Com exemplos de Alckmin e Marta, Lula tira força do PT para criticar João Campos

 

Com o objetivo de derrotar no segundo turno de 2020 sua prima Marília Arraes, então filiada ao PT, o prefeito João Campos (PSB) fez duras críticas aos petistas na TV, lembrando crimes de corrupção. Em seu programa eleitoral chegou a lembrar que seria ” impossível contar nos dedos a quantidade de pessoas do partido presas por desvios”. Com Lula recém saído da prisão, o socialista também usou a TV para dizer que o PT nacional queria mandar no Recife, concluindo: “sabe quem faz parte do PT nacional? José Dirceu, Gleisi Hoffmann e Mercadante. Pense antes de votar. Eles querem voltar”. Em um debate com Marília ele soltou uma pérola logo depois que ela falou em corrupção, citando a Prefeitura comandada pelos socialistas, : “é de causar estranheza uma candidata do PT falar em corrupção” – rebateu.

Essas críticas ficaram entaladas na garganta dos petistas que vaiaram Paulo Câmara e seu candidato Danilo Cabral na campanha de 2022, não respeitando nem mesmo a presença de Lula em um evento em prol de Danilo. Este ano, a possibilidade do PT apoiar João teve resistências no partido amainadas depois que dois líderes partidários da capital foram incorporados à gestão do socialista. Mas o suspense continua com parte do partido ameaçando não subir no palanque de João se ele não ceder a vice ao PT, com o que ficaria amarrado para disputar o pleito estadual de 2026, disputando o Governo com Raquel Lyra, que deve ser candidata à reeleição. A decisão de Lula, no entanto, de, além de ter se aliado a Geraldo Alckmin para vencer a eleição de 2022, agora trazer de volta ao partido Marta Suplicy, tira do PT estadual a moral para continuar criticando o prefeito pelas acusações de corrupção de 2020.

Marta que chegou a ser prefeita de São Paulo pelo PT, seu primeiro partido, disse em 2015, ao deixar a legenda, que a sigla havia protagonizado “um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira experimentou”. Na carta de desfiliação escreveu que o PT era “reincidente em casos de desvios éticos” já que antes do Petrolão se envolvera com o Mensalão. Em 2016 defendeu o impeachment de Dilma e até a semana passada era secretária do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição e que disputa o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com dificuldade de conseguir que o deputado Guilherme Boulos, do PSOL, seu candidato a prefeito paulistano, penetre no eleitorado da periferia, o presidente encontrou-se com Marta e conseguiu convencê-la a ser a vice, voltando aos quadros petistas. Líderes históricos do PT estão criticando o presidente mas devem ficar por aí.

Pichações magoaram

As críticas feitas por João Campos ao PT em 2020, além da necessidade de derrotar Marília, demonstraram também a existência de um ranço dos socialistas com os petistas iniciado quando o governador Eduardo Campos decidiu se candidatar a presidente em 2014, com um discurso oposicionista – na época a presidente era Dilma Rouseff – e faleceu após a queda do avião que o transportava para um agenda em Santos. Nos dias seguintes, em meio à comoção pernambucana com a morte de Eduardo, as ruas do Recife foram pichadas com a frase : “o PT matou Eduardo”. Ninguém assumiu a autoria mas nos bastidores os petistas atribuíram, o que chamaram de “calúnia”, ao PSB.

As arengas citadas por João

Na campanha de 2020, o atual prefeito também disse em um debate “o Recife sabe o que as arengas do PT causaram à cidade”. Se referia aos desentendimentos entre os ex-prefeitos João Paulo e João da Costa. Com a declaração ele também respondia a outra crítica dos petistas a Eduardo quando, o então governador, aproveitando uma desarrumação no ninho petista na capital, patrocinou a candidatura de Geraldo Júlio , um ilustre desconhecido e o PSB venceu a eleição deixando para trás o candidato do PT, o atual senador Humberto Costa.

Lula em Pernambuco

O presidente Lula estará novamente em Pernambuco esta semana. Nos dias 18 e 19 cumprirá agenda voltada para sua nova estratégia de anunciar obras do NOVO PAC. Vai visitar a Refinaria da Petrobrás em Suape, cujas obras de expansão vão ser iniciadas ainda este ano, uma promessa de campanha do presidente e participar de um evento no Comando Militar do Nordeste no Recife onde deve lançar a pedra fundamental da Escola de Sargentos do Exército que vai ser construída na Região Metropolitana Norte, beneficiando diversos municípios.

Ipojuca é assunto do momento

Um dos municípios mais beneficiados com investimentos federais nos últimos tempos, tendo hoje um Orçamento só inferior aos de Recife e Jaboatão, Ipojuca inicia o ano eleitoral com o clima político nas alturas. Na semana passada o PP fez uma grande convenção, com a presença dos seus principais lideres estaduais, para lançar a candidatura a prefeita da vereadora Adilma Barbosa e, neste domingo, o presidente estadual do PSB, deputado Sileno Guedes, pôs água na fervura do seu partido afirmando que as decisões sobre a disputa municipal de Ipojuca passarão pela deputada estadual da legenda, Simone Santana. Um dia antes o deputado federal socialista Felipe Carreras havia anunciado apoio à vice-prefeita Helena Alves, que também quer disputar o cargo agora que rompeu com a prefeita Célia Sales. Carreras teria oferecido a ela a legenda do PSB.

O que dirá Felipe Carreras depois de receber uma reprimenda pública de Sileno Guedes?

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