as Forças Armadas com 66 pontos.

A queda dos militares no ranking não ficou só aí, numa mostra de que o governo Bolsonaro prejudicou a imagem da tropa. Em sentido inverso ao que vinha ocorrendo, melhorou a avaliação dos políticos, incluindo Congresso Nacional e Presidência da República. E, numa demonstração de que a população mudou a forma como via os militares é que em 2017 as Forças Armadas estavam 54 pontos na frente do Congresso e dos políticos e agora essa distância se reduziu para 16 pontos. Analistas políticos viram o resultado como prova de fortalecimento da democracia que esteve ameaçada entre 2022 e 2023.

“Instituições políticas, como Congresso e Partidos Políticos, estão com recorde de confiança na série histórica. Já as Forças Armadas, embora tenham uma confiança maior do que eles, estão caindo na avaliação dos brasileiros” – afirmou o comentarista do UOL, jornalista José Roberto Toledo. Para ele a pesquisa mostra “uma revanche da política que sempre foi considerada um patinho feio e continua sendo mas se recuperou. E se aproxima de instituições que põem em risco a política como as Forças Armadas”.

Militares se explicam

Nenhum militar fez declarações sobre a pesquisa mas a revista Sociedade Militar, que tem link com os organismos militares, disse em seu site que a queda de percentual dos militares foi pequena e concluiu “as Forças Armadas continuam sendo uma instituição de destaque, indicando o papel importante que desempenham na sociedade brasileira. Elas continuarão a ser este pilar de confiança para muitos brasileiros, independente das mudanças no clima político”.

Política precisa melhorar

Embora tenham melhorado na avaliação dos brasileiros, conseguido o maior número de pontos em toda série histórica da pesquisa IPEC, o Congresso e os partidos políticos precisam melhorar mais. Com 40 pontos, o Congresso subiu 6 pontos em relação a 2022 e os partidos com 34 pontos subiram 4 pontos pois tinham 30 no ano passado. Apesar disso, os Partidos Políticos estão em último lugar entre as 20 instituições avaliadas e o Congresso em 19.o lugar.

Como está Lula

O presidente Lula, com 50 pontos, ficou em 17.o lugar. Dois pontos acima do que tinha Bolsonaro em 2022. O cientista político Humberto Dantas ( Fesp/SP/) disse ao jornal O Estado de São Paulo que entre 2009 e 2012 o mesmo levantamento mostrou Lula, em segundo mandato, com 60 pontos e que Dilma, no primeiro mandato, também chegou aos 60 pontos, caindo muito no segundo. Ponderou que o presidente precisa melhorar muito para atingir o patamar anterior. E sobre os pontos do Congresso e dos Partidos Políticos concluiu: “quem sabe nesse instante podemos falar de um otimismo um pouco maior dos brasileiros”.

O peso de cada um no ranking

Uma avaliação melhor da pesquisa, juntando todos os seus atores só pode ser feita mostrando o ranking completo que poucos órgãos de imprensa divulgaram. Este blog expõe a seguir para seus leitores. Bombeiros, em primeiro lugar, registraram 87 pontos. A seguir vieram PF (70), Igrejas (70), Escolas Públicas (67), Forças Armadas (66), Polícia(64), Empresas (62), Bancos (61), Organizações da Sociedade Civil (59), MP(58), SUS (56), Imprensa (56), Prefeitos(54), Justiça (53), Sistema Eleitoral (53), Governo federal (52), Presidente (50), Sindicatos (48), Congresso (40) e Partidos Políticos (34).

Prefeitos bem

O ranking não analisa os governadores, o que é uma falha, mas inclui os prefeitos e eles estão bem na fita. Fizeram 54 pontos ficando em 13.o lugar. Isso significa que na eleição do próximo ano podem ter facilidade de se reeleger, os que estão em primeiro mandato, ou de conseguir eleger alguém indicado por eles.

Silvério e o FIG

– “Não conheço uma pessoa que costume ir ao Festival de Inverno de Garanhuns que esteja gostando das atrações contratadas”- disse a este blog ontem um deputado estadual ao comentar a saída de Silvério Pessoa da Secretaria de Cultura na semana da festa. Para ele só isso deve ter dado dores de cabeça no secretário. E argumentou: “a gente sabe que o ideal é colocar pessoas mais ligadas à cultura do estado mas infelizmente não é isso que o povo quer e o festival não é feito pra nós para as pessoas que vão prá lá se divertir”.

Pergunta que não quer calar: falta de poder de mando, interferências da Fundarpe ou baixo salário? O que teria influído mais na saída de Silvério do Governo Raquel?

E-mail terezinhanunescosta@gmail.com

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