Com estilos e tempos políticos diversos, Raquel e prefeito de Caruaru estressam sucessão de 2024

 

A governadora Raquel Lyra e o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro são da mesma geração. Ela tem 45 anos e ele 42 mas, politicamente, a idade e o partido – ambos estão no PSDB – são as únicas coisas que os aproximam neste momento em que, a despeito da governadora dizer que só discute sucessão municipal no ano que vem, o prefeito anda de vento em popa em busca de apoio. E, a não ser que ocorra algum acidente de percurso, deve confirmar nos próximos dias o presidente do PSB municipal, Marcelo Gomes, como seu secretário ou assessor especial. Mas há uma pedra no meio desse caminho: o PSB é o principal partido de oposição à governadora, tanto na Assembléia quanto nas terras caruaruenses.

Este blog confirmou ontem, com diversas fontes, que o convite a Marcelo já foi feito e ele aceitou, após ouvir as principais lideranças socialistas no estado que o liberaram para assumir o posto para o qual será designado. Nos dois casos, porém, ficou claro, nas conversas estaduais e municipais, que Marcelo irá para a equipe do prefeito por decisão pessoal e o PSB vai deixar em aberto o caminho a ser tomado no município em 2024. Ou seja, pode apoiar Rodrigo ou tomar outro rumo.

É claro, no entorno da governadora, o desconforto com a atitude tomada por Rodrigo que lidera as pesquisas e, portanto, terá dificuldade de convencer sobre a necessidade da aliança com os socialistas, cada vez mais distantes de Raquel. Antes de ingressar no PSDB para ser vice da governadora, Rodrigo era do PSB, portanto, conhece bem o ninho onde se aninhou no começo de sua vida pública. A própria governadora disse na semana passada no programa Roda Viva, ao ser indagada sobre a possibilidade de um racha, que tem todo interesse em ajudar Caruaru e seu prefeito mas fez uma ressalva com cara fechada “e ele sabe disso”. Esta semana no Palácio das Princesas, onde compareceu para receber ônibus escolares, o prefeito deu uma resposta, no mesmo tom enigmático, quando ouvido pela imprensa: “ela sabe o que eu sei e eu sei o que ela sabe”.

Tempos diferentes

Pessoas que conhecem bem a política caruaruense dizem que, dificilmente, Raquel vai subir no mesmo palanque do PSB em Caruaru. E ponderam que há um entrave nos entendimentos do prefeito com a governadora. Apesar de terem quase a mesma idade, Raquel é excessivamente comedida, adia o quanto pode as decisões políticas, enquanto Rodrigo não dá tempo ao tempo o que em política se define como “trocar os pés pelas mãos”. Um deputado estadual que anda muito por Caruaru diz que o prefeito “esquece que política é uma maratona, não uma corrida de 100 metros. É preciso não queimar etapas e isso a governadora sabe fazer muito bem”.

Caruaru acompanha de camarote

Em Caruaru, onde a política é assunto diário e três grupos disputam o poder há anos, a discussão sobre o relacionamento de Rodrigo com Raquel já ganhou as ruas. Muitos não entendem como ele, tendo sido vice dela por duas vezes, toma decisões sem antes ouví-la. Já na campanha eleitoral de 2022 houve rusgas públicas entre os dois quando o prefeito abriu seu camarote no São João de Caruaru para adversários de Raquel, que disputava o pleito estadual. Na época, sua explicação foi clara: “é minha obrigação defender o legado dela mas estar conectado, fazendo meu próprio caminho”.

O caminho é sem volta?

Ninguém, porém, se arrisca a afirmar que o desentendimento político dos dois vá provocar um rompimento. Mesmo assim, na Câmara de Caruaru, já se especula nos bastidores sobre qual o nome que a governadora pode apoiar, caso não haja um acordo. Esta semana um nome citado foi o de Tonynho Rodrigues, filho do ex-prefeito e ex-deputado Tony Gel e da ex-deputada estadual Miriam Lacerda. Toninho foi candidato a deputado federal pelo MDB em 2022 mas ficou na suplência.

Lira mais forte que Lula?

O presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira, mostrou sua força esta semana fazendo a casa andar com o projeto de Reforma Tributária e deixando em segundo plano as duas prioridades do Governo Lula: o Carf e o Arcabouço Fiscal. Só há uma certeza em Brasília, a de que a Reforma Tributária virá antes dos outros dois projetos. A mobilização de governadores e prefeitos foi uma prova de que todos desejam essa reforma e Lira pretende comemorar sua capacidade de articulação o quanto antes.

Pergunta que não quer calar: O presidente Lula vai comemorar, ao lado de Arthur Lira, a aprovação da Reforma Tributária?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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